Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 7 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:46:40 PM
Em 16 de julho último, na reunião de abertura do XXIII Encontro do Foro de São Paulo [foto acima] (organização fundada por Fidel Castro e Lula para coordenar ações de partidos esquerdistas da América Latina), realizado em Managua, capital da Nicarágua, a senadora Gleisi Hoffmann [foto abaixo], presidente do PT, entre outras abominações, algumas das quais seguem abaixo, apoiou enfaticamente a farsa da Constituinte venezuelana: “O PT manifesta seu apoio e solidariedade ao governo do PSUV, seus aliados e ao presidente Nicolás Maduro. Temos a expectativa de que a Assembleia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana”.
Ela prosseguiu na mesma direção: “Aproveitamos para manifestar nosso irrestrito apoio e solidariedade aos companheiros do Partido Comunista Cubano. Este ano comemoramos o centenário da Revolução Russa de 1917 e também o cinquentenário da queda em combate do guerrilheiro heroico o comandante Ernesto Che Guevara”. O PT manifesta novamente, com autenticidade reveladora, seus pendores tirânicos para a imposição do programa socialista, orgulhoso de se colocar na esteira do comunismo russo e do comunismo cubano.
Em 30 de julho, o Conselho Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou que 41,53% dos eleitores elegeram a nova Assembleia Nacional Constituinte. Teriam comparecido 8.089.320 eleitores, 41,53% do total. A oposição afirma que houve fraude escandalosa. O comparecimento terá sido de 12,4% do eleitorado. Leopoldo López e Antonio Ledezma, líderes da oposição, voltaram a ser presos, provocando grandes reações internas e internacionais. O governo venezuelano, indiferente com a medida, deixava claro sua intenção de radicalizar no caminho encetado.
A Conferência Episcopal Venezuelana, em sua conta do Twitter, imediatamente postou pungente súplica a Nossa Senhora de Coromoto, Padroeira da Venezuela: “Virgem Santíssima, Nossa Senhora de Coromoto, padroeira celestial da Venezuela, livrai a nossa pátria das garras do comunismo e do socialismo”. Poucos dias antes, Dom Jorge Uroza, cardeal-arcebispo de Caracas, advertiu que “o país está em ruínas e as pessoas estão morrendo de fome”. Alertou ainda o Purpurado: “Falta comida, remédios, temos a inflação mais alta do mundo, o povo rechaça o governo”.
No Exterior, a Rússia tomou clara posição a favor de Nicolás Maduro: “Esperamos que aqueles membros da comunidade internacional que querem rejeitar os resultados das eleições venezuelanas e aumentar a pressão econômica sobre Caracas mostrem contenção e renunciem a estes planos destrutivos”, advertiu comunicado do Ministério do Exterior da Rússia. Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua, na mesma direção de respaldo vergonhoso.
No Brasil, PT, PC do B, PSOL e PCB aprovam a tirania bolivariana. José Dirceu foi cinicamente claro: “O massivo comparecimento à eleição da Assembleia Nacional Constituinte, convocada pelo presidente Nicolás Maduro, abre um caminho institucional e democrático para resolver a crise venezuelana”. Ainda no Brasil, o PDT e a Rede evitam se posicionar, por razões facilmente conjeturáveis; deixar público o que sente o coração pode escandalizar e tirar votos. Por seu lado, até agora, a CNBB, histórica companheira de viagem do PT, também não se posicionou. Entristece a no mínimo lerdeza da CNBB em seguir o bom exemplo de sua irmã, a Conferência Episcopal Venezuelana. Tomara não caminhe, como é seu deprimente hábito, nos passos do PT, acolitando uma ditadura assassina que esfomeia o povo, segundo palavras do cardeal-arcebispo de Caracas.
O governo brasileiro age bem, não reconhecendo a legitimidade da Constituinte. Diz nota do Itamaraty de 1º de agosto: “O governo brasileiro repudia a recondução ao regime fechado de Leopoldo López e Antonio Ledezma, ocorrida um dia após a votação para a escolha de uma assembleia constituinte em franca violação da ordem constitucional venezuelana. O Brasil solidariza-se com o sofrimento dos familiares de Antonio Ledezma e Leopoldo López, em particular suas mulheres, Mitzi Capriles e Lilian Tintori. A prisão de dois dos mais importantes opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro é mais uma demonstração da falta de respeito às liberdades individuais e ao devido processo legal, pilares essenciais do regime democrático. O Brasil insta o governo venezuelano a libertar imediatamente López e Ledezma”.
O Brasil agirá em sintonia com vários países da América Latina na condenação às atitudes tirânicas do governo venezuelano. Ótimo. Na mesma direção agirá a Comunidade Europeia. De maior importância, os Estados Unidos têm linguagem e ação mais contundentes. O presidente Donald Trump declarou poucos dias antes da votação para a Constituinte: “Ontem, o povo venezuelano mais uma vez deixou claro que apoia a democracia, a liberdade e a lei. Ainda assim suas ações fortes e corajosas continuam sendo ignoradas por um líder ruim que sonha em se tornar um ditador. Os Estados Unidos não ficarão parados enquanto a Venezuela desmorona. Se o regime de Maduro impuser sua Assembleia Constituinte em 30 de julho, os EUA irão tomar ações econômicas fortes e rápidas”. Já foram decretadas sanções duras. Outras virão. Condenações e sanções de países de regime democrático e organizações internacionais de relevo estão prometidas e certamente acontecerão, com efeitos benéficos.
Visto isso, o que faz aqui o título do artigo? Tudo, embora à primeira vista possa parecer o contrário. As medidas tomadas por ora pelos grandes do mundo em defesa do pequenino — aos olhos dos potentados —, esfomeado e tiranizado povo venezuelano são insuficientes. Gritantemente insuficientes.
Diante da turba enfurecida, Pilatos reconheceu a inocência de Nosso Senhor — aliás, solar. É juízo de um espírito que via com retidão e justeza. Representava ali o maior poder da Terra, falava em nome da justiça, mas nada fez de eficaz para defender o Justo, a seus olhos um pobre e desvalido galileu. Omitiu-se, passou à História como exemplo repugnante do oportunista covarde. Ninguém levou a sério o “a vós pertence toda a responsabilidade”. Pertencia a ele. “Pilatos, vendo que nada aproveitava, mas que cada vez era maior o tumulto, tomando água, lavou as mãos diante do povo, dizendo: Eu sou inocente do sangue deste justo; a vós pertence toda a responsabilidade” (Mt, 27, 24-25).
Se os grandes da Terra lavarem as mãos na bacia de Pilatos — o homem que reconheceu a inocência de Cristo —, o injustiçado povo venezuelano, objeto como Cristo da compaixão inerte de tantos, subirá o Calvário e, à vista de todos, será crucificado no Gólgota pelos modernos carrascos da legítima esperança popular. Minha súplica aqui é a de que cada um dos grandes que agora falam, possa também proclamar com verdade: “Não lavo as mãos na bacia de Pilatos”. Para isso, repito reverente a oração postada no site da Conferência Episcopal Venezuelana: “Virgem Santíssima, Nossa Senhora de Coromoto, padroeira celestial da Venezuela, livrai a nossa pátria das garras do comunismo e do socialismo”.
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