Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 12 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:29:24 PM
Índios autênticos e falsos, internet, mega-organização, ONU e Rio+20 são ingredientes jogados num caldeirão para produzir a desestabilização do que ainda resta de civilização cristã no Brasil
Primeira etapa. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), ligado à CNBB, em colaboração com a política indigenista do governo petista representada pela FUNAI, procuram convencer-nos de que os índios deveriam viver isolados da civilização, confinados em “reservas” destinadas a preservar suas “tradições”. É o conluio da neomissiologia com o indigenismo neopagão.
Segunda etapa. “Descobriram” que os índios precisavam de terras, muitas terras, e que cabia ao governo demarcar áreas indígenas, expulsando para isso legítimos proprietários, empregados, agregados e o que mais fosse.
Agora começa a esboçar-se a terceira etapa do plano: juntar os índios (autênticos ou fabricados, pouco importa) em organizações de caráter nacional ou internacional, para reivindicarem seus “direitos”. Esqueçam o arco, a flecha e o cocar. Isso é só para a fotografia. O instrumento atual é a internet.
Não é preciso ser muito atilado para perceber que a etapa seguinte será lançá-los contra o que resta de civilização cristã no Brasil e na América Latina.
Não, leitor, não estamos sonhando. Oxalá fosse!
O plano já foi previsto em 1976 na profética obra Tribalismo Indígena – Ideal Comuno-Missionário para o Brasil do Século XXI, de Plinio Corrêa de Oliveira. As diversas etapas estão em curso.
Vejamos alguns lances esclarecedores dessa ofensiva.
Depois de uma sequência bem orquestrada de invasões de propriedades por indivíduos que se diziam índios, o Supremo Tribunal Federal, atendendo um pedido antigo da FUNAI, anulou 186 títulos de propriedade no sul da Bahia, alegando tratar-se de reserva indígena.
“Nunca houve índio aqui, mas agora dizem que tem, e eu e meus nove irmãos perdemos tudo porque o título de terra na Bahia não vale nada”, disse Paulo Leite, um dos líderes ruralistas do município de Pau Brasil. “É um absurdo e uma injustiça muito grande. Foram terras que foram compradas, ninguém é grileiro aqui”, reclamou o fazendeiro Lissandro Resende.(1)
Alguns fazendeiros estão nas terras há mais de 40 anos, com títulos emitidos pelo governo do estado.
Ante o êxito obtido na Bahia o movimento se estendeu para o Mato Grosso do Sul, onde fazendas passaram a ser invadidas na região do Pantanal.(2)
Em artigo intitulado Contra as decisões subjetivas da FUNAI, o deputado federal Rubens Moreira Mendes Filho (PSD-RO) afirma: “Sem ouvir outros interessados e entes da Federação, a Funai sempre define terras a serem demarcadas sem diálogo, sem controle e sem limitações, baseada apenas em elementos cada vez mais subjetivos e sem o aval do Congresso Nacional. O caso de terras indígenas é exemplo dos desmandos que se tornaram frequentes nessas demarcações”.
Em outro trecho, referindo-se à ecologista Marina Silva, diz que os argumentos dela “interessam a quem quer tornar ideológico o debate e vencer longe das regras democráticas”.(3)
Desafiando as fronteiras nacionais, indígenas de países latino-americanos estão se articulando de forma inédita na oposição a obras que afetam “seus” territórios, e adotam políticas transnacionais de integração. Com o auxílio de tecnologias modernas e conexões históricas, diferentes grupos de índios têm procurado unificar posições em organizações internacionais como a ONU e a OEA (Organização dos Estados Americanos). “Estamos mapeando todas as conquistas dos nossos parentes (povos indígenas) no continente para aproveitarmos as experiências deles aqui no Brasil”, afirma Marcos Apurinã, coordenador-geral da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).
Essa articulação tem sido liderada pelas grandes organizações indígenas nacionais e por movimentos regionais, que agregam grupos do Equador, Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Além de dialogar em reuniões internacionais sobre desafios comuns, indígenas latino-americanos têm usado a internet para alinhar posições.
Tashka Yawanawá, líder da Associação Sociocultural Yawanawá, que atua no Acre, mantém um blog e usa a internet para fazer videoconferências com povos de países vizinhos. Nos últimos dias, ele diz ter conversado pelo skype com índios peruanos.(4)
Índios agora usam diplomacia como nova arma em luta por direitos. Para ampliar o arsenal dos índios em suas disputas com governos e empresas, a maior organização indígena da bacia amazônica tem estimulado movimentos afiliados a recorrer a organismos internacionais. A estratégia motivou a criação de uma Oficina de Formação em Diplomacia Indígena.
Segundo o coordenador técnico da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônia (Coica), Rodrigo de la Cruz, “com uma diplomacia unificada os indígenas ganham força e seus pleitos têm maior ressonância em organizações internacionais simpáticas a suas causas, como a ONU e a OIT (Organização Internacional do Trabalho)”.
Outro mecanismo apresentado aos líderes indígenas foi sua possibilidade de acionar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), quando julgarem que os Estados nacionais não resguardaram seus direitos em algum caso.(5)
Na chamada “Cúpula dos Povos”, evento paralelo à Rio+20, que se reuniu no aterro do Flamengo, a presença de índios teve muito propaganda.
Já em previsão dessa presença, Marcos Apurinã, coordenador-geral da Coiab informava: “Estamos nos articulando para que o mundo nos ouça, através de estratégias de comunicação e da internet. Não estaremos tanto na agenda oficial [da conferência], mas estaremos em salas, em palestras, divulgando a nossa causa”.(6)
Durante o evento, “Bemok Txucarromae, da etnia caiapó operava uma câmera Sony profissional, com lente, e cartão de memória. E ele era apenas um dos vários ‘índios hi-tech’ que invadiram o aterro do Flamengo. ‘Trabalho com edição de vídeo há dois anos, e hoje estou aqui para fazer imagens para o Instituto Raoni’, explicou Bemok.
“Uma legião indígena empunhou câmeras e celulares para registrar o ponto alto do evento: a chegada do cacique Raoni. Um dos que estavam registrando ansiosamente o ídolo era Kawuã Pataxó: ‘A gente tem celular, tem câmera, computador, a gente sabe mexer em tudo isso. É importante registrar, até porque sou coordenador de uma escola indígena e vou passar isso tudo para os alunos depois’”.(7)
O espetáculo da presença indígena faz as delícias da mídia: “A maciça presença de índios na Rio+20 e as manifestações ocorridas no Centro da cidade ganharam destaque nos sites dos mais importantes jornais internacionais. O ‘Le Monde’, por exemplo, publicou fotos de índios no metrô, e com seus arcos e flechas no meio do trânsito, protestando contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. A página do ‘The Guardian’ também destacou o protesto indígena e mencionou a Marcha das Mulheres”.(8)
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Tudo isso constitui o polo oposto da magnífica obra evangelizadora do Beato Anchieta e de muitos outros missionários autenticamente católicos, que se dedicaram aos índios com tanto esforço e tanto amor, dos quais somos admiradores. Propugnamos o retorno à missiologia católica tradicional, esteio fundamental de nossa gesta civilizadora, que plasmou a nacionalidade brasileira. Só ela é verdadeiramente favorecedora dos índios.
A nova missiologia quer usar os indígenas como massa de manobra para a luta de classes ou, melhor dizendo, para a luta de raças, golpeando a propriedade e a civilização cristã.
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Notas:
1. Agência de Notícias da Policia Federal, 3-5-12.
2. “O Estado de S. Paulo”, 7-5-12.
3. “Folha de S. Paulo”, 26-4-12.
4. “Agência Estado”, 23-4-12
5. Idem, ibidem.
6. “O Estado de S. Paulo”, 25-4-12.
7. “Portal Terra”, 15-6-2012
8. “O Globo”, 19-6-2012
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