Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 6 anos
Autor: H.L. Venturi
Madame Roland entregara sua alma à Revolução, cujos reveses a conduziram à guilhotina. Pouco antes do suplício, ela exclamou: “Ó Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!”. Expressava assim a mentalidade da Gironda, que ela encarnava. Era novembro de 1793, quando a Revolução Francesa desvairada se empenhava em exterminar a nobreza e a aristocracia. Muitos fatos simbólicos se sucederam então, dos quais os mais marcantes e dolorosos foram as mortes do Rei Luís XVI e da Rainha Maria Antonieta sob a implacável lâmina da guilhotina.
O ódio da Revolução não se contentou em aniquilar os reis, cumpria extinguir também quaisquer manifestações de realeza e desigualdade. Palácios foram saqueados, e alguns incinerados. Invadido o Palácio de Versalhes, a ralé revolucionária destroçou e roubou tudo quanto pôde. Alguns bandidos reconheciam o valor intrínseco das peças, e levaram prendas da Rainha – sapatos, tapeçarias, quadros, vestidos –, guardando-os para serem reapresentados quando amainasse a tempestade revolucionária após declinar o auge do terror.
Com o passar do tempo chegaram épocas menos perigosas, e as prendas foram vendidas e revendidas, circulando de mão em mão como verdadeiras relíquias. Hoje, depois de muitas reviravoltas, compõem o importante acervo do Museu de Versalhes. Mais de duzentos anos após o sacrifício dos reis e da nobreza, milhões de pessoas visitam anualmente o cenário onde a França vê refletidos gloriosos séculos de sua história milenar. Alguns o fazem mesmo como se fossem peregrinos.
Danton, Marat, Robespierre et caterva seguiram também o caminho do patíbulo, ao qual o seu ódio revolucionário havia conduzido tantos franceses de mérito. Terá se extinguido com a execução deles o ódio que os consumia? Tudo indica que não, e a seguir veremos um exemplo significativo, pleno de simbolismos.
Na fotografia, dois sapatos gigantes ocupam o centro da Galerie des Glaces (Galeria dos Espelhos), um dos salões mais majestosos de Versalhes. São peças ilustrativas de uma exposição de “arte”, que assim conspurca salões, quartos, jardins, e até a capela, invadidos por obras que parecem resultar do trabalho aloucado de novas ralés modernas. Diante dessa monstruosidade “artística”, uma pergunta razoável se impõe, embora pareça supérflua: É necessário haver derramamento de sangue para que algo seja qualificado de odiento, violento, ou mesmo satânico?
Revolução Francesa, crimes em nome da liberdade, agressão cultural insultante à razão – tudo isso se reproduz em fotos como esta, cujo conteúdo intencional, chocante, demolidor, o prezado leitor é convidado a analisar, entender e execrar com veemência. (Fonte: Revista Catolicismo, Nº 817, Janeiro/2019).
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