Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:24:20 PM
Se existe – dizem alguns – um Bem-nem-tão-bom e um Mal-nem-tão-mau, por que não fundi-los em uma média? Não ficaríamos todos mais felizes?
Outros dizem que o conveniente é “fazer aquilo de que se gosta”. Se alguém está fazendo aquilo de que gosta, seja ele um drogado, um homossexual ou um pequeno estelionatário, não há por que condenar sua conduta, desde que ele não chegue ao extremo de prejudicar o próximo, matando, assaltando bancos ou fazendo coisas do gênero.
O Bem e o Mal, dizem, são ideias superadas que em breve poderão ir para um museu de conceitos ultrapassados, pois são algo que não se sustenta mais, que não combina com o nosso tempo, ao sopro da moderníssima e “salutar” indefinição de tudo. O Bem e o Mal seriam dois preconceitos de antigamente…
O importante é, como se diz de maneira horrível, cada um “na sua”.
Entretanto, o pressuposto da moralidade é o senso da oposição entre o Bem e o Mal. Ou seja, as coisas ou são boas ou são más, e não podem ser uma e outra coisa ao mesmo tempo. Mas na ânsia de integrar todas as coisas umas nas outras, depois de termos assistido à tentativa de integração do Belo com o Feio, da Verdade com o Erro, não causa mais espanto a constatação de que se deseja juntar o Bem e o Mal em um só magma, um só pirão.
Na realidade, vai ficando cada vez mais difícil distinguir, por exemplo, uma esposa legítima de uma concubina ou até de uma prostituta, por sua aparência. E, por outro lado, avança o homossexualismo de massa, tornando superada a antiga figura do pederasta ou da lésbica marginalizados e desprezados.
Tudo aponta para um fato insofismável: os limites entre o Bem e o Mal se borraram, minando a fundo toda a instância moral. Dentro da mentalidade pós-moderna, o mal não existe; é apenas uma “disfunção”.
“Não podemos ser preconceituosos em relação ao Mal e aos maus”, dizem os que têm, conscientemente ou não, essa maneira de pensar. Assim como não se pode, segundo eles, ser homofóbico (quem rejeita o homossexualismo), dentro em breve haverá o malofóbico (o inimigo do Mal), o desordofóbico (quem não gosta da desordem), e o malandrofóbico (quem considera “com preconceito” a malandragem, e, portanto, não a aceita).
Integrar o Bem e o Mal em um só pirão é visto hoje como uma manifestação de sabedoria. Procurar manter a distinção entre o Bem e o Mal tornou-se uma doidice reprovável.
Por exemplo, há sobre o assunto uma nova corrente que “transcende noções antigas”. A ela pertence David K. Marcus, psicólogo da Universidade Estadual de Washington. Segundo essa corrente, “o vício e a virtude, como os dois lados da letra V, podem estar inseparavelmente ligados”. A matéria foi publicada no “New York Times” de 8-4-14 sob o título Cientistas estudam o lado bom da maldade.
Existe até uma espécie de “xingação” para aquele que chama de Bem ao Bem e de Mal ao Mal. “Isso é maniqueísmo”, ou “você é maniqueísta”, afirmam. Supremo horror! Com isso se paralisam instantaneamente os “infratores”. Entretanto, o maniqueísmo — uma péssima heresia do século III — nada tem a ver com a prática de estabelecer a verdadeira e salutar distinção entre o Bem e o Mal.
O maniqueísmo foi uma seita herética fundada por Maniqueu, segundo a qual o demônio não teria sido criado por Deus, mas seria ele mesmo o princípio e a substância do mal.(1)
A distinção entre o Bem e o Mal, como dito acima, é a base do senso moral. Portanto, parte integrante da formação católica. Negar a oposição entre um e outro constitui o auge da imoralidade. E estamos nisso! É o fundamento de um erro chamado relativismo. Este, sim, um perigo real.
Distinguir entre o Bem o Mal sempre foi considerado uma necessidade, desde o fundo da noite dos tempos. Muitíssimo antes, portanto, de Maniqueu — que é do século III. É preceito da Lei Natural, foi consignado por Deus no Decálogo, percorreu todo o Antigo Testamento, foi objeto da divina pregação de Nosso Senhor e faz parte do patrimônio doutrinário e moral da Santa Igreja.
A Sagrada Escritura a todo momento fala dessa necessidade. Lê-se, por exemplo, nas páginas sagradas: “Contra o Mal está o Bem, e contra a morte a vida; assim também contra o homem justo está o pecador. Considera assim todas as obras do Altíssimo. Serão encontradas duas a duas, e uma oposta à outra” (Ecl. 33, 15).
Outro não é o ensinamento dos Papas. Eles dissertaram largamente, em termos claros, sobre a luta entre o Reino de Deus e o de Satanás, e em particular sobre a intensificação dessa luta nos dias atuais.(2)
Seria um não acabar mais analisar os desregramentos filhos do orgulho – mais graves, mais refinados e menos aparentes que os provenientes da sensualidade e intimamente ligados a estes. Os ditames da moral tradicional, expressos nos Dez Mandamentos, estão sendo substituídos pelo socialismo, pelo ambientalismo, por outros itens de sabor hedonista e individualista: “farás apenas aquilo de que gostas, procurarás sempre uma melhor ‘qualidade de vida’”…
Mas desce dos Céus um brado tonitruante: Ai dos que atenuam a oposição que deve haver entre o Bem e o Mal! Os homens serão separados dois a dois: “A uns [Deus] abençoou e exaltou; a outros santificou e tomou para si; e a outros amaldiçoou e humilhou, e expulsou-os, depois de os ter separado” (Ecl. 33, 13).
Devo ser malofóbico, sim! Odeio e devo odiar o mal quanto posso, com muita paz e alegria, e para isso a Religião católica nos convida, sem confusão, com amizade, mas com severidade. Que assim Deus nos conserve, pois isto é amar o Bem!
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Notas:
1. Denzinger, nº 237.
2. Insegnamenti di Giovanni Paolo II, Libreria Editrice Vaticana, Basílica Vaticana, 26 de março de 1981.
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