Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 7 anos — Atualizado em: 10/9/2018, 9:44:03 PM
Pedro Trevijano Etcheverria*
Por Somos +, 5ª-feira, 26-05-2011
Em poucas palavras, pode-se fazer com o corpo o que se quiser, pois o fim da sexualidade é o prazer, evitando, isso sim, a gravidez e a natalidade. Mas, se isso é assim, o aborto é um direito básico. As leis são a moral do Estado e isto está nas leis.
Primeiro disparate: o ser humano pode escolher livremente seu sexo. Aqui vou deixar falar o Cardeal Ratzinger (hoje Papa Bento XVI) em seu livro O Sal da Terra: “A mulher é considerada atualmente como um ser oprimido; de modo que a libertação da mulher serve de centro nuclear para qualquer atividade de libertação, tanto política quanto antropológica, com o objetivo de libertar o ser humano de sua biologia. Distingue-se então o fenômeno biológico da sexualidade de suas formas históricas, que são chamadas de ‘gênero’, mas a pretensa revolução contra as formas históricas da sexualidade culmina em uma revolução contra os pressupostos biológicos. Já não se admite que a ‘natureza’ tenha algo a dizer, é melhor que o homem possa modelar-se a seu gosto, ele deve se libertar de qualquer pressuposto de seu ser: o ser humano deve se fazer a si próprio segundo queira, só assim ele será ‘livre’ e libertado.”
Tudo isso, no fundo, dissimula uma insurreição do homem contra os limites que ele leva consigo como ser biológico. Ele se opõe, no último extremo, a ser criatura. O ser humano tem que ser seu próprio criador, versão moderna do “sereis como deuses”: tem que ser como Deus. Em consequência, o importante no ser humano não é sua biologia, mas o papel social e cultural que ele assume, o qual nos permite escolher o sexo e mudá-lo, se julgarmos oportuno.
A “ideologia de gênero” considera a sexualidade como um elemento cujo significado fundamental é a convenção social. Ou seja, não existe masculino nem feminino, mas nos encontramos em face de um produto cultural que vai mudando constantemente. O ser humano nasce sexualmente neutro, depois é socializado como homem ou mulher. A diferença entre homem e mulher não corresponderia, além das óbvias diferenças morfológicas, à natureza, mas seria mera construção cultural segundo os papéis e estereótipos atribuídos aos sexos em cada sociedade. Nessa mentalidade, o homem e a mulher escolhem seu sexo e poderiam mudá-lo quantas vezes o julguem oportuno, ao ponto de as diferenças entre homens e mulheres não estarem relacionadas a causas naturais ou biológicas, mas a determinações sociais.
Bem, este é um dos temas aprovados pela maioria dos nossos parlamentares e com os quais se pretende “educar” nossos filhos e adolescentes na famosa Educação para a Cidadania. Minha esperança é de que, chegando às suas casas, as vítimas dessas aulas digam a seus pais: “O professor nos disse hoje que, caso eu queira, posso ser menina, e minha irmã, menino. Mãe, o professor está louco”.
Segundo disparate: o que antes era chamado de corrupção de menores passa a ser prática recomendável. A igualdade radical é um princípio básico dessa ideologia, que coloca a sexualidade a serviço do prazer; e como os órgãos sexuais existem para algo, ou seja, para usá-los, incentiva-se não só a masturbação, mas também as relações sexuais de todo tipo, inclusive entre menores. Já no verão de 2010, o Departamento de Saúde da Generalitat da Catalunha e o Instituto Catalão de Saúde tornaram pública a página web Sexo jóvenes, que mereceu uma nota da Delegação Diocesana de Pastoral Familiar da Arquidiocese de Barcelona, na qual se dizia: “Nestas questões, a simples informação já é uma opção ética clara. A opção é esta: em matéria de sexualidade e gravidez, o interessado ou a interessada tem todas as possibilidades abertas; qualquer decisão que tome é boa. Este é um critério perverso…” Em todas as áreas da vida humana, sabemos que há comportamentos positivos e comportamentos negativos. Se alguém se apresentar dizendo que tudo é permitido, será acusado de ser um sujeito socialmente perigoso.
Em vez disso, este é o critério desse Documento sobre a experiência sexual, as relações de casais, o controle de natalidade ou o aborto: “… Para evitar uma visão negativa da sexualidade acaba-se permitindo e inclusive promovendo todo o tipo de experiências, como se a permissividade total fosse garantia de validade ética, de saúde psíquica e de realização pessoal. […] O corpo não é um brinquedo, não tem como finalidade ser uma caixa de som para conseguir o máximo prazer. Os demais não são objetos para obter relacionamentos efêmeros e sem valor com base em interesses pessoais primários. O Documento do Departamento de Saúde da Generalitat, com a desculpa da informação libertadora e neutra, promove, de fato promove uma concepção das relações humanas e da sexualidade que destrói a obra educativa das famílias e das escolas, porque a educação dos filhos é um direito inalienável dos pais” (Alpha y Omega, 1-VII-2010, 12).
Com estes antecedentes, é fácil compreender que meninos e meninas estejam sendo ensinados a masturbar e até a se deitar juntos. O que não consigo entender é que, se meninos e meninas de 12, 13 anos de idade, e inclusive até antes, podem fazer isso –– porque não sei onde está o limite, uma vez que a Lei de Aborto garante em seu artigo 5 b) “o acesso universal aos serviços e programas de saúde sexual e reprodutiva”, isto é, sem limite de idade ––, então, que inconveniente há em que o façam com pessoas mais velhas? Isto não é corrupção de menores e deixar a porta aberta para a pederastia?
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