Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:26:37 PM
“A vida sem reflexão não merece ser vivida”. Esta frase de Sócrates não só é famosa, mas muito verdadeira e atual.
De fato, viver sem refletir sobre o mundo, sobre as coisas que nos cercam ou nos acontecem, sobre as pessoas com as quais convivemos, sobre quem somos e para onde vamos, é não viver.
A vida do homem sobre a Terra é essencialmente racional. Se não utilizamos nossa capacidade de análise e discernimento para amar o bem e odiar o mal, admirar o belo e rejeitar o feio, aceitar a verdade e refutar o erro, então somos como “a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo” (Mt t,30) ou como o burro que zurra e nada entende do que está fazendo. Daí o provérbio português: “Zurra o burro, deitem-lhe o cabresto”.
Por que dizemos isto? Não é um mero exercício de filosofia. É a triste constatação de que vivemos num mundo onde as pessoas tendem a se deixar levar pela vida, como um galho seco arrastado sem resistência pelo turbilhão das águas.
A consequência de tal impostação é que aceitamos sem oposição, e até sem qualquer juízo de valor, as coisas mais irracionais e mais destrutivas de nossa própria natureza.
Aceita-se que agora é normal, e até “chique”, pedir um gafanhoto assado no restaurante ou uma barata ao molho pardo.
Aceita-se que o nudismo seria o modo normal de se apresentar, e vamos caminhando para ele a passos largos, nas modas das jovens, nos protestos de rua, sem restrições.
Aceita-se que a compostura no apresentar-se e a urbanidade no trato devem ser substituídos por uma postura dita “mais natural”, como a do chimpanzé na floresta ou o porco revolvendo-se na lama.
Aceita-se que a diferença entre os sexos (homem e mulher) é opcional, fruto de uma determinada posição cultural, e que as pessoas podem escolher seu “gênero” conforme lhes aprouver. Tudo quanto existiu no mundo desde Adão e Eva aos nossos dias, restringe-se a um “fenômeno cultural” desviado!
Aceita-se que os índios não devem mais ser beneficiados com as vantagens da civilização, mas sim retroagir aos costumes pagãos de seus antepassados — mesmo que entre eles figure o infanticídio —, enquanto nós mesmos vamos nos tribalizando cada vez mais.
Aceita-se que manifestações teatrais, cinematográficas ou televisivas que transudam ódio a Deus e aos santos, não são blasfêmias, mas sim manifestações culturais que devem ser apreciadas enquanto tais.
Aceita-se que todas as religiões, mesmo as que praticam atos de culto satânicos, têm seu lugar no balaio do ecumenismo e da liberdade religiosa.
Aceita-se que o casamento é um fait divers passageiro, que não implica em responsabilidades estáveis, nem mesmo para com a educação dos filhos. Nessa matéria estabelece-se o vale-tudo: divórcio, contracepção, aborto, homossexualidade, e o que mais se queira.
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Não se analisa o absurdo dessas posições. Nem se pensa a respeito delas. Aceita-se porque é a onda do momento.
Mas por que aceitamos ser levados por esse mundo de hipocrisia, absurdo e pecado, sem refletir? Simplesmente porque é mais fácil deixar-se levar do que reagir e lutar. É mais fácil ser um maria-vai-com-as-outras do que ter princípios sólidos. É mais fácil entregar-se aos instintos desregrados do que praticar a moral e ter fé.
Pautar a vida por princípios, lutar por eles, ser uma pessoa de fé exige sacrifício. É bem o caso de lembrar aqui os belos versos do poeta brasileiro Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889):
“Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.”
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