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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Pergaminho de 2.000 anos confirma o dilúvio universal

Por Luis Dufaur

8 minhá 7 anos — Atualizado em: 4/27/2018, 10:25:38 PM


Pergaminho escrito há máis de 2.000 anos e encontrado em Qumran descreve o dilúvio.

O Museu de Israel, em Jerusalém, exibe por vez primeira vez um livro apócrifo do Gênesis, decifrado em um dos pergaminhos achados em Qumran, perto do Mar Morto, informou o jornal de Madri “El País”. 

Até o presente estava conservado numa sala climatizada construída especialmente para albergar os delicados manuscritos encontrados nas grutas de Qumran que têm mais de 2.000 anos de antiguidade, e que só podiam ser vistos pelos conservadores do museu.

Os Rolos do Mar Morto incluem quase 1.000 pergaminhos e papiros escritos em aramaico e hebraico encontrados em onze grutas das quase 300 vasculhadas em Qumran, no deserto de Judeia, perto do Mar Morto, entre 1947 e 1956.

O pergaminho agora exposto, ou Gênesis apócrifo, é um dos textos mais misteriosos dos primeiros sete rolos encontrados.

“Era de longe o documento em pior estado” explicou Adolfo Roitman, diretor do Santuário do Livro, ala do Museu que hospeda os manuscritos.

O pergaminho é do século I antes de Cristo e está escrito em aramaico. Contém o relato transmitido nos capítulos seis, sete e oito do Gênesis.

Dessa maneira temos outra fonte que nos fala de Abraão e Noé. Não se trata de uma mera reprodução da Bíblia, pois contém algumas diferencias ponderáveis, algo comum nos livros apócrifos.

O pergaminho está exposto numa urna de avançada tecnologia.

A qualificação de “apócrifo” foi criada por São Jerônimo, autor da Vulgata latina, ou versão oficial da Bíblia católica, que o grande doutor da Igreja traduziu do hebraico para o latim.

Com sucessivos aperfeiçoamentos ordenados e aprovados pela Igreja é a versão oficial da Bíblia em nossos dias.

O termo “apócrifo” indica que o livro não foi inspirado por Deus e que não faz parte de nenhum livro oficial da Igreja.

Mas isso não os desqualifica como fonte de informação histórica complementar e a Igreja os recolhe e estuda. 

Em muitos casos forneceram dados colaterais valiosos. Este é o caso do manuscrito em questão que fala especialmente do dilúvio.

Segundo o conservador Roitman “é sem dúvida uma cópia muito antiga de um texto original. A caligrafia da escrita está feita com muito esmero, sem erros, e isso naquela época só era possível tendo diante de si o documento que se ia copiar”.

Aspecto geral da sala de exposição dos manuscritos.

O pergaminho exposto em Jerusalém, narra o fim do dilúvio universal em primeira pessoa, como se fosse o próprio Noé escrevendo a história.

Na versão oficial do Gênesis, a primeira coisa que fez Noé saindo da arca junto com sua família foi erigir um altar e oferecer um sacrifício a Deus. No apócrifo em questão se lê que Noé fez o sacrifício dentro da arca.

Em qualquer caso, estamos diante de um texto de outra procedência que confirma o essencial do relato bíblico do dilúvio, confirmando-o colateralmente como fato histórico.

Eis como o é descrito pela Bíblia Sagrada:

Gênesis, capítulo 6:

9. Esta é a história de Noé. Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus. (…)

12. Deus olhou para a terra e viu que ela estava corrompida: toda a criatura seguia na terra o caminho da corrupção.

13. Então Deus disse a Noé: “Eis chegado o fim de toda a criatura diante de mim, pois eles encheram a terra de violência. Vou exterminá-los juntamente com a terra. (…)

18. Mas farei aliança contigo: entrarás na arca com teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.

Arca de Noé. Afresco na igreja de San Maurizio, Milão.

19. De tudo o que vive, de cada espécie de animais, farás entrar na arca dois, macho e fêmea, para que vivam contigo.

20. De cada espécie de aves, e de cada espécie de quadrúpedes, e de cada espécie de animais que se arrastam sobre a terra, entrará um casal contigo, para que lhes possas conservar a vida.

21. Tomarás também contigo de todas as coisas para comer, e armazená-las-ás para que te sirvam de alimento, a ti e aos animais.” (…)

Gênesis, capítulo 7:

11. No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se naquele dia todas as fontes do grande abismo, e abriram-se as barreiras dos céus.

12. A chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. (…)

18. As águas inundaram tudo com violência, e cobriram toda a terra, e a arca flutuava na superfície das águas.

19. As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos céus;

20. e elevaram-se quinze côvados acima dos montes que cobriam. (…)

23. Assim foram exterminados todos os seres que se encontravam sobre a face da terra, desde os homens até os quadrúpedes, tanto os répteis como as aves dos céus, tudo foi exterminado da terra. Só Noé ficou e o que se encontrava com ele na arca.

24. As águas cobriram a terra pelo espaço de cento e cinquenta dias.

Gênesis, capítulo 8: 

Miniatura mongol, reprodução contemporânea de uma pintura sobre a Arca de Noé.

1. Ora, Deus lembrou-se de Noé, e de todos os animais selvagens e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca. Fez soprar um vento sobre a terra, e as águas baixaram. (…)

3. As águas foram-se retirando progressivamente da terra; e começaram a baixar depois de cento e cinquenta dias.

4. No sétimo mês, no décimo sétimo dia do mês, a arca parou sobre as montanhas do Ararat. (…)

18. Noé saiu com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos.

19. Todos os animais selvagens, todos os répteis, todas as aves, todos os seres que se movem, sobre a terra saíram da arca segundo suas espécies.

20. E Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar.

21. O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: “Doravante, não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem porque os pensamentos do seu coração são maus desde a sua juventude, e não ferirei mais todos os seres vivos, como o fiz.

22. Enquanto durar a terra, não mais cessarão a sementeira e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite.”

O apócrifo está muito deteriorado e por isso nem foi possível digitaliza-lo. Está escrito em 22 colunas, sendo que as últimas, da 18 à 22, são as melhor conservadas.
“Tem sua lógica porque permanecendo enrolado, os caracteres do final ficam menos expostos à luz e à umidade”, explicou Roitman.
Outra fonte extra-bíblica do dilúvio é a narração parcial dele, decodificada pelo assiriologista Irving Finkel. British Museum.

O Gênesis apócrifo foi escrito com uma tinta muito sensível à luz e que provoca seu deterioro.

Por isso, os especialistas o instalaram numa urna especial coberta com um cristal inteligente que nunca é iluminado diretamente. O Gênesis apócrifo ficará exposto até junho.

Gênesis apócrifo faz parte dos primeiros sete manuscritos encontrados em 1947 por pastores beduínos da tribo Tamireh. Eles acharam dez vasilhas de barro com tampa, algumas das quais continham documentos enrolados.

Os pastores venderam o achado a comerciantes de Belém que os revenderam. Três deles acabaram nas mãos do professor da Universidade Hebraica, Eleazar Sukenik.

O arcebispo Athanasius Yeshue Samuel do Mosteiro siríaco de Jerusalém que comprou os outros quatro e, por fim, os revendeu para o arqueólogo Yigael Yadin quem os repassou para o estado de Israel.

Muitos desses manuscritos versam sobre questões religiosas e teriam pertencido aos essênios, grupo religioso judaico que tomou distância da religião hebraica oficial achando que se afastara da religião de Moisés e dos profetas.

Discute-se se Nosso Senhor teve contato com os essênios, pois seus escritos falam de um personagem chamado Mestre de Justiça, observou “El País”.

Qumran, suas cavernas e seus segredos

Na medida em que foram sendo traduzidos, verificou-se que os famosos rolos continham transcrições de livros Também esse poderia ter sido um chefe dos essênios que prefigurou Nosso Senhor.

inteiros da Bíblia, de digressões teológicas e regras de vida para a comunidade, incluindo monges.

Aquela comunidade de judeus circuncidados, pertencentes à elite da sociedade, criticava muito os fariseus que constituíam a facção dominante no sacerdócio oficial e que eles consideravam de duvidosa ortodoxia.

Nesse ponto apresentam analogias com a impostação de Nosso Senhor face à Sinagoga prevaricadora.

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Luis Dufaur

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Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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