Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 4 anos — Atualizado em: 1/23/2021, 10:47:26 PM
Quando 2020 chegava ao fim, os jornais do mundo inteiro destacaram a morte de um homem importante. Não era político nem estadista e não fazia parte das academias nem do mundo dos negócios. A sua ação de modista se limitava ao campo cultural
No entanto, a sua influência impactou gerações, pois não poucos foram expostos ao seu trabalho. Trata-se do estilista italiano Pietro Cardin — Pierre Cardin ao se naturalizar francês —, que morreu no dia 29 de dezembro, aos 98 anos.
Ícone da revolução cultural
Uma intensa “revolução cultural” se iniciou nos anos de 1960 para mudar a sociedade de alto a baixo. A cultura passou a entrar na vida diária das pessoas e serviu para modificar ideias que, mais tarde, desabrocharam e passaram a ter consequências políticas.
Um ícone cultural como Pierre Cardin pode influenciar mais pessoas que os políticos. Com efeito, ele contribuiu fortemente para o declínio dos padrões morais. Assim, a morte dele marca o fim de uma longa carreira de demolição moral e dos valores cristãos. Seu labor subversivo golpeou instituições, costumes e convenções sociais, pois trabalhou de mãos dadas com a Revolução dos anos de 1960. Introduziu o caos na moda, a feiura nos designs e a falta de modéstia nas roupas. Sua logomarca estava impressa em todos os tipos de mercadorias. Para ele nada era sagrado, ou fora de seu alcance.
Passo a dar três razões pelas quais esse estilista de moda foi tão revolucionário e perverso.
Estilos de vanguarda rompendo com a tradição
Seu estilo de vanguarda rompeu com todas as tradições. Por mais de sete décadas desenhou roupas que ultrapassaram os limites do aceitável. Apresentou, por exemplo, seu “vestido bolha” — um vestido em forma de bolha e saia curta, feito por corte enviesado sobre uma base rígida.
Fez experiências com materiais sintéticos como vinil, Dynel moldado a quente e plexiglas. Sua moda da “era espacial” também refletia um visual futurista sem nenhuma ligação com o passado, que ele detestava. Certa vez afirmou: “As roupas que prefiro são aquelas que criei para uma vida que ainda não existe, o mundo de amanhã”.
Mais tarde, ele projetou trajes espaciais para a NASA e influenciou os uniformes de Star Trek na série de televisão. Seu desdém pela tradição se reflete em sua “Bubble House”, perto de Cannes. Os 10 quartos do enorme edifício de formas geométricas eram decorados por artistas de vanguarda.
Desenhos feios e igualitários apoiados pelo establishment
Em segundo lugar, o estilista produzia roupas e acessórios igualitários e feios. A moda deve acentuar as qualidades de um indivíduo. O valor transcendental da beleza deve ser o objeto desta forma de arte. No entanto, o trabalho de Cardin desconsiderou as qualidades do indivíduo ao ressaltar os produtos de sua imaginação bizarra, envolta indiferentemente sobre o corpo.
Assim, muitas vezes ele ignorou a forma do corpo, como também favoreceu configurações rígidas e quadradas. “O vestido é um vaso que segue o corpo”, disse ele. “Minhas roupas são como módulos nos quais os corpos se movem.”
Avançou na moda unissex, rompendo assim as distinções entre homem e mulher. Favoreceu formas geométricas e motivos desprovidos de significado. Para levar a cabo sua revolução na moda, Cardin teve o patrocínio e o apoio dos mais altos níveis do establishment, que ele procurou destruir.
Selecionou cuidadosamente aqueles que poderiam assistir aos seus shows, mas apresentou roupas prontas para vestir de seu design para as massas. Foi um dos primeiros a exibir seu logotipo em suas roupas.
Mais tarde fez acordos com industriais para colocar sua marca em grande número de bens de consumo, incluindo cosméticos, canetas, bonés, eletrodomésticos e até cigarros. Chegou a dizer que colocaria seu nome num rolo de papel higiênico, se tivesse oportunidade.
A prática poderia desvalorizar a sua marca, mas enchia o seu bolso. Foi contratado para projetar uniformes e outras roupas para governos, companhias aéreas e empresas diversas. Desenhou ternos sem lapela para os Beatles. A American Motors Corporation (AMC) o contratou em 1972 para criar o interior de seu modelo Javelin, que usava tecidos ousados e bizarros em padrões selvagens.
Todas essas práticas tenderam à destruição da moda, além de terem contribuído para o surgimento de formas e padrões excêntricos que caracterizam as passarelas de hoje.
Desprezo pela moral cristã
Por último, o estilo de vida e trabalho de Pierre Cardin refletia seu desprezo pela moral cristã. Como todos os estilistas da época, ele introduziu modas ousadas como a minissaia, maiôs e suas criações “mod chic”.
Sua vida pessoal acompanhou a imoralidade caótica da revolução sexual. Nos anos 60 ele teve um caso com a atriz Jeanne Moreau. Depois adotou um longo relacionamento homossexual com o designer de moda francês André Oliver, falecido em 1993.
Em 2001 Cardin comprou e restaurou parcialmente as ruínas do castelo La Coste, na França, outrora habitado pelo marquês de Sade, cujas preferências sexuais perversas e escritos eróticos deram origem ao termo sadismo. Até hoje os tribunais franceses proíbem muitas de suas obras literárias.
Comprar esse antigo castelo equivaleu à compra da ilha de Jeffrey Epstein nas Ilhas Virgens americanas no Caribe. Mesmo assim, Cardin utilizou o La Coste para festivais de música e danças de vanguarda.
Um produto da pós-modernidade
O trabalho da vida de Pierre Cardin serviu para destruir a moda pela introdução de temas caóticos, irracionais, bizarros e indecentes em suas linhas de costura. Foi um produto do pensamento pós-moderno, que nega todos os significados universais, reduzindo a vida à liberdade ilimitada de criar a própria realidade.
Pierre Cardin levou uma vida sem Deus, não se impôs restrição alguma, e acabou escravizando as pessoas às suas paixões. É por isso que seu trabalho foi tão destrutivo.
Sua obra contribuiu para mudar a maneira como as pessoas se vestem, pensam e agem. Se hoje os Estados Unidos — e boa parte do mundo — estão polarizados e fragmentados, deve-se em grande medida à revolução que ele ajudou a promover.
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Extraído do site TFP Americana (The American Society for the Defense of Tradition, Family and Property, em 6 de janeiro de 2021. Tradução de Plinio Maria Solimeo.
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