Celebrando o Prof. Plinio enquanto o contra-revolucionário focado no triunfo de Nossa Senhora
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 898, Outubro/2025
A comemoração do trigésimo aniversário da morte do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira nos leva a refletir não apenas sobre sua vida passada, mas, acima de tudo, sobre aquilo que o torna uma força poderosa na Contra-Revolução em nossos dias.
Ao refletirmos sobre a causa desse impacto, honramos a sua memória e podemos mais claramente entrever a continuação da luta pela civilização cristã. Assim, nossa tarefa não é apenas provar que sua obra representou uma força poderosa no passado. Não é apenas discutir a eficácia como polo de pensamento do movimento por ele fundado em 1960 — a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade e inspirador de todas as outras TFPs ao redor do mundo.
Autores seculares estão escrevendo sobre sua obra e confirmam seu impacto no Brasil e muito além de suas fronteiras. Outros mostram como sua fé, pensamento e ação continuam a exercer uma forte influência através dos esforços das várias TFPs atuantes nos cinco continentes.
Em vez disso, traçaremos a causa desse grande impacto, tanto no passado quanto no presente. Descobriremos o que torna esse impacto tão poderoso e convincente. Poderemos crescer em coragem para continuar sua luta pela civilização cristã, mais oportuna do que nunca.
Em busca das causas
Alguns podem pensar que sua fé católica ou sua extraordinária devoção a Nossa Senhora podem explicar esse impacto. Esses fatores certamente tiveram notório papel.
Aqueles que o conheceram, especialmente os que tiveram uma relação próxima com ele, chamavam-no familiarmente de “Dr. Plinio” e se lembram dele com grande saudade. Ele tinha a extraordinária capacidade de transformar uma causa abstrata em algo pessoal e, portanto, poderosa.
Por mais importantes que sejam esses fatores, Dr. Plinio certamente escolheria outro tema como causa desse impacto. E preferiria que discutíssemos essa influência em referência à luta contínua pelo que resta da civilização cristã. Ele sempre definiu a si mesmo e à TFP nesses termos.
Assestando o foco na Contra-Revolução

Assim, ele nos pediria para discutir esse impacto no contexto da luta explicada em seu livro Revolução e Contra-Revolução. Esta obra observa a história pós-medieval como uma luta entre aqueles que defendem a Igreja Católica e a Civilização Cristã (a Contra-Revolução) e seu inimigo mortal (a Revolução). É nesse prisma que ele se sentiria mais bem explicado.1
Além disso, era assim que seus inimigos o viam: um contra-revolucionário. Eles não o viam apenas como um grande orador, escritor ou homem de cultura, embora ele possuísse essas qualidades. Raramente elogiam ou criticam esses aspetos. Os revolucionários não se sentem ameaçados por eles. No entanto, o que eles veem e atacam nele, tanto naquela época quanto hoje, é o contra-revolucionário. Eles se sentem profundamente ameaçados por essa característica do Dr. Plinio.
Assim, o nosso tema deve tratar de sua memória concentrando-se em sua personalidade contra-revolucionária, pois essa é a fonte de seu impacto sobre o universo católico. O que o define é ter sido inteiramente contra-revolucionário, característica primordial que deu o tom para todos os aspectos de sua vida.
O prisma contra-revolucionário
Dr. Plinio formou seu espírito contra-revolucionário de forma muito prática, pessoal e eficiente. Ser combativo foi o ponto central de sua fé militante. Sua combatividade influenciou sua devoção a Nossa Senhora. Ela constitui o prisma mediante o qual podemos ver todas as outras qualidades que ele colocou a serviço da Santa Igreja — orador, escritor e homem de cultura.
A caracterização como contra-revolucionário ajuda a explicar sua poderosa influência em nossos dias. Seu intenso combate à Revolução permitiu-lhe formar uma escola de pensamento e organizar uma rede de ação durante sua vida. A estrutura que ele deixou permitiu ao movimento constituído pelas diversas TFPs a continuar sua luta e criar grandes obstáculos à Revolução.
Assim, Dr. Plinio diria hoje: “Mantenham o foco de sua atenção na Revolução. Falem apenas sobre este contexto. Nada mais, nada menos. Ser contra-revolucionário explica tudo”.
Acrescentando o triunfo de Nossa Senhora

No entanto, Dr. Plinio acrescentaria uma qualificação a este título de contra-revolucionário. Ele insistiria que este esforço fosse orientado para um objetivo, que é o triunfo de Nossa Senhora. Não bastaria lutar contra a Revolução. Devemos lutar pela Santa Mãe de Deus. Sua ideia era que Ela sairia vitoriosa sobre seus inimigos. Mais do que uma vitória, ele entrevia seu triunfo numa vitória esmagadora.
Esse triunfo não é um desejo imaginário, impulsionado pela devoção zelosa del, mas o cumprimento de uma promessa. Nossa Senhora previu em Fátima que o seu Imaculado Coração triunfaria. Esta promessa torna a Mensagem de Fátima mais atual e urgente do que nunca. Ao celebrarmos a memória de Dr. Plinio nós o vemos tal como ele foi, visando primordialmente o triunfo de Nossa Senhora. Assim devem ser todos os contra-revolucionários hoje em dia.
Preparação para a luta de hoje
Poderíamos dizer que tudo em nosso mundo pós-moderno conspira para nos distrair desse triunfo mariano. Vivemos em uma sociedade fragmentada, com constantes interrupções e distrações. Há tantas oportunidades para concessões e compromissos. Há tantas maneiras fáceis e sem princípios de fugir do dever de ser fiel a Deus e à sua Lei.
A batalha que Dr. Plinio tinha em mente é o modelo de que precisamos hoje, dada a imprevisibilidade dos tempos e dos acontecimentos. Quantos destes são absurdos e afirmados como verdadeiros. Acima de tudo, estamos hoje afligidos pela crise dentro da Santa Madre Igreja. Como ele, lamentamos ver o que Paulo VI chamou de processo de “autodemolição” destruindo a Igreja por dentro.2
Assim, o exemplo de Dr. Plinio nos ensina a nos concentrarmos nos conceitos da Contra-Revolução como forma de resistência em meio ao caos. Permite-nos olhar para Nossa Senhora com confiança e estar sempre certos de seu triunfo.
Analisando quatro pontos salientes
Há quatro pontos aos quais Dr. Plinio deu especial atenção ao se concentrar nessa intensa luta entre a Revolução e a Contra-Revolução. Eles são encontrados em qualquer guerra. Para sermos eficazes e prevalecer no combate, precisamos encontrar aliados, identificar o inimigo e utilizar estratégias e táticas de batalha. Por fim, deve haver um objetivo final que, uma vez atingido, determinará a vitória.
A clareza de visão do fundador da TFP permitiu-lhe reunir estes quatro componentes numa estratégia contra-revolucionária que continua válida até nossos dias.
Estratégia para a vitória

Assim, veremos como ele buscou aliados, tentando envolver o maior número possível de pessoas na Contra-Revolução. Também como identificou e enfrentou o inimigo em uma batalha muito concreta. Não lutou contra moinhos de vento nem abraçou causas abstratas; não se distraiu nem se enterrou na luta contra a Revolução de ontem quando a Revolução de hoje invadia a cidade.

Dada a disparidade de recursos materiais, examinaremos como Dr. Plinio desenvolveu e aperfeiçoou métodos de ação para atrair amigos e incutir respeito e temor nos inimigos da Igreja. Por fim, veremos como ele convergia totalmente sua atenção para seu objetivo final, o triunfo de Nossa Senhora.
Os três primeiros pontos eram os meios para alcançar o objetivo final do triunfo da causa de Nossa Senhora, formando assim um todo. O objetivo de sua existência era esse triunfo.

Não estava interessado em fazer alianças envolver-se em debates supérfluos ou sonhar de olhos abertos com alguma causa sem valor e romântica. Sua meta sempre foi o triunfo de Nossa Senhora e trabalhou continuamente para que isso acontecesse. Esse deve ser sempre o nosso objetivo também.
Buscando aliados
Desde o início de sua vida pública, Dr. Plinio buscou aliados para a Contra-Revolução. Percebeu logo a necessidade de encontrar combatentes que lutassem com ele. Esse combate era para ele uma questão de sobrevivência, não de conveniência.
Não queria necessariamente liderar a Contra-Revolução. Se encontrasse alguém mais capaz para isso, ele sempre disse que se poria ato contínuo a serviço dessa pessoa. Chegou a viajar à Europa nos anos 50 para procurar alguém que pudesse assumir essa liderança.
A necessidade de aliados é evidente. Em Revolução e Contra-Revolução, ele afirma que a Revolução é universal, una, total, dominante e processiva.3 Em outras palavras, quase todo-poderosa. O vulto da Contra-Revolução hoje não tem proporção com o tamanho, os recursos e o prestígio da Revolução. Assim, hoje é mais imperativo do que nunca repetir o brado de Moisés: “Se alguém está do lado do Senhor, junte-se a mim” (Êx 32, 26).

Em busca de contra-revolucionários isolados
A Revolução conta com o apoio maciço do establishment esquerdista, que pode oferecer poder, status e benefícios aos seus seguidores. Ela pode também pressionar e isolar aqueles que resistem. A superioridade revolucionária é mais evidente no terreno político das nações e dos recursos humanos. Ela impressiona pela extensão de seu poder.
Dr. Plinio conhecia essa realidade. Muitas vezes ela parecia desanimadora. Mas ele sustentava, no entanto, que as mentalidades contra-revolucionárias são mais comuns do que se costuma acreditar. A Revolução intimida inúmeras pessoas que em razão desse temor, instigado de modo caprichoso, passam a esconder suas verdadeiras crenças anti-revolucionárias. Assim, a tarefa do contra-revolucionário é procurar e apoiar outros que pensam estar isolados, organizando-os em ações eficazes e passando à ofensiva.
Precisando de ajuda natural e sobrenatural
Para contrariar essa impressão, Dr. Plinio sempre contou com a ajuda natural e sobrenatural para levar avante uma Contra-Revolução. Compreendia a importância de implorar a ajuda da graça, de Nossa Senhora, dos anjos e dos santos para compensar a desproporção de forças.
Compreendia, no entanto, muito bem que vivemos num mundo visível, que funciona em termos da realidade material das coisas. Essa dimensão espiritual por si só não é suficiente. Ele acreditava que a Contra-Revolução deveria ter uma forte presença física. Só venceremos se nos unirmos a outros e nos apresentarmos para a luta na praça pública. Forças sobrenaturais nunca virão em nosso auxílio se não estivermos no campo de batalha clamando por elas.
Encontrando aliados em todos os lugares

Aliados para a causa da Santíssima Virgem podem ser encontrados procurando-os em todos os lugares e atraindo-os com ideias convincentes. Em Revolução e Contra-Revolução, o autor observou que a Revolução é total porque abrange todos os aspectos da vida, incluindo cultura, economia, artes, política e religião. Assim, pessoas em todos os campos possíveis sentem a ação agressiva da Revolução e podem ser convencidas a lutar contra ela, unindo-se à Contra-Revolução.
Aqueles que promovem estilos arquitetônicos contra-revolucionários, por exemplo, seriam aliados naturais. Os agricultores que resistiram à Reforma Agrária socialista e confiscatória poderiam encontrar nele um aliado. Ele buscou o apoio daqueles que se opunham à tirania comunista, que era a ponta de lança da ação revolucionária durante a Guerra Fria.
Mais tarde, ele reuniu pessoas para enfrentar a Guerra Cultural, que ameaçava destruir por dentro nossa sociedade, sua moral e suas instituições. Nem todos os que resistem concordam em tudo. Ele percebeu que, em uma luta de vida ou morte de tal magnitude, deveria aceitar a colaboração de qualquer pessoa que pudesse ajudar a causa contra-revolucionária, sempre com a devida prudência. Essa foi a história de sua vida.
Apresentando ideias poderosas com firmeza
O livro Minha Vida Pública é uma compilação de textos autobiográficos publicada no Brasil em 2015, na qual Dr. Plinio descreve sua ação pública contra-revolucionária ao longo da vida.
Ele descreve como atraiu seguidores apresentando ideias que convenciam. Assim, seu recrutamento de aliados consistiu em encontrar outras pessoas com pensamentos semelhantes, apresentar-lhes ideias e orientá-las para o triunfo de Nossa Senhora.
Sua estratégia se concentrava em encontrar questões que pudessem se tornar fortes pontos de mobilização. Essa abordagem ia contra o senso comum, segundo o qual a maneira de criar grandes movimentos é comprometendo princípios ou criando uma “grande tenda” que acolhe aqueles que têm posições moderadas.
Um incidente precoce que confrontou a Revolução
Assim, logo no início do livro sobre sua vida pública, encontramos uma observação perspicaz de suas primeiras ações pré-políticas. O primeiro esforço dele para reunir contra-revolucionários ocorreu quando, ainda menino, frequentava o colégio jesuíta São Luís, em São Paulo.
Como foi educado em casa com uma tutora, sua entrada nesse colégio marcou a primeira vez em que se viu num lugar dominado por meninos fortemente influenciados pelas ideias revolucionárias dos tempos modernos. Percebeu logo que qualquer pessoa com ideias contra-revolucionárias como as suas seria vítima de perseguição e chacotas. Ele estava determinado a não deixar que isso acontecesse com ele.
Percebeu que tal perseguição acontecia quando os alunos timidamente se mostravam “um pouco” católicos, “um pouco” castos ou “um pouco” monarquistas. Todos os meninos revolucionários atacavam aqueles que eram tímidos em afirmar suas posições. Essa intimidação silenciou muitas reações conservadoras.

Partindo para a ofensiva
Concluiu ele que a melhor maneira de lutar contra essa intimidação era adotar uma estratégia contrária. Para silenciar esses meninos revolucionários, resolveu afirmar-se de maneira franca e destemida como alguém muito católico, muito casto e muito monarquista.4
Quando ele e aqueles que se reuniram ao seu redor fizeram isso, intimidaram e silenciaram os revolucionários. Essa afirmação de modo algum pôs fim à guerra, mas conseguiu estabelecer o que ele chamou de “uma trégua armada” com o inimigo pela qual eles o respeitavam e se abstinham de provocá-lo.
Isso também lhe rendeu a simpatia daqueles ao seu redor que se sentiram encorajados por sua ação, mesmo que não concordassem em tudo com ele. Essa ação mudou o ambiente político de todo o colégio.
Assim, ele encontrou aliados por ter ideias contra-revolucionárias fundamentadas e apresentá-las com veemência em público. Ele voltaria sempre a essa fórmula ao longo de sua vida.
Formando alianças e redes internacionais

Essa fórmula foi além de estabelecer contatos pessoais. Dr. Plinio usou esse método para formar as TFPs que, por sua vez, formariam alianças, coalizões e redes com outras organizações.
No livro Moral Majorities Across the Americas: Brazil, the United States, and the Creation of the Religious Right (Maiorias Morais nas Américas: Brasil, Estados Unidos e a Criação da Direita Religiosa), publicado em 2021, o Prof. Benjamin Cowan documenta o impressionante trabalho de Dr. Plinio e seu papel inicial na formação de uma rede internacional de organizações e associações que influenciaram fortemente o debate conservador em todo o mundo.5

Em sua análise, o professor (esquerdista) de história da Universidade da Califórnia, em San Diego, observa que Dr. Plinio tinha ideias muito convincentes que atraíam as pessoas para sua causa. No entanto, ele não guardava essas ideias para si mesmo; em vez disso, ele as propagava por toda parte. Ao atingir pessoas dentro e fora do Brasil, ele internacionalizou essas ideias, tornando-as muito mais impactantes.
Esses contatos deram origem a redes conservadoras que até hoje se opõem aos males morais de nossos tempos. O Prof. Cowan acredita que essas redes são fortes porque Plinio Corrêa de Oliveira e seus correligionários ousaram olhar para além das fronteiras nacionais.
Na verdade, formaram uma rede internacional que uniu os mais diversos grupos contra o comunismo, o modernismo e o secularismo. Dr. Plinio ajudou a internacionalizar uma mensagem favorável à lei moral e aos ensinamentos sociais da Igreja, que a Revolução tentou manter local e fragmentada.
O Dr. Cowan conclui que os esquerdistas tendem a desconsiderar essas redes conservadoras por rejeitarem veementemente tais ideias. No entanto, adverte que a esquerda faria bem em prestar atenção ao grande apelo dessas redes. E alerta que os esquerdistas ignoram essas redes por sua própria conta e risco.
Encontrando uma causa comum
Aos que formavam essas redes improvisadas não precisavam concordar cem por cento. Muitas vezes, cada organização se especializava em combater uma faceta específica da Revolução como um todo. Com grande prudência, Dr. Plinio trabalhou com pessoas de outras religiões, ativistas seculares e outros que eram inimigos de algum aspecto da Revolução. Ele nunca comprometeu seus princípios ao fazer isso, nem deixou de professar sua fé católica de forma integral e pública.
Assim, por exemplo, fez causa comum com os calvinistas holandeses na África do Sul em sua luta contra o comunismo e, tragicamente, contra o clero católico de esquerda que apoiava movimentos revolucionários e ideias favoráveis ao marxismo. Nos Estados Unidos, entrou em contato com o que era então conhecido como Nova Direita, uma poderosa coalizão conservadora composta por católicos, protestantes e evangélicos. Ele até pediu ao líder da Nova Direita, Morton Blackwell, um episcopaliano, que escrevesse o prefácio da edição em inglês de seu livro Nobility and Analogous Traditional Elites (Nobreza e Elites Tradicionais Análogas), que era seu comentário sobre os discursos de Ano Novo do Papa Pio XII à nobreza e ao patriciado romano.6
Após a publicação mundial da mensagem de Dr. Plinio contra o socialismo autogestionário francês em 1981, as TFPs7 receberam cartas de pessoas de todo o mundo perguntando sobre como trabalhar em conjunto ou formar uma TFP em seus respectivos países.
Esses lugares incluíam locais exóticos na Ásia, África e Índia. Dr. Plinio deu especial importância ao desenvolvimento desses contatos, que envolviam católicos, hindus e até muçulmanos que se opunham ao socialismo autogestionário e estavam dispostos a lutar contra esse aspecto da Revolução.

Escolhendo aliados certos
Além de encontrar aliados, Dr. Plinio sabia como se separar daqueles que não o eram. Ele conseguia discernir aqueles cuja agenda se desviava de seus princípios sólidos. Então permitia que essas causas desviassem ou desperdiçassem seu tempo e o da Contra-Revolução.
Onde quer que houvesse uma vantagem para a Contra-Revolução, lá ele estava. Seu esforço gradual para encontrar aliados e estabelecer redes permitiu-lhe construir uma Contra-Revolução sólida. Ele aproveitava esse apoio para se posicionar onde sempre quis estar: onde a luta era mais intensa.
Lidando com os inimigos certos
Outra parte importante de sua luta envolveu identificar e enfrentar os inimigos da civilização cristã. Evitou causas abstratas divorciadas da realidade. Ele não perseguiu a Revolução de ontem, vendo que seria muito mais eficaz enfrentar a manifestação mais recente dela ou direcionar a atenção do público para a próxima.
Como definiu bem seus inimigos, ele pôde lutar contra os inimigos certos no momento certo. Assim, os recursos preciosos e escassos da Contra-Revolução puderam ser empregados com máxima eficiência, visando os pontos mais vulneráveis da Revolução. Os inimigos que mais procurava eram os agitadores mais radicais da Revolução. Fazia deles sua preocupação constante.
Em busca da vanguarda
Em Revolução e Contra-Revolução, o autor explica que a Revolução é um processo que depende de seus elementos mais radicais e dinâmicos para avançar. Esses radicais impetuosos levam os princípios revolucionários às suas consequências extremas.
Como essas questões tendem a levar a objetivos malignos, falsos e repugnantes, como o comunismo, a Revolução com frequência disfarça esses fins naturalmente repulsivos e se esforça para se apresentar como algo atraente.
Assim, a chave para deter a Revolução é concentrar-se nas questões radicais e de vanguarda e desmascarar sua hediondez. Ao envolver a cabeça da Revolução dessa maneira, podemos impedir que ela avance. Essa luta pode retardar ou deter a Revolução. Pode perturbar o dinamismo de seus processos e forçá-la a perder tempo procurando maneiras alternativas de avançar.
No decurso de sua longa vida, Dr. Plinio lutou contra muitas manifestações radicais da Revolução. Mencionou essas lutas na Introdução de Revolução e Contra-Revolução, onde disse que os leitores encontrariam frequentemente “refutações do comunismo, do socialismo, do totalitarismo, do liberalismo, do liturgismo, do ‘maritainismo’ e de vários outros ‘ismos’” da época.8
Em cada uma dessas lutas, Dr. Plinio e sua escola de redatores da revista Catolicismo denunciaram um componente extremo da mesma Revolução. Esta era o denominador comum de todos esses males.
Exemplos da história da TFP

Mais tarde, após a fundação da TFP brasileira, Dr. Plinio continuou essa luta incessante para encontrar e expor as manifestações mais radicais da Revolução. Entre diversas grandes campanhas, mencionaremos três.
Durante toda a Guerra Fria, ele enfrentou a ameaça comunista, que se tornou muito perigosa quando mudou de rosto para parecer menos violenta e mais amigável. Assim, ele estava lá para denunciar e expor as manobras comunistas, como a distensão, a Ostpolitik do Vaticano, o eurocomunismo e subterfúgios semelhantes. Ele inspiraria as TFPs a combater o embuste em cada passo do caminho.
Quando um socialismo benevolente e autogestionário surgiu na França em 1981, ele iniciou pesquisas, escreveu uma denúncia e disseminou alertas pelo mundo. Ele via essa nova forma de socialismo como um modelo que a Revolução destinava a ser adotado mundialmente. Tal manobra levaria o mundo pós-comunismo, organizando todos os aspectos da vida humana de acordo com seus princípios radicalmente igualitários.

Por fim, testemunhou a promoção do tribalismo indígena dentro da Igreja Católica no Brasil na década de 1970, ao ver que os escritos teológicos dos proponentes dessa corrente propunham essa “sociedade primitiva ideal” como um modelo pós-marxista para destruir a civilização cristã.
Escreveu então um livro no qual denunciou e desmascarou essa manobra, impedindo-a de ganhar força entre os fiéis católicos.9
Ideias originais, livros e estudos
Dr. Plinio percebia tendências e ideias dentro da sociedade que dariam mais tarde origem a importantes e originais estudos e artigos para influenciar a luta contra-revolucionária.
Por exemplo, sua percepção do curso dos acontecimentos nos Estados Unidos o levou a reunir um grupo de membros da TFP que formaram o que ele chamou de Comissão Americana. Suas pesquisas resultaram posteriormente em um livro intitulado Return to Order: From a Frenzied Economy to an Organic Christian Society (Retorno à Ordem: De uma Economia Frenética a uma Sociedade Cristã Orgânica).10 O estudo analisava a intemperança frenética da Revolução Industrial e seus efeitos na sociedade americana pós-moderna. Propunha uma sociedade cristã orgânica como solução original e viável.
Muito antes de os computadores passarem a dominar a vida das pessoas, Dr. Plinio reconheceu os efeitos nefastos dessa revolução na sociedade, na juventude e na educação. Iniciou estudos e incentivou a redação de artigos que discutissem os avanços dos computadores e da cibernética e suas implicações revolucionárias, agora vistas na Inteligência Artificial (IA).
Ele também foi original em sua discussão sobre os ambientes revolucionários, as artes e a música, e como cada um desses campos poderia afetar as tendências na luta entre a Revolução e a Contra-Revolução.
Por fim, podemos acrescentar que ele não se apegava aos estudos que iniciava e encomendava. Se necessário, podia mudar de direção rapidamente. Se percebesse que a opinião pública ou as circunstâncias haviam mudado e que o esforço principal da Revolução estava agora direcionado para outro ponto, ele interrompia os estudos e buscava outra coisa. Dr. Plinio tinha, por assim dizer, uma estante de livros e estudos inéditos que nunca viram a luz do dia devido a essas mudanças na batalha.
O terceiro ponto de foco

O terceiro ponto de foco do Dr. Plinio era desenvolver e refinar métodos de ação para atrair aliados e incutir respeito e temor dos inimigos da Igreja. Procurava uma maneira de tornar suas ideias parte do debate nacional e internacional. Por isso, aproveitou as técnicas e plataformas da mídia moderna para amplificar sua voz.
Essa disposição para adotar técnicas modernas é uma das coisas que mais surpreende muitas pessoas sobre ele e sua escola de ação. Elas presumem que defender a tradição significa não usar tecnologia moderna ou mídia de massa.
Muito pelo contrário. Ele defendia que todos os meios legítimos devem ser usados para promover a causa de Nossa Senhora. Nesse aspecto, sempre esteve um passo à frente de todos. Se isso envolvesse algo que acelerasse o triunfo d´Ela, ele seria a favor.
Um exemplo. Muito antes de o e-mail se tornar a norma para uma comunicação rápida e gratuita, a TFP já havia desenvolvido um sistema interno rudimentar de e-mail no início dos anos 80, para facilitar a comunicação entre as várias TFPs nacionais e internacionais. Poucas redes conservadoras tinham algo parecido na época.
Nossa Senhora merece os melhores meios
Em Revolução e Contra-Revolução, Dr. Plinio disse que a ação contra-revolucionária “merece ter à sua disposição os melhores meios de televisão, imprensa de grande porte, propaganda racional, eficiente e brilhante”.11
Lamentava a atitude dos derrotistas que não faziam nenhum esforço para utilizar esses meios, já que os filhos das trevas costumam controlá-los e usá-los para promover a agenda revolucionária.
Na verdade, ele acreditava que os contra-revolucionários deveriam preferir esses meios importantes. No entanto, formas mais modestas e originais de divulgar mensagens, como pequenas reuniões, boletins informativos ou artigos, também são meios válidos e vitais para construir uma Contra-Revolução.
Meios grandes, originais e pequenos
Para divulgar a mensagem contra-revolucionária, Dr. Plinio nunca hesitou em publicar anúncios nos principais jornais, mesmo a um custo elevado, porque esse era o meio vital para alcançar grandes audiências naqueles tempos pré-internet. As organizações da TFP também se envolveram em extensas operações de mala-direta e na colocação de outdoors para alertar o público sobre as questões importantes da atualidade.
O meio mais famoso de divulgação da mensagem da TFP é sua campanha pública nas ruas, com capa e estandarte. Dr. Plinio criou a capa e estandarte rubro-áureos marcados pelo leão rompente com a intenção de que sua originalidade permanecesse gravada na mente do espectador. Muitos anos depois, a pessoa pode não se lembrar da questão específica que os membros da TFP abordaram naquele dia, mas se lembrará da campanha devido ao seu impacto simbólico.
Um membro americano da TFP apresentou-se certa vez a um juiz da Suprema Corte estadual. Este disse ao rapaz: “Sim, eu sei exatamente quem é você porque estudei em São Paulo, Brasil, nos anos 60, e os membros da TFP estavam quase sempre nas ruas.” Cinquenta anos depois, ele ainda se lembrava das campanhas da TFP.

Coisas grandes e ousadas

O que caracterizava os métodos de ação de Dr. Plinio era que ele gostava de fazer coisas grandes e ousadas. Não se contentava com pequenos esforços. Gostava de bater recordes mundiais e fazer o que nunca havia sido feito antes.
Foi o caso de sua Mensagem contra o socialismo autogestionário francês. Esse trabalho não foi publicado como um anúncio de página inteira, como era comum na época, mas como um anúncio de seis páginas, em 46 jornais importantes, em seis idiomas e 19 países. Entre os jornais estavam, por exemplo, The New York Times, The Washington Post, Frankfurter Allgemeine Zeitung, Excelsior (México) e Folha de S. Paulo (Brasil).

Mais tarde, a TFP publicou um resumo de uma página dessa Mensagem em 47 jornais de todo o mundo, incluindo o Wall Street Journal e o International Herald Tribune.12 O resumo também foi publicado em 31 edições internacionais da Reader’s Digest.13 Nunca na história moderna uma denúncia tão grande foi publicada como anúncio em tão grande escala.

Durante a campanha de 1990, pela liberdade da Lituânia da opressão soviética, Dr. Plinio lançou uma campanha internacional de petição que resultou na coleta de 5.218.520 assinaturas em todo o mundo. Ela foi registrada no Guinness Book of Records de 1993 como a “maior campanha de petição” da história.14 Uma campanha anterior, dirigida a Paulo VI em 1968, contra a infiltração esquerdista na Igreja, já havia reunido 2.038.112 assinaturas no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile — um recorde regional na época.
Assim foi com muitas das ações de Dr. Plinio. Ele estava constantemente inovando e fazendo coisas nunca antes vistas para impressionar o público com suas ideias poderosas apresentadas com veemência.
Quebrando mitos
Dr. Plinio também gostava de desmascarar os falsos mitos dos esquerdistas, segundo os quais a Contra-Revolução não poderia ser feita nos tempos modernos. Ele recrutou jovens, que a Revolução retratava como desprezadores da tradição, e os transformou nos mais entusiásticos dessa mesma tradição.
Demonstrou ainda mais a popularidade das ideias da Contra-Revolução convidando esses jovens a compartilhá-las em público, o que eles fizeram com grande paixão. Mesmo diante do secularismo de nossos dias, desmascarou o falso mito de que as pessoas não estão mais interessadas na religião.
Pelo contrário, mostrou como os temas religiosos despertavam intenso interesse entre os jovens e o público em geral. Ele enquadrou o debate em termos religiosos e morais porque considerava que esses eram os meios mais eficazes para motivar as pessoas a lutar na Contra-Revolução.
Por fim, Dr. Plinio quebrou o falso mito de que é preciso recorrer a meios revolucionários para ter sucesso. Ele nunca usou métodos revolucionários para alcançar objetivos contra-revolucionários. Foi totalmente coerente com seus princípios e crenças.
Manifesto da Resistência

Essa posição equilibrada era muitas vezes dificultada pela necessidade de se opor às políticas das autoridades sem desrespeitá-las e, assim, minar a ordem social. Dr. Plinio nunca promoveria uma revolução para combater a Revolução.
O exemplo mais importante desse difícil dilema foi um documento de 1974, intitulado “A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas — Para a TFP: omitir-se? ou resistir?”15 O documento ficou conhecido dentro das TFPs como “Manifesto da Resistência”. Foi estampado na íntegra em 58 jornais e publicações de 10 países. Muitos outros periódicos reproduziram desta matéria.
O manifesto declarava o estado de resistência das TFPs à política de distensão do Vaticano com os regimes comunistas. A contradição flagrante dessa política com a posição tradicional da Igreja sobre o comunismo só podia ser compreendida à vista do que Paulo VI descreveu como um processo de autodemolição, ou quando advertiu que “a fumaça de Satanás havia entrado na Igreja”.16
O Manifesto da Resistência forneceu uma estrutura que estabeleceria o padrão para se opor ao mal, mesmo quando ele fosse encontrado nos níveis mais altos da hierarquia.
Resistência, não revolta

Diante dessa situação, Dr. Plinio encontrou uma maneira de atacar os inimigos dentro da Igreja sem atacar a própria Igreja. Ele se opôs a prelados de alto escalão que promoviam ideias esquerdistas, mantendo a devida reverência pela autoridade da Igreja.
A solução não era revoltar-se contra a autoridade, mas assumir uma posição de resistência respeitosa; expressar nossa objeção de consciência, declarando que não podemos participar de ações autodemolidoras dentro da Igreja. Resistimos ativamente a essas ações subversivas e defendemos a Igreja, mantendo a mais alta veneração e respeito pela autoridade legítima.
Esta declaração respeitosa e fiel de resistência está resumida nestas palavras:
“De joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.
“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: ‘Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto mossa consciência se opõe”.
O triunfo de Nossa Senhora
O quarto e último ponto de destaque foi o empenho ardente e incansável de Dr. Plinio em trabalhar pelo triunfo de Nossa Senhora. Todo o resto era secundário. Ele queria fazer muito mais do que apenas servi-La. Desejava que Ela fosse servida universalmente.
Ele não era um homem de meias medidas. Nunca ficaria satisfeito com apenas uma ou duas vitórias. Ele queria o triunfo de Nossa Senhora, que é diferente da vitória. Um triunfo é, por definição, uma vitória esmagadora.
O triunfo espiritual e moral tinha que transbordar para a sociedade temporal. Esse triunfo pressupõe uma restauração da ordem, que ele classificou em Revolução e Contra-Revolução como “a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”.
Esta resolução de se dedicar a este ideal concreto de uma civilização cristã regenerada motivou-o ao longo de toda a sua vida. Ele resumiu esta dedicação ao triunfo de Nossa Senhora com estas palavras inspiradoras:

“Quando ainda muito jovem
considerei enlevado as ruínas da Cristandade.
A elas entreguei o meu coração
voltei as costas ao meu futuro,
e fiz daquele passado carregado de bênçãos
o meu porvir…”.
O Reino de Maria previsto pelos santos
No entanto, essa realização concreta do triunfo da Santíssima Virgem não pode nascer apenas da nostalgia por uma ordem cristã passada esplendorosa, por mais legítima que seja. Dr. Plinio baseou sua posição nas expectativas firmemente estabelecidas de uma ordem restaurada anunciada por muitos santos que previram essa grande virada na História.
Acima de tudo, o grande apóstolo mariano, São Luís Maria Grignion de Montfort, predisse esta ordem futura que chamou de Reino de Maria, um período de grandes graças moldado pela fé e pelo espírito da Mãe de Deus.
No século XX, esse reinado foi prometido por Nossa Senhora em Fátima. Ela previu uma série de guerras, tribulações e desastres, mas que estes terminariam com uma grande conversão e o triunfo do seu Imaculado Coração. Assim, as esperanças por esse triunfo são bem fundamentadas dentro do mundo católico.
Anelo pelo triunfo de Nossa Senhora
Por esta razão, Dr. Plinio e as TFP nunca esconderam seu desejo do triunfo mariano. Ele se encontra nos livros e publicações da TFP desde o início. Ele proclamou esta Cristandade renovada em suas palestras e escritos.
Ela é anunciada com ousadia pelos cartazes da TFP divulgados pelas ruas. Encontra-se em seu catolicismo militante, inspirado nas Cruzadas. Tudo na vida e obra de Dr. Plinio reflete este grande ideal de uma Cristandade renovada, formada e dominada pelo espírito de Nossa Senhora.
Em Revolução e Contra-Revolução, o autor aponta para esta nova Cristandade como objetivo quando diz: “A Contra-Revolução é a luta para extinguir a Revolução e construir a Cristandade nova, toda resplendente de Fé, de humilde espírito hierárquico e de ilibada pureza”.17
Devoção terna e verdadeira a Maria

Assim, esse foco preciso no triunfo de Nossa Senhora pressupunha uma grande e terna devoção a Ela, que era o ponto mais vital da vida de Dr. Plinio.
Sua devoção foi marcada por uma consideração especial a Ela sob muitos títulos, cada qual com seu próprio significado nesta luta. Nossa Senhora de Fátima está diretamente ligada aos castigos e eventos que antecederam seu reinado.
Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, em seu famoso santuário perto de Roma, fala da confiança necessária para enfrentar as tempestades e batalhas para se chegar lá. Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Quito, Equador, repete esses temas, ressaltando sua majestade e domínio na era mariana que se aproxima. A história de Dr. Plinio está entrelaçada com o simbolismo dessas invocações.

Assim, um forte enfoque mariano é encontrado em todas as suas ações. Não poderia ser de outra forma. Pois se a Revolução tem tantos recursos à sua disposição, não podemos conceber uma ação contra-revolucionária fora da proteção amorosa e da ajuda avassaladora da Santíssima Mãe. Ela não apenas nivela o campo de batalha, mas também o inclina a seu favor.
Por esta razão, Dr. Plinio incutiu nos membros e simpatizantes da TFP uma intensa devoção a Nossa Senhora. Ele ajudou a nos armar para a batalha, promovendo a recitação diária do Santo Rosário. Ele encorajou especialmente a consagração a Ela como escravo de amor, seguindo o método de São Luís Grignion de Montfort.
Tudo deve ser feito, conforme indica São Luis Grignion de Montfort, “por Maria, com Maria, em Maria e para Maria”. Se algum sucesso for alcançado, deve ser atribuído a Ela. Em meio às provações da batalha, ele nos ensinou a pedir ainda mais ajuda, assegurando-nos que nunca seríamos abandonados.
De fato, essa terna confiança em Nossa Senhora é o que torna Dr. Plinio uma força tão poderosa na Contra-Revolução de nossos dias. Ele nos ensinou a confiar em sua promessa de triunfo. Ela serve de âncora para nossas esperanças em meio às provações que enfrentamos.

Lições de sua vida
Ao celebrarmos Plinio Corrêa de Oliveira como contra-revolucionário totalmente voltado para o triunfo de Nossa Senhora, devemos considerar sua vida e seu exemplo como um convite permanente para que façamos o mesmo.
Sua vida contém lições especiais aplicáveis a nós. A luta que ele iniciou continua com intensidade cada vez maior. Assim, nossa tarefa é seguir seus passos, adotando os mesmos quatro pontos de foco que ele praticou com tanta disposição.
Devemos buscar aliados nessa luta pelo retorno da ordem, especialmente entre aqueles que lamentam as injustiças deste mundo. Devemos evitar aqueles que, em seu zelo por destruir o caos da ordem atual, abraçam a anarquia. Não devemos nunca nos desviar com planos menores, posições medíocres ou concessões vergonhosas.
Devemos ter cuidado, por exemplo, ao lidar com os chamados cristãos culturais de hoje, que apreciam apenas os aspectos externos da fé e rejeitam seus ensinamentos morais. Esses atores pós-modernos se envolvem em “cruzadas sem Deus”, sem objetivos ou moral cristãos.
Devemos seguir o zelo de Dr. Plinio em identificar o inimigo, especialmente em suas manifestações e reencarnações mais recentes e radicais. Isso é ainda mais importante diante da desintegração da ordem liberal, na qual as categorias de esquerda e direita são frequentemente confusas. Devemos ajustar nosso foco para atingir todos os avanços da Revolução.
No campo da revolução sexual, por exemplo, os ativistas “trans” levaram sua bandeira arco-íris a novos níveis de revolta contra a ordem cristã. Eles propõem a negação da realidade, da natureza e da identidade.
Em novos campos, como a IA e a realidade virtual, devemos analisar como esses desenvolvimentos tecnológicos influenciam a psicologia humana para favorecer a Revolução.
Recorrendo à Santa Igreja
Em caso de dúvida, devemos seguir o exemplo de Dr. Plinio e confiar na única base sólida que existe. Qualquer posição contra-revolucionária deve ser baseada em princípios, refletindo os ensinamentos perenes da Santa Igreja. A partir dessa base segura e com confiança ilimitada em Maria Santíssima, todas as coisas se tornam possíveis.
Devemos empregar novos meios para alcançar nosso objetivo de ter ideias construídas e claramente expressas. Assim, não devemos ficar presos ao passado nem abraçar com excessivo entusiasmo novos desenvolvimentos transformadores, como a IA, que contêm graves perigos e devem ser usados com a devida cautela.
No entanto, a lição mais importante é manter o foco no objetivo final. Isso não mudou, nem pode mudar. O triunfo de Nossa Senhora tornou-se ainda mais urgente, e isso dá ao legado de Dr. Plinio um impacto imenso e poderoso. Nossa tarefa é sermos fiéis a ele e prolongar seu eco na História.
Uma batalha que ainda é dele
Estamos no fim da era histórica do liberalismo. Dr. Plinio combateu os inúmeros erros específicos dessa era liberal, que hoje atingem novos extremos de absurdo à medida que se desintegra cada vez mais. Esta batalha ainda é a sua. Devemos inspirar-nos na sua sabedoria para combater estes erros de forma eficaz e eficiente nas suas fases finais.
Sua obra-prima, Revolução e Contra-Revolução, continua sendo o nosso manual de batalha, pois contém uma compreensão do processo revolucionário secular e fornece a estrutura para empreender uma Contra-Revolução eficaz.
Como fundador do movimento TFP e de sua família de almas no mundo inteiro, Dr. Plinio compartilha os carismas de todos os fundadores. Eles são os pilares sobre os quais os movimentos são construídos. A Providência provê a essas almas com tudo o que é necessário para cumprir suas missões ao longo dos tempos. Quando precisam de ajuda e discernimento, os discípulos podem recorrer aos seus fundadores, mesmo muito tempo após sua morte.
Assim, nós também devemos recorrer ao Dr. Plinio. É impossível não perceber que ele acompanha nossas batalhas desde a eternidade. Podemos contar com sua ajuda, como de fato temos feito nos últimos 30 anos. Para aqueles de nós que o conheceram, quase podemos ‘ouvi-lo’, orientando-nos na direção certa.
Ser fiéis às lições
Se sobrevivemos durante estas três décadas, foi porque procuramos ser fiéis às lições que Dr. Plinio nos confiou. Como ele, sofremos todo tipo de provações, traições e situações impossíveis. Como ele, fomos inspirados a escrever obras oportunas e a lançar campanhas marcantes, que tiveram grande repercussão. Fomos abençoados com a atração de jovens que continuam a encher as fileiras da TFP.
Sua fidelidade é a razão pela qual ainda estamos na luta pela causa de Nossa Senhora. Tudo isso aconteceu porque ele se concentrou no objetivo final. Nós também devemos olhar para Ela.
É a intensidade de sua luta por Ela que nos dá a certeza de seu triunfo e nos permite continuar. Ainda é sua luta, mesmo agora, 30 anos depois.
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Notas:
1.Nesta matéria, os termos “Revolução” e “Contra-Revolução” são empregados segundo o conceito exposto na obra Revolução e Contra-Revolução, por seu autor, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Revolução é o processo quatro vezes secular que vem desagregando a Civilização Cristã. Contra-Revolução é o movimento que visa restaurá-la.
2. Em alocução aos alunos do Seminário Lombardo, no dia 7 de dezembro de 1968, Paulo VI afirmou que “a Igreja atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição. É como uma perturbação interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio. Pensava-se num florescimento, numa expansão serena dos conceitos amadurecidos na grande assembleia conciliar. Há ainda este aspecto na Igreja, o do florescimento. Mas, posto que bonum ex integra causa, malum ex quocumque defectu, fixa-se a atenção mais especialmente sobre o aspecto doloroso. A Igreja é golpeada também pelos que d´Ela fazem parte” (cfr. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. VI, p. 1188).
3. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte I, Cap. III, Artpress, São Paulo, 4ª ed., 1998.
4. Minha Vida Pública, pp. 23-24, Artpress, São Paulo, 2015.
5. Benjamin A. Cowan, Moral Majorities Across the Americas: Brazil, the United States, and the Creation of the Religious Right (Chapel Hill, N.C.: The University of North Carolina Press, 2021.
6. Ver Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Civilização Editora, Porto, 1993.
7. O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte? https://catolicismo.com.br/acervo/num/0373-374/P01.html
8. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Introdução, Artpress, São Paulo, 4ª ed., 1998.
9. Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena – Ideal Comuno-Missionário para o Brasil no Século XXI (1977). https://catolicismo.com.br/acervo/num/0323-324/P01.html
10. John Horvat II, Retorno à Ordem: De uma Economia Frenética a uma Sociedade Cristã Orgânica — Onde Estivemos, Como Chegamos Aqui e Para Onde Precisamos Ir (York, Penn.: York Press, 2013).
11. Revolução e Contra-Revolução, Parte II, Cap. VI, it. 1, Artpress, São Paulo, 4ª ed., 1998.
12. Ver Serviço de Documentação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Um homem, uma obra, uma gesta: Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira (São Paulo: Edições Brasil de Amanhã, 1989), 289, 292, https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Gesta_0000Indice.htm
13. Ver “A Mensagem”, Cruzada, julho/agosto de 2013, 11, https://www.tfp.org/magazines/crusade_mag_vol_124.pdf.
14. Peter Matthews, ed., The Guinness Book of Records: The Most Complete Collection of Astonishing Authenticated Facts and Figures From Around the World (Nova York: Bantam Books, 1993), pp. 477–78, https://archive.org/details/guinnessbookofre00matt
15. https://catolicismo.com.br/acervo/num/0280/P01.html
16. Paulo VI, homilia Resistite fortes in fide (no 9º aniversário de sua coroação), 29 de junho de 1972. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, pp. 707-709.
17. Revolução e Contra-Revolução, Parte II, Cap. XII, it. 5, Artpress, São Paulo, 4ª ed., 1998.
