Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 10 anos — Atualizado em: 8/10/2015, 10:58:13 PM
Mais de 100 milícias paramilitares aprovadas pelo governo da Polônia recrutam velozmente jovens preocupados por seu país diante da ofensiva das forças de Putin no Leste europeu.
O jornal “The New York Times” foi fazer uma reportagem desse fenômeno nacional polonês.
Ele assistiu em Kalisz ao juramento de trinta estudantes, que prometeram defender a Polônia a todo custo. Para isso, 200 membros da associação – rapazes e moças – marcharam em formação a partir do pátio da escola, ingressaram no Boulevard das Forças Armadas e chegaram ao centro da cidade diante da igreja de São José.
O general Boguslaw Pacek, conselheiro do Ministério da Defesa e homem de ligação com esses grupos, marchou com eles.
Bartosz Walesiak, 16, que entrou para Associação de Atiradores, declarou: “Eu acho que Putin vai querer mais. A Lituânia, a Estônia e a Letônia já estão se preparando para esse cenário e a Polônia deve fazer o mesmo”.
A crise entra no impensável fim da Guerra Fria e tira a tranquilidade de muitos poloneses. Eles acham que os russos não se contentarão com a Ucrânia e partirão por cima do Ocidente. E a Polônia está no meio.
A Rússia aparece agressiva e imprevisível. “O impacto na vida cotidiana está sendo péssimo”, disse Marcin Zaborowski, diretor do Polish Institute of International Affairs. “Com muita frequência, as pessoas — vizinhos, barbeiros — me abordam para perguntar se vai sair uma guerra. Outro dia minha mãe me telefonou para saber sobre isso”.
Nos jantares em Varsóvia frequentemente se trata desse assunto. Possibilidades não consideradas outrora são tratadas hoje seriamente. Até as piadas sobre o assunto patenteiam a ansiedade.
No início de 2015, o Ministério da Defesa da Polônia anunciou que fornecerá treinamento a qualquer civil que quiser recebê-lo. No primeiro dia compareceram por volta de mil voluntários. “Esse número vai crescer bem no futuro”, disse o coronel Tomasz Szulejko, porta-voz do comando geral do Exército polonês.
Tomasz Siemoniak, ministro da Defesa, contempla estabelecer uma Força de Defesa Territorial, semelhante à Guarda Nacional dos EUA, aproveitando o creme dos membros das associações de atiradores e outros voluntários.
O primeiro-ministro Ewa Kopacz mudou a lei de recrutamento. Agora poderá ser convocado quase todo homem no país.
Na vizinha Lituânia, a presidente Dalia Grybauskaite visa reinstalar a conscrição militar obrigatória em função do “atual ambiente geopolítico”. Em janeiro, o governo publicou um livreto de 98 páginas intitulado “Como agir em situações extremas ou em momentos de guerra”.
O livreto fornece instruções sobre o que os cidadãos devem fazer caso soldados estrangeiros apareçam nas portas de suas casas, e como oferecer uma resistência passiva ao poder ocupante.
Os temores crescem na Polônia, mas ainda não há pânicos de massa, diz Tomasz Szlendak, sociólogo da Universidade Nicolaus Copernicus, de Torun. Os cidadãos ainda não estocam alimentos e munições no porão, esclareceu Marcin Zaborowski, mas a apreensão está aumentando visivelmente.
O crescente engajamento nos grupos milicianos é apenas uma manifestação da mudança do clima.
E a causa não é só a Ucrânia. O patriotismo e o amor ao serviço uniformado estão atraindo os mais jovens. A vida militar oferece uma carreira desejável, e a sombra de Putin acelerou a tendência.
Em Szczecin, 500 novos cadetes fizeram o juramento. O general Pacek acha que já há 120 grupos do gênero, com um total de 80.000 membros.
O Ministério da Defesa fornece equipamentos, uniformes, treinadores e até dinheiro. Declarou o general Pacek: “Não se trata de levá-los para combater, mas de lhes oferecer assistência do lado militar. Obviamente, eles sairão preparados para defender”.
O juramento reza: “Eu estarei sempre pronto para defender a independência até meu último suspiro”.
Após a cerimônia, o prefeito de Kalisz, Grzegorz Sapinski, olhava os cadetes marchando e comentava: “Perceba a mudança de atitude dos jovens em consequência do que está acontecendo na Ucrânia. O conflito não se dá num lugar longínquo ou obscuro. Acontece a quatro horas de carro daqui”.
O cadete mais jovem é Grzegorz Zurek, 11. Ele não conseguia ser admitido por sua curta idade, mas, por ser obstinado, conseguiu que o aceitassem para – bem abraçado ao fuzil automático – desempenhar o papel de ferido nos treinos.
“Acredito como altamente provável que Putin fará algo contra a Polônia”, disse Grzegorz.
“Eu sei pela história que a Rússia sempre foi um estado totalitário. E agora está tentando recuperar o território que perdeu no fim da Guerra Fria. Se ele vier invadir a Polônia, eu não hesitarei um segundo em combater contra ele”, completou o corajoso adolescente.
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