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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Privatização selvagem

Por Péricles Capanema

6 minhá 9 anos — Atualizado em: 2/8/2018, 8:38:20 PM


China-DilmaDefendo a privatização. Só traz problemas o Estado agigantado. Seguidor da doutrina social católica, de outro modo, do princípio de subsidiariedade, as tarefas estatais, em princípio, são as que o particular não pode levar a cabo. E a economia é tarefa dos particulares.

Contudo, analisei com desconfiança o anúncio de que a Petrobrás, premida por agudos problemas de caixa, vai vender ativos. De começo, sua fatia na  Braskem, 36%, e parte da BR Distribuidora. Anunciou ainda a venda da Transpetro (54 navios, 49 terminais, estações de bombeamento, fora o resto) no pacote. Ivan Monteiro, diretor da Petrossauro, comunicou, outros ativos estarão à venda, entre 20 e 30, para arrecadar, só em 2016, em torno de 14,4 bilhões de dólares: “14,4 bilhões de dólares em desinvestimento é o nosso piso, e não a meta”. Privatização gigantesca. De si, ótimo; se os ativos do sistema Petrossauro estivessem há muito tempo em mãos privadas, gasolina mais barata, produção lá em cima, teriam lucrado o Brasil e o povo.

No caso em pauta, péssimo, é minha convicção. Podem escrever, vem aí entrega maciça de ativos valiosíssimos, patrimônio público, a preço de banana, privatização selvagem. Mesmo sem a habitual roubalheira, é o que se deve esperar da incompetência petista. E é a melhor hipótese.

De momento, é outra a hipótese mais provável. Selvagem, mas direcionada. A Petrobrás fala em capitais nacionais e estrangeiros interessados nas compras. Até aí, tudo bem. Só até aí. Um palpite: o capital estrangeiro que vai se interessar será sobretudo o chinês. Já se fala que os chineses estão interessados em duas unidades da Petrobrás, ainda em construção, localizadas em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Ponto delicado, não será capital chinês privado, será dinheiro de estatal; atrás dele está o Estado e o PC da China. Prestem atenção, se nas compras aparecerem os acrônimos CNPC, Petrochem e CNOOC, siglas da China National Petroleum Corporation, China Petrochemical Corporation e China National Offshore Oil Corporation, é grana estatal, é o PC chinês enfiando mais suas garras no Brasil, nesse misterioso processo de submissão do país à China, que caminha célere, envolto por silêncio enigmático. Avanço no palpite. Já vão mar alto as conversações entre membros do PT e do PC chinês para entregar na bacia das almas tais ativos à China. O futuro dirá se tenho razão. Se estiver errado, ótimo. Recordo, a China tem interesse em neutralizar sua dependência de alimentos brasileiros, exemplo a soja, e uma maneira é se fazer forte aqui dentro. Outra lembrança, mais importante, os líderes do PC chinês não são comerciantes, são ideólogos revolucionário, com plano de conquista e hegemonia mundial.

Volta à trilha. E se nem a venda dos ativos tapar os buracos da Petrobrás? Elementar, meu caro Watson. Você vai tapá-los, contribuinte, o governo já está preparando o público para o Tesouro entrar com a dinheirama. Em 15 de janeiro, café da manhã, respondendo à pergunta simples da jornalista: “A União pode vir a ajudar a Petrobrás a se capitalizar”? a Presidente respondeu em palavras objetivas, claras, concisas, elegantes, enquadradas por raciocínios precisos. Extratos aqui, integra no site da Presidência:

“Ô gente, cês lembram, nós começamo a falá qui tinha chegado ao fim do superciclo das commodities, nós mesmos, é, levamos um tempo pra percebê, nós e o mundo, essa, num fomos só nós não, mas se vocês perceberem houve uma inflexão bastante grande no final, hoje, olhando de agora a gente vê isso, né?, começô a havê uma inflexão a partir do final de 2013, tem gente qui diz qui isso veio de antes. Né, tem analistas econômicos qui dizem qui veio antes. Começô os indícios antes. Mas nós tamos assistindo a esse fim do superciclo qui afeta não só o petróleo, afeta minério de forma profunda, né, o minério inclusive cai é de forma tão acelerada quanto o petróleo. No caso do petróleo, dizem que tem três razões. Uma razão seria um excesso de oferta, uma outra razão seria uma queda na demanda, que é o outro lado do excesso de oferta por razões diversas e um terceiro lado qui diz também qui tem uma variante financeira, tá?, porque o mercado é financeirizado, qui leva a uma pressão baixista. Sem sombra de dúvida, um petróleo a preços mais baixos vai alterar de forma, mais baixo que os trinta dólares, então vai alterar de forma substantiva a economia internacional. O que acontecerá com o petróleo qui pelo menos eu acho qui você desde o final da década de 90 até hoje ele nunca esteve aos níveis qui alguma alguns bancos internacionais tão dizendo que ele vai chegá. Agora, se ele vai chegá, num sei e ninguém sabe porque ninguém pudia dizê no final, aliás, até o final de 14 que ele chegaria a trinta. Ninguém puderia dizê. Mas são dois fatores, ele e a desaceleração da China qui eu acho qui criam um quadro novo no cenário internacional. Não é só a Petrobrás qui tem de pensá o qui vai fazê. […] O que cada um vai fazê, vai sê algo qui vai sê objeto duma imensa discussão e está sendo já e não afeta exclusivamente a Petrobrás. A Petrobrás é uma das maiores empresas desse país. O governo sempre estará preocupado com a Petrobrás, principalmente quando os fatores que levam a esta situação são fatores exógenos a ela, que ela não controla. Então nós todos teremos de nos preocupá bastante com o que ocorrerá agora. Esse é um processo que tem de se evitá o máximo […] a fazê projeções sinistras. É fácil que nós, outro dia eu li num jornal dizendo o seguinte, a Petrobrás para cum o petróleo a trinta, para não, para nada, tanto que não para que ela continua, né? Tanto qui não para que num é essa situação qui leva a nós nos preocupá com a Petrobrás. Agora todas as empresas de petróleo, as chamadas majors, estão preocupadas, porque o petróleo a trinta, por exemplo, tem segmentos internacionais, como aquelas areias do Canadá que parece, vô falá parece, segundo alguns analistas econômicos da área do petróleo, parece que não são mais viáveis.[…] Nós não descartamos […] qui vai sê necessário fazê uma avaliação se esse processo continuá, agora, não é nós governo brasileiro qui descarta, nenhum governo vai descartá, inclusive a política do FED de redução de juros. Todo mundo vai olhá o qui vai acontecê. Agora eu acredito qui os fatores eles têm essa dinâmica qui a parti de um certo momento os próprios fatores qui levam à queda começam a contê o patamar de queda. Quais sejam? Eu posso dizê”

Disse, enfiada sem fim de obviedades. português e lógica espancados impiedosamente. Em resumo, se necessário, o governo põe dinheiro na Petrobrás. Então, se a privatização selvagem não for suficiente, o governo, com seu dinheiro, vai tapar os buracos que ele mesmo cavou. Para isso, tira da saúde, da educação, dos aposentados, sei lá mais o quê, tudo o que for preciso para salvar a Petrossasuro. Aviso final: olho nos novos donos, entre eles, destacado, pode estar o PC da China. Se continuarmos dormindo, mais dias, menos dias, será o nosso dono.

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Analista político e colaborador do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

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