Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:24:04 PM
Normalmente em todos os contos e fábulas, e mesmo na vida real, as histórias que sempre ouvimos contar, desde a tenra infância, são de heróicos pastores que defendem suas ovelhas. Eles, mesmo correndo perigo, investem contra os lobos que tentam devorar seu rebanho.
Entretanto, de uma história oposta tomei conhecimento há pouco. E como se trata de algo realmente muito inusitado, apressei-me em comentar com nossos leitores o caso de um Pastor — como se sabe os Bispos são os Pastores da Igreja, o Bispo é Pastor de sua diocese — que, em vez de atacar os lobos, ataca as ovelhas.
Acabei de fazer uma pesquisa para verificar a veracidade dos fatos e, não me restando dúvidas, resolvi rabiscar estas linhas para um artigo.
Nomeado, no dia 25 de março último, Secretário Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Monsenhor Nunzio Galantino fez recentemente declarações que deixaram inúmeros católicos escandalizados, até mesmo em sua própria diocese, que é de Cassano All’Ionio, na Calábria (Itália).
Com o título “Declarações do Secretário da Conferência Episcopal Italiana causam desconcerto entre católicos”, a “Agência Católica de Informações” (ACI, Roma, 15 de maio de 2014), noticia que “Dom Nunzio Galatino (secretário da CEI), causou desconcerto entre os católicos com umas recentes declarações nas quais se referiu às pessoas que rezam o terço em frente às clínicas de aborto”.
Ao ser perguntado sobre “valores não negociáveis”, como a defesa da vida e da família, Mons. Galatino fez declarações à imprensa italiana afirmando que “no passado acredito que nos concentramos exclusivamente no aborto e na eutanásia. Não pode ser assim, no meio disso está a existência que se desenvolve”.
E tenta se explicar: “Eu não me identifico com os rostos inexpressivos daqueles que rezam o terço em frente às clínicas que praticam a interrupção da gravidez (aborto), mas com aqueles jovens que são contrários a esta prática e lutam pela qualidade das pessoas, por seu direito à saúde, ao trabalho”.
Tais declarações do Bispo Secretário da CEI, ainda segundo a ACI, “Foramespecialmente ofensivas para os católicos nos Estados Unidos, onde também os bispos lideraram os fiéis em frente às clínicas de aborto para rezar pelos bebês não nascidos que são assassinados nessas instalações e para tentar que as mulheres desistam de submeter-se a essa prática”.
“Entre os bispos americanos que presidiram estes momentos de oração está o atual Arcebispo de Washington D.C., Cardeal Donald Wuerl, que em dezembro de 2010 presidiu uma Missa, uma procissão e a oração do terço em frente a uma clínica de abortos tardios, quer dizer, que são praticados depois da 20ª semana gravidez. O Cardeal esteve acompanhado de 600 pessoas”.
Para o Arcebispo de Washington, o aborto é“a maior praga na nossa nação desde a época da escravidão. Como é possível que numa história onde aconteceram tantas atrocidades, aconteçam coisas como essas?[…]
Ainda fazendo referência ao aborto, o Cardeal continua: “Como é possível ter hoje a total destruição da vida humana?[…] Enfrentamo-nos com o mal do aborto. É quase inconcebível na nossa cidade, na nossa sociedade (que) seja legal matar uma criança quase totalmente formada. Tirar a vida do ventre”.
Graças a Deus que ainda há Pastores que, pelo menos em certos casos, defendem suas ovelhas, como percebemos nesse caso do Arcebispo de Washington.
Para citar mais um caso — oposto ao Bispo de Cassano All’Ionio —, sintetizo outra notícia que tomei conhecimento também hoje e também por meio de notícia da “ACI/Europa Press” (San Sebastián, 15 de maio de 2014). Esta tem o seguinte título:“Bispo espanhol: Esperemos que no século XXII as pessoas se sintam escandalizadas pelos abortos praticados no nosso século”.
O Bispo de San Sebastián (Espanha), Dom José Ignacio Munilla, indica no livro “Aborto Zero” (Stella Maris) — do qual é co-autor junto com outros 22 especialistas — “que espera que as futuras gerações do século XXII se sintam escandalizadas pelos abortos praticados nos séculos XX e XXI, assim como vemos atualmente os duelos de honra do século XVIII como algo ‘irracional’ e ‘inadmissível’”.
Além disso, destaca que “uma sociedade que reivindica o aborto e a eutanásia como parte dos direitos humanos, está encaminhada a um processo de suicídio espiritual, além de corporal”. E ainda que “paradoxalmente, aqueles que hoje reivindicam o suposto direito a abortar, nasceram!”. E que “se suas mães tivessem abortado, eles agora nem sequer poderiam fazer com que escutem a sua voz”.
Bispo de San Sebastián constata que a sociedade está “imersa em uma crise tão aguda do pensamento filosófico, ético e antropológico — em boa medida por influxo da ideologia do gênero, embora não exclusivamente — que bem se poderia dizer que oOcidente sofre um eclipse da razão”.
Nesta linha, assinala que existem os chamados “pecados de época”, para os quais há uma cegueira coletiva muito estendida, “como é o caso de aborto na atualidade”.
Como é reconfortante ver que ainda há Pastores que, em defesa de suas ovelhas, atacam os lobos… Como é desolador ver um Pastor que ataca as ovelhas…
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