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Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

“Queremos difundir a fé católica, falar a verdade, seguir Jesus”

Por Revista Catolicismo

17 minhá 5 anos — Atualizado em: 2/21/2020, 10:06:50 PM


É importante uma luta deviseira erguida e em campo aberto, em defesa dos Mandamentos Divinos e da SantaIgreja; sair às ruas para testemunhar a fé, proclamar as ideias e posiçõesautenticamente católicas.

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 830, Fevereiro/2020.

“Meu amigo conhecia a TFP e os livros do Prof. Plinio, e me disse que eu deveria lê-los. Comecei a estudá-los quando tinha 16 anos. Isso mudou completamente toda a minha visão de mundo”

         Um dos fatos mais relevantes de 2019 foi o Sínodo Pan-Amazônico, que entre seus muitos desatinos praticou rituais idolátricos à pachamama em algumas igrejas romanas, inclusive nos jardins do Vaticano. No contexto daquela assembleia de bispos, inesquecível foi o corajoso gesto de um católico austríaco de 26 anos, sobre o qual a mídia mundial se viu obrigada a voltar seus holofotes. A notoriedade do jovem católico Alexander Tschugguel [foto] provém sobretudo de ter ele retirado os ídolos pachamama da igreja Santa Maria em Traspontina, jogando-os em seguida no rio Tibre (vide nossas edições de dezembro/2019 e janeiro/2020). Através desse destemido ato de amor de Deus, ele fez em nome de todos os católicos uma reparação a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Sua Mãe Santíssima, ultrajados pelos sacrílegos cultos à “deusa” pagã em lugares sagrados, que haviam sido conspurcados e profanados.

            O colaborador de Catolicismonos Estados Unidos, James Bascom (diretor adjunto do escritório da TFP emWashington), obteve para nossa revista esta entrevista exclusiva. Entre osdiversos comentários interessantes de Tschugguel, figura o relato de suaconversão do luteranismo para o Catolicismo aos 15 anos. Nesta entrevista elerelata também alguns detalhes dos fatos que o levaram a praticar em Roma aqueleato digno de ser imitado.

Originário do Tirol do Sul, a família de Alexander Tschugguelvive em Viena desde o início do século XX. Recentemente fundou na capitalaustríaca o Instituto São Bonifácio, umaorganização que luta pela cultura católica. É conhecido também por participarda organização da Marcha pela Famíliana Alemanha, e da Marcha pela Vida naÁustria.

*   *   *

CatolicismoO senhor é convertido à fé católica. Poderia nos dizero que o levou à conversão?

Alexander TschugguelMinhaconversão ocorreu em 2009, quando tinha 15 para 16 anos. Pensei muito sobre oCristianismo, e pude perceber que a igreja protestante não respondia às minhas perguntas.Certa vez, o professor de religião protestante nos mostrou um pedaço de papel impressopor uma igreja católica local, no qual se explicava a possibilidade de receberindulgências no Dia de Finados. E depois nos disse: “Vejam! A Igreja Católica está vendendo indulgências como nos tempos deMartinho Lutero!”.

Eu não gostavadesse professor, por ele ser esquerdista, e comecei a estudar mais sobre areligião católica. Nessa ocasião eu já estava interessado em conhecer a Igreja.Depois de conversar com uma colega de classe que é católica, e com outrosamigos, todos me disseram que, se eu quisesse aprofundar-me sobre a Fé Católica,precisaria conhecer um sacerdote.

         Liguei então para a igreja católica local e me encontrei como padre. Eu tinha muitas perguntas sobre o papado e os diferentes aspectos dareligião católica. Ele respondeu muito bem a todas as minhas perguntas. Eu nãoconhecia isso na igreja protestante, e fiquei realmente feliz, pois na IgrejaCatólica podemos encontrar respostas para nossas dúvidas e perguntas. Este foio primeiro passo.

         O sacerdote me deu um livro sobre a fé católica, bastante bom,escrito por um austríaco. Li o livro, tudo pareceu muito lógico, e então decidime converter. Ao falar com os meus pais, de início eles ficaram um tanto aborrecidos,mas acabaram por me dizer que, se de fato era o que eu desejava, eles meapoiariam. Realmente me apoiaram, o que me deixou muito feliz. Minha conversãose deu no dia 15 de junho de 2009, uma semana antes do meu décimo sextoaniversário.

CatolicismoE sua família,terminou também por se converter?

Alexander TschugguelSim.Meus irmãos e meus pais são agora católicos, pois todos se converteram nosúltimos 10 anos.

Catolicismo —Consta-nos que olivro “Revolução e Contra-Revolução”, do Prof. Plinio Corrêa deOliveira, teve papel importante em sua vida.

Alexander TschugguelEledesempenhou um papel mais tarde. Eu me converti em uma paróquia onde a Missaera celebrada de modo tradicional, mas no rito novo, posterior ao ConcílioVaticano II. Com a minha conversão, finalmente entendi que isso não bastava;pois a visão católica do mundo é tão integral e fantástica, que comecei aentender muitas outras coisas acontecendo no mundo.

Fui a umamaravilhosa conferência organizada por um amigo meu, e nessa conferênciaaprendi muitas coisas sobre a teoria católica do Estado, Filosofia, História, eassim por diante, e fiquei realmente impressionado. A essa altura, conhecialguém que agora é um dos meus amigos mais próximos. Ele conhecia a TFP e oslivros do Prof. Plinio, e me disse que eu deveria lê-los. Comecei a estudá-losquando ainda tinha 16 anos. Isso mudou completamente toda a minha visão demundo, deu uma estrutura à minha visão. Fiquei muito feliz com o livro Revoluçãoe Contra-Revolução. Eu o li uma vez em alemão e outra em inglês. A ediçãoalemã é boa, a inglesa é maravilhosa, realmente fantástica. Fiquei muito felizao ler as palavras do Prof. Plinio. A partir de então, tive contato próximo coma TFP em Viena, e li outros livros do Prof. Plinio, que me transmitiram sempre muitoboa compreensão das coisas.

CatolicismoSeu catolicismosempre foi de caráter militante e tradicional?

Alexander Tschugguel aplaudido pelo público presente no escritório da TFP em Washington

Alexander TschugguelNocomeço não foi assim. Fiz o melhor que pude para estudar e aprender sobre a Fé.Acabei por descobrir o latim e todos os ensinamentos tradicionais da Igreja. Noprimeiro aniversário de minha conversão, meu pároco celebrou uma missatradicional para mim. De início eu não entendia do que se tratava. Demorei algumtempo para isso, porque tive que entender Nossa Senhora, a estrutura e ahierarquia da Igreja, a tradição católica, e fui até coroinha na Missa do ritonovo. Mas depois de alguns anos, principalmente com a ajuda desse amigo etambém da TFP, entendi e decidi começar a frequentar a Missa tradicional; edepois de algumas vezes, gostei muito.

Vi que a fécatólica sempre pede ação, porque Cristo pede ação. Ele diz que se alguémquiser segui-Lo, negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e siga-O. Negar-se a simesmo é um ato muito difícil, na verdade, especialmente se a gente está nomundo moderno, onde muitas pessoas se negam a si mesmas da maneira oposta,negam a sua própria existência biológica. Não se trata de negar a si mesmo comoum modernista, significa ver que a gente tem uma natureza decaída; e que,portanto, devemos realmente viver de acordo com as palavras de Deus e com oplano de Deus. Entendi igualmente que para o católico só existe um caminho, ummodo de seguir a Cristo; e seguir a Cristo significa lutar, seguir a Cristosignifica sacrificar-se. Para isso precisamos de todas as virtudes. Essa é arazão pela qual a Igreja Católica sempre ensinou a necessidade de sermosvirtuosos, termos coragem, sabedoria, e assim por diante. Penso que não há comoser católico sem ser ativo na luta por Deus e pelos Mandamentos divinos.

CatolicismoQual o papel danobreza e da aristocracia na luta?

Alexander TschugguelNaÁustria temos livros magníficos sobre os santos e heróis austríacos, como o PríncipeEugênio de Sabóia e Andreas Hofer; e nossos santos padroeiros, como SãoLeopoldo e São Luís IX. Eles me inspiraram muito. Devo dizer que toda biografiade um santo, especialmente dos tempos antigos, me entusiasma muito, pois sepode ver que eles estavam sempre prontos para sacrificar tudo. Atualmente comeceia participar e organizar palestras sobre esses temas candentes de discussão. Cruzadas,queima de bruxas, todos os “clichês”que normalmente ocorrem hoje numa discussão. Temos muitos bons historiadores naÁustria, e pudemos organizar grandes eventos. Com esses temas o resultado foisurpreendente.

         Entendi que, se olharmos atentamente para a História — não paraaquilo que se quer ver, mas para o que realmente aconteceu —, se tentarmos lera História assim, entenderemos essa universalidade da Igreja Católica [católicosignifica universal]. Auniversalidade do Catolicismo realmente se tornou clara para mim.

Então podemosentender o que é aristocracia, o que é o sacerdócio, o que é a maternidade, oque é a paternidade, o que é o sacrifício, pois tudo faz parte da mesma ordem.Nosso objetivo não é fazer uma carreira no sentido moderno, mas seguir o planoque Deus tem para nossa vida, e sempre podemos confiar que Deus tem o planoperfeito para nossa vida. Não é nossa missão permanecer no mesmo lugar. Nossaobrigação é ficar onde Deus quer que estejamos. É isso que faz a mentearistocrática, e significa que nos tornemos capazes de cumprir o papel que Deusnos deu, seguindo seus Mandamentos, sacrificando tudo e nos colocando porúltimo. Daí advêm todas as outras coisas, passando para os filhos na família, ea responsabilidade de ajudar os que estão abaixo de nós.

As pessoas quetêm uma alta missão precisam, em decorrência da natureza humana decaída, deprivilégios para poderem cumprir bem o seu dever. Por exemplo, imagine o SantoPadre lavando diariamente a louça que usa. Seria errado, pois o dever dele érealizar um trabalho tão importante, que devemos aliviá-lo de incumbências aoalcance de qualquer outro. É o mesmo com a aristocracia, mas também com o pai ea mãe, com as autoridades constituídas. Coisas como a luta de classes nãoexistem aí. Todo mundo tem um dever, todo dever tem seu lugar, sua importância.O talento que Deus nos der para o cumprimento desse dever será o talento adequado.Isso é uma coisa que não existe na maneira socialista de pensar, na sociedadesem classes.

CatolicismoO senhor participouem Roma, antes do Sínodo Pan-Amazônico, do evento organizado pelo InstitutoPlinio Corrêa de Oliveira. O que o levou a participar?

O entrevistado com alunos da Academia da TFP norteamericana

Alexander TschugguelOevento do Instituto estava no meu calendário havia meses, pois eu queria ir aRoma no início do Sínodo a fim de ver o que realmente estava acontecendo. Recebidois convites, um do Instituto e outro de Voiceof the Family. A VOTF fez uma espécie de “mesa redonda”, na qual muitosjornalistas e outros que conhecemos do mundo católico falaram sobre o Sínodo. Aconferência do Instituto foi maravilhosa, porque todos os aspectos do Sínodoforam tratados por especialistas. Por exemplo, houve um indígena brasileiro que,como indígena, falou contra o Sínodo e a favor do desenvolvimento; e também contramanter os índios em uma espécie de “zoológico humano”. Ouvi igualmente odiscurso de um jovem que explicou como um grupo de estudantes viajou pelaregião amazônica, obtendo muitas assinaturas para uma petição contra o Sínodo.Se receberam muitas assinaturas, é porque muitas pessoas estavam do lado deles.

         Para mim, esse evento foi uma prova de que foram divulgadossobre o Sínodo conceitos distantes da realidade; e também o que osparticipantes dele diziam sobre a região amazônica não corresponde à realidade.Às vezes se referiam a fatos errados (diríamos normalmente que se tratava de mentiras),mas não quero acusá-los de mentir, pois não sei de onde eles tiraram aquelesfatos. Isso foi muito importante, pois me deu 100% de clareza quanto ao quedevo pensar sobre esse Sínodo, e me levou à conclusão de que o mesmo tinha umprojeto político, um projeto não católico.

Com efeito, oSínodo teve principalmente fins políticos. Os problemas religiosos [sobre ocelibato sacerdotal etc.] já foram respondidos pela Igreja há vários séculos.Até João Paulo II abordou essas questões sobre a família, o sacerdócio, e assimpor diante. Eles tentam colocar isso de novo agora, procurando nos dizer: “Sim,deve permanecer o mesmo, mas a região amazônica é tão especial, que nela existemoutras regras”.

Sabemos perfeitamenteque, se houver outras regras lá, haverá também para o resto do mundo, pelo fatode existir apenas uma Igreja universal, e esta pode ter apenas uma Leiuniversal. E se essa Lei for mudada num lugar, será mudada também em âmbitouniversal. Todo mundo sabe disso.

CatolicismoO ídolo de “pachamama”venerado com laivos de adoração no Vaticano e levado depois para a igreja deSanta Maria em Traspontina, chocou todo o mundo católico. O que o senhor pensouquando soube disso, e como tomou a deliberação de lançar aquelas estátuas no rioTibre?

“Entrei na igreja Santa Maria em Traspontina, peguei as estátuas [da “pachamama”], levei-as ao rio Tibre e ali as jogamos, como se pode ver no vídeo filmado pelo meu amigo”

Alexander TschugguelSoubedessas estátuas quando ouvi falar sobre o ritual no jardim do Vaticano. Assistiao vídeo e vi como eles se curvaram diante delas, plantaram uma árvore ecantaram canções estranhas, enquanto a xamã, com um chocalho, dizia palavrasestranhas. Eu me encontrava em Roma naquela ocasião. Fiquei com tanta raiva,que queria ir lá apenas para cortar a árvore, mas isso não seria fácil. Tentei aprofundar-memais no conhecimento dessas estátuas, pesquisei, conversei com muitas outraspessoas, e descobrimos que elas representam uma “deusa” indígena chamada “pachamama”,que significa “mãe terra”. Portanto, era algo definidamente pagão. Comosabemos, Deus é Todo-Poderoso, Criador da Terra, mas a Criação não se confundecom o Criador. Este é um erro pagão muito antigo. Os romanos, por exemplo,tinham uma deusa para cada porta e cada quarto. Agora é a mesma coisa, elesapenas dizem: Essa é uma deusa da terra,e sempre que fazemos algo contra a terra, pedimos a ela que perdoe a nossaculpa.

Pensei logo emtirar aquelas estátuas da igreja. Visitei a igreja duas vezes — uma com a minhaesposa e outra com um amigo. Nessa igreja, vi as estátuas com os voluntários emtorno dela, e perguntamos o que elas significavam. Conversaram conosco sobre temaspolíticos, explicaram também que não era possível batizar pessoas ali, e assimpor diante. Fiquei realmente chocado. Eles me disseram ainda que as estátuas representama “ecologia integral”, muito em voga atualmente, e que todas as árvores têmvalores iguais aos dos seres humanos. É difícil de explicar ou de entender, maseles querem tratar a Terra como um ser humano.

Conversei comeles duas vezes, uma em inglês e outra em português, tendo como intérprete meuamigo, que fala português. No final, ambos chegamos à conclusão de que aquelasestátuas constituem uma ofensa a Deus. Por quê? Porque os católicos estão securvando diante delas, e isso é contra o Primeiro Mandamento: “Não se curvem anenhuma imagem esculpida”. Mas elas estavam sendo permitidas, e lá estavam no altarlateral da igreja.

         Quando regressei a Viena, conversei com amigos, rezei e rezei.Meu amigo queria me ajudar, ligou e me perguntou: “Você ainda quer fazer isso?”.Respondi: “Sim, na verdade eu quero fazer isso”. E ele concordou: “Então vamoslá”. Perguntei à minha esposa, e ela disse: “Sim, concordo, mas você precisaperguntar a um sacerdote”. Perguntei a um padre de posição tradicional muito boa,e ele me incentivou: “Sim, você deve fazer isso, é bom”. Perguntei ao meu amigose ele estava disposto a ir e filmar, e ele imediatamente concordou. Fomos entãopara o aeroporto, compramos as passagens e voamos para Roma. Lá chegando,dormimos durante algumas horas. E no início da manhã, quando as portas daigreja deveriam se abrir (o que só aconteceu mais tarde, às seis e meia), jáestávamos lá na frente. As portas da igreja ainda estavam fechadas, e decidimosrezar o Terço caminhando nas adjacências. Quando a última Ave-Maria foi rezada,as portas da igreja se abriram, e dentro dela havia apenas quatro pessoas: trêspreparando a Missa, e uma rezando o Terço. Entrei, peguei as estátuas, levei-asao rio Tibre e ali as jogamos, como se pode ver no vídeo filmado pelo meu amigo.

CatolicismoO senhor permaneceuanônimo por alguns dias, e só depois divulgou sua identidade ao mundo. Por queagiu assim?

Alexander TschugguelDeinício eu queria permanecer anônimo, pois desejava que as pessoas falassemsobre o fato, e não sobre quem o realizou. Queríamos apenas acompanhar, parasaber se as pessoas o entendiam na perspectiva correta ou não. Vimos quecomeçaram a circular rumores e suposições errôneas sobre os nossos motivos eobjetivos, por isso decidimos sair a público e explicar por que o fizemos, paradar um rumo certo à discussão.

         Não sou bom para manter as coisas em segredo, e algumaspessoas ao meu redor já sabiam quem tinham sido os autores. Cheguei também àconclusão de que, como católicos, temos que lutar de viseira erguida, em campoaberto, como dizemos em alemão: mitoffenem Visier. As pessoas devem e nós, como católicos, devemos estarprontos para sair às ruas e nos tornarmos conhecidos por nossas posições. É bomsair e bradar, porque o Santo Padre precisa ver que nós, como fiéis, nãoqueremos que ele caminhe na direção errada. É ruim para ele, é ruim para aIgreja, e é ruim para os próprios Padres sinodais. Queremos difundir a fécatólica, falar a verdade, seguir a Jesus.

CatolicismoSuas ações deramvoz a inúmeros católicos do mundo inteiro, que ficaram muito perturbados com a“pachamama”, o Sínodo sobre a Amazônia, a Teologia da Libertação etc. O senhor recebeumanifestações de apoio? E de hostilidade?

Alexander TschugguelNaverdade, recebi principalmente incentivo, a maioria das pessoas entendeu porque eu fiz isso. Sentiram-se aliviadas e muito felizes com o acontecido.Portanto, foi muito importante gravarmos esses vídeos e explicar nossa ação, paraque as pessoas não pensassem que agíamos contra o Papa ou contra a Igreja, poisisso eu não faria nunca. Pouquíssimos tiveram a lealdade de me escreverdiretamente para me atacar. Nosso arcebispo e cardeal [Christoph Schönborn]disse que isso era ruim, que o Santo Padre pediu desculpas às pessoas ofendidaspor minha ação. Tentei filtrar as críticas: É alguém que critica o que eu fizou é alguém que critica o fato de eu ser católico e tradicionalista? Houvepessoas que criticaram o ensino católico em geral, o fato de ser católico e deir à Missa tradicional. Quanto a esses, não levei muito a sério. Sobre os fiéiscatólicos que pensaram ter sido má a minha ação, tentei localizá-las,procurando responder a todas as cartas que recebi.

Alexander Tschugguel promoveu no dia 30 de novembro de 2019, diante da Catedral de Santo Estêvão, um Rosário em reparação por um show pró-LGBT que se desenrolava no interior dessa catedral.

CatolicismoDepois de suasações em Roma, o senhor fundou o Instituto São Bonifácio. Qual é o objetivo desua organização?

Alexander TschugguelO Instituto São Bonifácio foi fundadoposteriormente. Logo que fizemos a divulgação dos nossos vídeos, vendo tantaspessoas procurarem contato conosco, dei-me conta de que precisávamos de umaplataforma para coletar os dados delas, manter contato e atraí-las para osempreendimentos. Mas concluí que não deveriam se dirigir a mim como pessoa, masà fé católica e à tradição católica. Por isso fundamos o Instituto São Bonifácio. [É bom lembrar que São Bonifácio foi oapóstolo dos povos germânicos, tendo na sua história a derrubada de um carvalhodedicado ao deus Thor. Fato muito atual, aliás, nesta época de “ecologismointegral”].

         No momento, estamos organizando uma grande conferência paramaio de 2020 e outros eventos públicos. Gostaríamos de contatar todos essescatólicos para que, antes de tudo, vejam que não estão sozinhos, mas commilhões de fiéis em todo o mundo. Há fé, há esperança. Imagino que muitaspessoas pensaram em sua própria fé e chegaram a um ponto de decisão. Isso ésempre bom, pois a melhor coisa que podemos fazer é seguir a Cristo. Estou contentecom o que vem acontecendo no momento e espero que o trabalho do Instituto São Bonifácio continue e cresça.Temos tantas coisas para fazer agora, o meu dia inteiro está cheio de coisaspara fazer, e isso é realmente bom.

CatolicismoO senhor tambémestá organizando comícios e protestos, utilizando-se da recitação do Rosário empúblico. No dia 30 de novembro o senhor promoveu um Rosário em frente àCatedral de Santo Estêvão, contra um show pró-LGBT. Pretende continuar comações como essa?

Alexander TschugguelSempreque houver necessidade de uma ação assim, pelo menos tentaremos organizar algo.Nem sempre será possível, mas nossa ideia é ser uma voz pública em defesa da fécatólica, da moral católica. Não uma voz pública desrespeitosa. Pelo contrário,muito respeitosa, além de clara e fiel à fé. Pretendemos promover muitosRosários, muitas manifestações. No entanto, nosso principal objetivo no momentoé estruturar solidamente o Instituto SãoBonifácio, para que no futuro possamos atuar regularmente e de maneira maisprofissional. Isso requer muito trabalho, mas é o que estamos fazendo agora.

         Comoatualmente as pessoas estão perdendo a esperança em tudo na vida, se nós realmenteprocurarmos seguir a Cristo, dando o exemplo como católicos, por meio do nossoexemplo outras pessoas que não são católicas poderão ver o que lhes falta, eque existe uma alternativa para essa terrível vida modernista, a qual giraapenas em torno do dinheiro e do prazer que ela oferece. Podemos dar às pessoasuma boa alternativa, pois a realidade é o que pregamos. Podemos mostrar como aspessoas podem viver uma vida correta, e isso é algo que não lhes é dado fazerhoje em dia. Elas acham que tudo está inventado, não acreditam mais em nada.Toda vez que lhes dizemos “isso é um fato”,elas respondem: “Sim, sim, é nisso que você acredita”. As pessoas nãoentendem que existe uma realidade objetiva, uma verdade objetiva, regrasobjetivas e uma lei objetiva, que é a lei natural. Com o nosso exemplo, talvez elaspossam entender novamente isso, ter esperança e ser fiéis. Poderia ser o começoda reconstrução da cultura católica europeia.

Para finalizar, gostaria deagradecer pelo trabalho que a TFP realiza. Como vocês sabem, ela é umaorganização muito importante na minha vida, e tudo que o Prof. Plinio fez foi admirável.Eu já li os livros dele e recomendo a todos que os leiam.

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