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Comemoramos hoje, São Boaventura, grande doutor da ordem seráfica.

Compreender, amar e elevar-se até Deus através das coisas criadas: essa é uma ciência inacessível aos fanáticos ecologistas, aos adoradores da “mãe terra”. E, por essa razão, esses adoradores da natureza não compreendem o significado profundo da quarta via. Não compreendem a doutrina de São Boaventura.

Vejamos um trecho da conferência, na Ordem do Carmo, 1959. Dr Plinio era terceiro carmelita. Diz ele:

Deus como causa exemplar do universo

“Deus criou o universo e depois deu ao homem a faculdade de completar vários aspectos da ordem e da beleza universal por meio de sua ação, de maneira que no dizer de Dante todas as coisas são filhas de Deus e as obras do engenho humano devem ser consideradas netas de Deus. Assim, Deus, ao criar o universo, teve em vista um admirável plano de harmonia e beleza, mas deixou a realização de parte desse plano confiada às luzes, ao arbítrio, ao engenho do homem."

“Para que todo esse plano? Para que todo esse universo de ordem e beleza instituído por Deus?”

Procurar na Criação os “vestígios” de Deus

“São Boaventura propõe-nos um itinerário da alma até Deus “através dos sinais” do mundo sensível que, sob aspectos sempre diversos e desiguais, nos dirigem um único apelo divino”, lembra o prof. De Mattei.

Recebi hoje essa bela fotografia de um ipê florido, cor damasco, nos limites de Minas e Espírito Santo. É uma raridade. Aqui, pegamos bem a diferença entre os ecologistas fanáticos e a doutrina de São Boaventura: essa flor de ipê – ensina-nos o Santo Doutor — é reflexo de uma perfeição de Deus; essa é a razão pela qual deve ser conservada; deve ser admirada; deve ser “escada” para subirmos até o Criador.

Acrescenta o Dr. Plinio:

“Insisto na ideia de universo de beleza, porque habitualmente em nossos dias se considera de preferência o universo como uma grande máquina de funcionamento perfeito. Assim, quando se fala a respeito da sabedoria do Criador, mostra-se quase sempre como as coisas estão concatenadas de tal forma que elas não se destroem, nem colidem umas com as outras, mas que coexistem com harmonia e mutuamente se apoiam."

“Mas há um outro aspecto do universo relacionado com Deus enquanto causa exemplar, enquanto Ser incriado e infinitamente belo que se reflete de mil maneiras em todos os outros seres que Ele criou. De maneira tal que não há nenhum ser que a um título ou outro não seja um reflexo da beleza incriada de Deus.” (1)

Causa Exemplar do Universo

A verdade das coisas consiste em representar a verdade suprema, a causa exemplar.

E esta semelhança entre a criatura e o Criador que nos permite elevar-nos a partir das coisas até Deus. “O intelecto humano foi criado para ascender gradualmente –como os degraus de uma escada– até ao sumo Princípio que é Deus” (2)

Creio que esse simples enunciado torna claro a nossos leitores quem foi São Boaventura, um santo doutor da contemplação, que parte das criaturas e se eleva até Deus.

Dois grandes doutores medievais

“Ao lado de São Tomás, cuja Summa [Dr. Plinio] conheceu e comentou amplamente, Plínio Corrêa de Oliveira colocou São Boaventura (86), cuja filosofia foi bem definida como “a mais medieval das filosofias da Idade Média” (87). O pensador brasileiro propôs-se reatar com aquele pensamento que teve os seus pilares nos dois grandes Doutores da Igreja, colocados por Sixto V no mesmo plano quanto à santidade da doutrina e à autoridade do magistério: “Hi enim sunt duae olivae et duo caldeara (Apoc. 11, 4).” (2)

Dir-se-ia: aqui emudeçam todas as línguas. O Papa Sixto V coloca no mesmo plano de santidade da doutrina os dois grandes doutores medievais.

Dr Plinio e a 4a. Via

“Entre as clássicas “provas” [demonstração feitas por São Tomás] da existência de Deus, Plínio Corrêa de Oliveira apreciou sobretudo a “quarta via” (99), entendendo-a, porém, como um método de formação e um processo psicológico que plasma a alma humana, mais do que como um abstrato silogismo filosófico.”

Em outras palavras, é a exemplaridade: através das criaturas elevar-se até Deus.

A Ecologia deveria ser a procura das perfeições de Deus na Criação.

Essa é a “quarta via”, que conduz a Deus, ser perfeitíssimo, através das perfeições das quais participam todas as criaturas, em medida e graus diversos.

Ela mostra-nos Deus não só como causa eficiente e causa final, mas também como causa exemplar da criação, e contempla a ordem da criação como universo de harmonia e de beleza, reflexo da Beleza incriada divina.

Que nessa festa de São Boaventura ele nos defenda desse fanatismo ecológico cego e nos eleve até Deus, através das belezas da criação.

(1) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/nossa-senhora-do-carmo-16-7-o-escapulario-a-profissao-e-a-consagracao-interior/#gsc.tab=0

(2) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Cruzado0411.htm (cap IV)

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