Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:31:57 PM
Em artigo intitulado “Madraçal no Planalto” (4/7/2011), a revista Veja publicou uma importante matéria sobre a tácita perseguição ideológica que professores esquerdistas da Universidade de Brasília (UNB), com apoio da reitoria, movem contra funcionários e alunos de posição política diferente. “Não há espaço para o diálogo. Ou você compartilha do pensamento dominante ou será perseguido e humilhado”, disse Roberta Kaufman, procuradora de Justiça, para a revista.
A Veja relata como Roberta Kaufmann viveu a maior humilhação de sua vida: “convidada para participar de um debate [na UnB] sobre a adoção de cotas raciais pelas universidades públicas, ela – que é contrária ao projeto – não conseguiu falar. Quando lhe foi dada a palavra, um grupo liderado por professores promoveu um alarido ensurdecedor. Ela foi chamada de racista, ouviu ofensas impublicáveis e só pôde deixar a universidade horas depois, acuada, com medo de que algo pior acontecesse. Seu carro foi vandalizado”.
A reportagem mostra o caso dos professores Márcio Pimentel e Inês Pires de Almeida que foram concorrentes de José Geraldo de Souza, atual reitor, na eleição de 2008. Inês perdeu o a chefia de um curso e sofreu boicotes em seus projetos de pesquisa e Pimentel suportou velada perseguição até não aguentar mais e pedir transferência para outra universidade. “Como nunca havia ocorrido antes, serviços básicos dos laboratórios, como a limpeza das instalações e a compra de material, foram interrompidos. Sem explicação, a carga horária de aulas também foi ampliada de maneira claramente exagerada, para que não lhes sobrasse tempo para o trabalho de pesquisa”, diz a matéria de Veja.
Já a professora Tânia Montoro foi punida por ter criticado a permissão dada pela atual reitoria para a realização de festas nas salas de aulas – ocasião em que o uso de drogas tornou-se comum. Tânia não recebeu em tempo a liberação do dinheiro para uma viagem à Bogotá onde faria uma palestra, enquanto que duas de suas alunas que a acompanhariam tiveram o pagamento autorizado antecipadamente. “Eu tenho uma história de trinta anos nesta universidade, e sou uma pesquisadora produtiva. Não merecia passar por essa vergonha“, lamentou a professora.
“A UnB deixou de ser uma instituição acadêmica para se tornar um instrumento de domínio ideológico”, disse Ibsen Noronha que ministrava como professor no departamento de direito até o ano passado quando sua disciplina – que existia a mais de 30 anos na universidade – foi excluída do currículo. Para ele, a razão da perseguição foi sua oposição ao regime de cotas, uma das bandeiras da atual gestão administrativa da UnB. “A justificativa que a faculdade apresentou é risível: disseram que a matéria foi suprimida por ser optativa. Mas não me foi apresentada nenhuma outra opção no lugar dela”, relatou Ibsen.
Ronaldo Poletti, professor de direito, afirmou que “a universidade foi tomada por um patrulhamento ideológico tácito, orquestrado para funcionar sem ser notado. Quem pensa diferente é relegado ao limbo“.
Mas, para o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, “ninguém tem espaço sem esforço. É preciso analisar se não são os professores que, por falta de competência, perderam visibilidade. A Universidade de Brasília nunca foi tão aberta“.
Um dos fundadores do PT no Distrito Federal, José Geraldo foi eleito reitor em 2008, favorecido por uma manobra que concedeu aos votos dos alunos a mesma importância que a dos professores e funcionários, quando, em qualquer universidade respeitável, o corpo docente deveria representar 70% do colégio eleitoral.
Desde a eleição, os professores entrevistados afirmam que as manifestações de intolerância só aumentaram.
Conforme informa a Agência Estado, no Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou, na quarta-feira (6/7/2011), um requerimento de autoria do senador Demóstenes Torres (DEM/GO) para investigar essa “perseguição ideológica”. O reitor da UnB, José Geraldo de Souza Junior, a procuradora Roberta Kaufmann e mais seis professores, vítimas da atual gestão, deverão comparecer no parlamento no início de agosto.
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