Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 2 anos — Atualizado em: 1/8/2023, 6:08:30 AM
Estamos publicando comentários ao Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora proferidos pelo Prof. Plinio para formação de jovens na década de 50. Acesse: https://ipco.org.br/o-tratado-marial-de-sao-luis-grignion-ii/
CAPÍTULO I
NECESSIDADE DA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM
Este capítulo foi escrito para demonstrar que a devoção à Santíssima Virgem é necessária. Procuremos explicar a tese de São Luís Grignion. Ele quer demonstrar que, sem uma devoção a Maria Santíssima – mas uma devoção proporcionada às grandezas que acabamos de ver na introdução – não existe vida espiritual possível, pois a vida espiritual exige esta forma de devoção a Maria Santíssima.
Atraio a atenção para o fato de que a demonstração que ele faz dessa tese é muito exata, mas não é muito explícita à primeira vista. É preciso ler o capítulo com muita atenção, para se compreender onde ele quer chegar. Para tratar da necessidade da devoção a Nossa Senhora ele faz um preâmbulo, e depois desenvolve propriamente a demonstração. Nesse preâmbulo São Luís Grignion estabelece qual é o alcance da palavra “necessidade”.
Não se trata de dizer que Deus precise absolutamente de Nossa Senhora para salvar as almas; sendo onipotente e sendo perfeito, Ele não necessita de ninguém. Assim, poderia Ele ter criado uma situação em que Nossa Senhora não existisse e as almas também se salvassem, pois Ele está acima de tudo. A necessidade de Nossa Senhora na vida espiritual é de outro gênero. Uma vez que Deus A criou, dando-lhe, por um ato libérrimo de Sua vontade, determinadas perfeições e atribuições, entre as quais a mediação universal, a devoção a Ela é necessária. Em outras palavras, a Igreja Católica não sustenta que Deus precise de Nossa Senhora, mas que Deus quis que Ela fosse necessária à nossa salvação. Ele liberrimamente assim o quis, e estabeleceu uma situação em que Ela se tornou necessária.
Na demonstração desta tese, São Luís Grignion supõe uma série de noções que é preciso lembrar, porque ele não as enuncia explicitamente. Neste particular ele se parece com São Paulo. O Apóstolo vai dizendo as coisas umas após as outras, deixando até algumas frases sem ligação com as anteriores; há em suas epístolas alguns pontos que confundem o espírito. O próprio São Pedro diz, numa de suas epístolas, que São Paulo é difícil de entender. Assim, também São Luís Grignion supõe como conhecidos certos pressupostos que é preciso lembrar, para se ter inteiramente claro o fio de seu raciocínio.
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ARTIGO I
PRIMEIRO PRINCÍPIO: Deus quis servir-se de Maria na Encarnação
Importância da Encarnação
A demonstração que São Luís Grignion faz da necessidade da devoção a Nossa Senhora está baseada no papel que Ela teve na Encarnação. Vamos, antes de tudo, impostar bem a questão.
A primeira tese que é preciso lembrar é a da suma importância da Encarnação na obra da Criação. Os teólogos discutem entre si um ponto a este respeito. Dizem alguns que a Encarnação não se teria dado se o homem não tivesse pecado, e outros dizem que ela ter-se-ia dado, ainda que o homem não tivesse pecado. Daí concluem os primeiros que, embora tendo sido um mal, o pecado original importou em uma vantagem para o homem, e é por isso que a Liturgia canta no Sábado Santo “O felix culpa” – ó culpa feliz, que nos mereceu um tal Salvador. Sem o pecado original, não teríamos tido a felicidade de ter o Salvador.
De um modo ou de outro, quer se admita uma ou outra tese, devemos reconhecer que a Encarnação do Verbo não é um episódio entre outros da História da Humanidade, mas é, como a Redenção, um episódio culminante. Sendo Deus Aquele que é, exceção feita da geração do Verbo e da processão do Espírito Santo, nunca se passou nada que, de longe, pudesse ser tão importante como a Encarnação do Verbo. É um fato relacionado com a própria natureza divina, e tudo o que diz respeito a Deus é incomparavelmente mais importante do que tudo que diga respeito ao homem. A Encarnação de Deus transcende a tudo em importância.”
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado02.htm#.Y7osaXbMJjE
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