Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 2 anos — Atualizado em: 2/13/2023, 7:15:19 AM
Quais foram os maiores inimigos de São Luís Grignion? Foram os jansenistas.
Cornelius Otto Jansen, também conhecido como Jansênio (28-10-1585 – 6-5-1638), foi
bispo de Ypres (Bélgica flamenga), filósofo e teólogo nederlandês, que fundou o
jansenismo, o qual – entre outros males – prestigiou o cartesianismo
Os piores adversários de São Luís Grignion, como sabemos, foram os jansenistas, contra os quais ele teve muito que lutar. Ele encontra um meio de, em seus livros, atacar os sacerdotes e bispos jansenistas, explicando que esses seus inimigos estão contra a doutrina católica. Este é um dos primeiros tópicos do livro em que arma um verdadeiro libelo contra o clero jansenista e contra todos os pensadores contrários à verdadeira doutrina da Igreja, defendida por ele.
Foi preciso, naturalmente, encontrar uma maneira prudente de fazê-lo, pois graves dificuldades lhe poderiam advir se escrevesse diretamente contra os bispos jansenistas. A maneira que São Luís Grignion encontra para esta empresa é bastante curiosa. Depois de falar a respeito da devoção a Nossa Senhora, e de dizer que há pessoas cuja devoção à Virgem Santíssima é muito restrita, ele escreve:
“Volto-me aqui, um momento, para Vós, ó Jesus, a fim de queixar-me amorosamente à Vossa divina majestade de que a maior parte dos cristãos, mesmo os mais instruídos, desconhecem a ligação imprescindível que existe entre Vós e Vossa Mãe Santíssima” (tópico 63).
Há já aqui uma insinuação: “a maior parte dos cristãos [refere-se aos católicos e não aos protestantes], mesmo os mais instruídos“. Os mais sábios, evidentemente, são os doutores, são os “mestres em Israel”. Ele não fala dos mais sábios em mineralogia ou em botânica, mas em teologia. Ora, isso equivale a dizer: “Há teólogos que sustentam que a devoção a Nossa Senhora está errada”.
Prossegue São Luís Grignion:
“Vós, Senhor, estais sempre com Maria, e Maria sempre convosco, nem pode estar sem Vós; doutro modo Ela deixaria de ser o que é; e de tal maneira está Ela transformada em Vós pela graça, que já não vive, já não existe: sois Vós, meu Jesus, que viveis e reinais n’Ela, mais perfeitamente do que em todos os Anjos e bemaventurados. Ah! se conhecêssemos a glória e o amor que recebeis nesta admirável criatura, bem diferentes seriam os nossos sentimentos a respeito de Vós e d’Ela. Maria está tão intimamente unida a Vós, que mais fácil seria separar o sol da luz, e do fogo o calor; digo mais: com mais facilidade se separariam de Vós os Anjos e os santos, do que a divina Mãe, pois que Ela Vos ama com mais ardor e Vos glorifica com mais perfeição que todas as Vossas outras criaturas juntas” (tópico 63).
“Depois disto, meu amável Mestre, não é triste e lamentável ver a ignorância e as trevas em que jazem todos os homens na Terra, a respeito de vossa Mãe Santíssima? Não falo dos idólatras e pagãos, que, não Vos conhecendo, também não se importam de conhecê-La; nem falo dos hereges e cismáticos, que não têm a peito ser devotos de vossa Mãe Santíssima, pois estão separados de Vós e de Vossa Santíssima Igreja; falo, porém, dos cristãos católicos, e mesmo de doutores entre os católicos” (tópico 64).
Aqui a referência contra o clero jansenista é direta, pois ele fala em “doutores entre os católicos”. Mas ele não se comprometeu, já que doutores podem ser chamados também os que escrevem livros sobre o assunto. Nós sabemos, no entanto, quem são esses “doutores”. Também para o povo, que o vê enxotado de uma diocese para outra, não pode restar dúvida a respeito de quem sejam esses “doutores”.
“…mesmo de doutores entre os católicos, que exercem a profissão de ensinar aos outros a verdade, e no entanto não Vos conhecem nem a Vossa Mãe Santíssima, a não ser de um modo especulativo, seco, estéril e indiferente” (tópico 64).
Isto é muito curioso. Atualmente os teólogos [nos anos 50, antes do progressismo e da Teologia da Libertação] são também unânimes em afirmar as grandezas de Nossa Senhora. Não há um que ouse negar aquilo que dizemos a respeito d’Ela. E, no entanto, o que distingue os devotos de Nossa Senhora dos que não Lhe têm devoção, tanto hoje quanto no tempo de São Luís Grignion, é o mesmo. Estes últimos aprendem as verdades a respeito d’Ela, mas “de um modo especulativo, seco, estéril e indiferente”.
Especulativo – Há alguns teólogos que, inquiridos a respeito da devoção a Nossa Senhora, sabem dizer tudo com uma esquematização perfeita. Além disso, todas as suas afirmações são verdadeiras e certas. Mas é um conhecimento meramente especulativo, pois não há neles um amor vivo, uma atitude concreta que corresponda àquela convicção. Pelo contrário, tudo permanece etéreo.
Seco – Há os que fazem da Mariologia o que poderíamos chamar de “geometria dogmática”. Sabem citar todos os trechos da Sagrada Escritura ou dos Doutores da Igreja, e conhecem todas as regras de exegética que fundamentam os privilégios de Nossa Senhora. Mas esses conhecimentos não geram neles nem piedade, nem amor, nem entusiasmo. E, com a mesma indiferença com que um técnico, baseado em tabelas, fala a respeito da composição química dos anéis de Saturno, assim falam eles a respeito de Nossa Senhora e dos Seus privilégios.
Estéril – Essa maneira de pregar a devoção a Nossa Senhora não contagia ninguém, nem produz frutos apostólicos de qualquer espécie. Na formação ministrada por essas pessoas, Nossa Senhora não representa absolutamente o papel que Lhe atribui a doutrina católica. A vida interior das almas por elas formadas não deixa transparecer uma devoção a Nossa Senhora correspondente ao que a Igreja ensina. Portanto, os desvios de outrora são muito parecidos com os de hoje. Uma devoção a Nossa Senhora com calor, comunicativa, ardente, fecunda, é muito raro encontrar. “
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Nossa Senhora nos ajude e nos transforme em apóstolos dEla face aos erros do progressismo e da Teologia da Libertação. Peçamos o cumprimento das promessas de Fátima.
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado04.htm#.Y-D7YHbMJPY
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