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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Tratado marial de São Luís: como se conhecem os verdadeiros homens de Deus (XXI)

Por Nuno Alvares

4 minhá 2 anos


Vimos, no Post anterior, que o apóstolo de Maria deve pregar a devoção de modo terno, forte e persuasivo.

Aborda, São Luís Grignion, também as objeções temerárias daqueles que temem ofender a Jesus dando especial realce à devoção marial. Esse é o péssimo erro dos jansenistas precursores dos protestantes que tanto “temem” a devoção a Nossa Senhora.

Os jansenistas são precursores dos protestantes

***

Como se conhecem os verdadeiros homens de Deus 

Entretanto, meu amável Mestre, a maior parte dos sábios, em castigo de seu orgulho, não se afastariam mais da devoção à Santíssima Virgem, nem a olhariam com mais indiferença, se tudo o que acabo de dizer fosse verdade. Guardai-me, Senhor, guardai-me de seus sentimentos e de suas práticas, e dai-me uma parte dos sentimentos de reconhecimento, de estima, de respeito e de amor, que tendes para com Vossa Mãe Santíssima, a fim de que eu Vos ame e glorifique na medida em que Vos imitar e mais de perto Vos seguir” (tópico 65).

Aqui a acusação se amplia: já não é “um ou outro” sábio, mas “a maior parte dos sábios”. É uma admoestação aos leitores, para que não sigam esses doutores pestilenciais, mas sigam a ele na devoção que ensina. 

Problema angustiante para São Luís Grignion 

O Santo estava às voltas com um problema que encontramos em diversas épocas históricas. Imaginemos um fiel daquela época. Ao ler isto, ele verificaria que já ouviu de outros padres, talvez até de algum bispo, o que São Luís Grignion está condenando. Imediatamente surgiria uma dúvida: “A quem seguir? A um missionário que anda de um lado para outro, mal visto por tantos, ou a um bispo a quem não falta, entre outras coisas, o peso do prestígio? A esse padrezinho ou ao clero jansenista, que parece pensar de modo diferente? Que valor tem esse Grignion? Que mérito?”

É preciso ver que Nosso Senhor dá às almas dois modos para conhecerem o caminho. O primeiro consiste na análise da doutrina, conferindo-a com a da Igreja Católica. O segundo é por uma qualidade que se chama discernimento dos espíritos. Por ela somos capazes de discernir, mediante a fidelidade à graça de Deus, aqueles que têm verdadeiramente o espírito da Igreja. Se formos fiéis às graças que recebemos, saberemos quem é de Deus e quem não o é. Ora, está de acordo com a ordem desejada pela Providência que tenhamos, guiados por esse discernimento, uma confiança especial naqueles que temos certeza de que nos levam para Deus, sacrificando inclusive, dentro do limite da prudência – pois infalível é apenas a Igreja Católica – algo de nossa opinião pessoal.

Isto se dava com os fiéis franceses daquele tempo. Eles tinham a graça suficiente para ver em São Luís Grignion um homem de Deus. Deviam, portanto, corresponder a essa graça e crer nesse homem. Se cressem nele, estariam bem; se não, estariam mal. Esse discernimento dos espíritos, nenhum fiel pode deixar de praticar. No Antigo Testamento ele era necessário para se reconhecer os verdadeiros profetas, pois havia muitos impostores.

Atualmente a prática desse discernimento tornou-se mais fácil, pois temos o magistério infalível da Igreja. A adesão a este Magistério é um critério seguríssimo de verdade, mesmo que esteja contra a opinião de todos os homens.

Há ainda outro critério: quando sentimos que alguém revela um espírito de obediência absoluta à Igrejade tal maneira que seja capaz de abandonar qualquer opinião própria, se a Igreja disser o contrário; que tenha, portanto, verdadeira humildade em relação a Ela, então podemos nele confiar. Quando não o sentimos, tomemos as devidas precauções.

Em São Luís Grignion era admirável a disciplina absoluta que tinha em relação à Igreja Católica, de maneira tal que escrevia tudo isso porque estava de acordo com Ela. Se, porventura, a Santa Sé alterasse em qualquer coisa a doutrina exposta por ele, submeter-se-ia e renunciaria a tudo o que fosse preciso. Esta é a disposição que tem um verdadeiro católico, e é por ela também que se reconhece o verdadeiro católico.

Enfim, fica atestado que os problemas da época de São Luís Grignion eram semelhantes aos que têm existido na Igreja, em outras épocas. Diante disso, ele era obrigado a usar uma tática ardilosa e indireta, para dizer o que queria. Isto vem refutar, por si só, aqueles que acham que a virtude é inteiramente simples, cândida e sem artifícios. Pelo contrário, sua linguagem pode ser, por vezes, artificiosa e até apimentada. Ele usa dela para inculcar nos fiéis as qualidades da verdadeira devoção mariana: afeto, força, persuasão.

Assim deve ser a ação do apóstolo que deseja a propagação da devoção à Virgem Santíssima

***

Veremos no próximo Post como São Luís Grignion introduz o conceito de escravo de Maria por amor a Deus.

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado05.htm#.Y_gbH3bMK3A

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