Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 9 anos — Atualizado em: 5/1/2017, 9:28:22 PM
Na noite de domingo último o Brasil profundo e real respirou aliviado. Via caminho depois das avassaladoras manifestações de norte a sul. Desta vez, não foi como em 2013 e 2015, reivindicações de vários tipos, algumas confusas, parte delas até mesmo contraditória. As exigências surgiram bem compendiadas no protesto focado: Fora Dilma, fora PT.
Em síntese, os manifestantes, fartos da roubalheira, queriam o PT fora do governo. O ronco das multidões iradas ecoou longe, simbolicamente despejou a inquilina do Planalto. Renúncia, impeachment ou cassação do mandato pelo TSE são as saídas constitucionais. Fala-se também, ainda com pequena probabilidade de êxito, na instauração do semiparlamentarismo (ou semipresidencialismo), em que Dilma Rousseff se arrastaria, com poderes diminuídos, até 2018. De outro lado, o juiz Sérgio Moro saiu das manifestações como o grande herói anticorrupção. Simplificar no caso permitiu comunhão de sentimentos, viabilizou o impacto, deu ao Brasil a necessária sensação de luz no fundo do túnel.
Agora o day after, o complemento. Passado o momento da síntese acalorada, chegou a hora da análise fria, e assim salvar a esperança.
Um primeiro ponto. Sei, a partir de agora, posso a alguns parecer pesado, paciência; prefiro a impopularidade passageira à desmoralização perene. Nas manifestações do último domingo o Brasil esbravejou um basta aos corruptos. É a mais compreensível, louvável, comum e fácil das raivas na cena pública, facilmente caminho para desastres, se for apenas madeira para incendiários juízos precipitados. Em 1930, a grande denúncia foram os “carcomidos”, os políticos da República Velha. Em 1964, a corrupção e a subversão, mais a primeira que a segunda, foram as grandes denúncias. Ponho à luz aspecto quase nunca comentado: a partir de então, pouco de sério efetivamente se fez no campo ideológico e das mentalidades. O Brasil, na calmaria das superfícies, pela atuação multifacética das esquerdas por seguidos lustros foi preparado a fundo para o período da República Nova, inaugurada em 1985. O PT surfou nesta onda. Quem não se recorda, durante anos para larga faixa do público foi o partido da ética (O PT não rouba, nem deixa roubar). Neste aspecto, o 13 de março, representou golpe forte na esquerda; de fato foi mais antigoverno que antiesquerda. E seria mais tranquilizador a atenção de fundo também fixada na ameaça totalitária, no perigo do hegemonismo, na expansão do coletivismo. Tudo isso não vai parar, se a opinião do povo brasileiro não parar o PT.
Os protestos antipetistas do 13 último foram apenas começo promissor, ainda muito ameaçado. Virá reação implacável, muita gente obcecada sente-se ameaçada em seus mais importantes planos. O PT tem na direção, posições decisivas, adeptos fanatizados de seita ideológica, cuja meta é, pelo projeto de poder, ir até seu objetivo, a saber, criar um tipo humano ateu, igualitário, libertário. Salvo casos raros, seus adeptos são inamovíveis em suas convicções e em seus objetivos. Esse grupo só se preocupa com a generalização da pobreza provocada pelas políticas petistas, na medida em que, no momento, prejudica seu caminho para o objetivo final. Lançará mão de todos os recursos para preservar as possibilidades de chegar logo que possível ao objetivo. Dilma Rousseff certa vez disse: “Nós podemos fazer o diabo quando é hora de eleição” E Aloízio Mercadante há pouco, na mesma direção, sentenciou:“Em política, tudo pode”. O mais recente golpe foi a posse de Lula no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. As jararacas (não é só Lula, é muito mais) vão fazer o diabo, sem escrúpulos, para virar o jogo. Mesmo acordos com as forças oposicionistas e o desembarque de Dilma Rousseff.
A Paraná Pesquisas realizou levantamento sem critérios seletivos (Só dois, maiores de 16 anos, 56% de homens, 44% de mulheres) entre o público que protestou na Paulista no dia 13, tendo sido perguntadas 1.200 pessoas das 12 às 18 horas. Voto para presidente: Aécio 29%; Bolsonaro, 16%, Marina 12%, Caiado 4%, Ciro Gomes 4%, Cristóvão Buarque 3%, Lula 2%, nenhum 21%. Avaliação acerca da oposição 42% a julgam omissa, 38% a consideram branda/passiva.
O que sai do retrato momentâneo? Um dado pisca vermelho: 80% do público não se vê representado pela oposição. É terreno de si saudável, evidencia exigência muito maior de energia antiesquerdista; de outro lado, facilmente podem medrar aventureiros portadores de propostas desastrosas. Ainda se vê enorme dispersão de opiniões. Em resumo, a exasperação popular manda avisos para todo mundo. Entre outros, de grande importância: para a direita, falta cristalização e enraizamento de princípios; para a esquerda, o esquerdismo triunfante na imprensa em geral esconde conservadorismo latente. É perigoso cutucar a fera adormecida, sobretudo com crise econômica brava. Tem caminho? Sem dúvida, depende fundamentalmente não dos políticos, nem do Judiciário, nem da imprensa, mas do rumo da inconformidade popular.
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