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Universitários chineses estão fartos das aulas obrigatórias de marxismo


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Universitários chineses estão fartos das aulas obrigatórias de marxismo

Quem quiser um titulo universitário na China deve ser aprovado na disciplina obrigatória de marxismo. O presidente Xi Jinping vem desenvolvendo uma campanha de intensificação do comunismo entre a juventude.

A doutrina marxista é a base ideológica do gigantesco e todo-poderoso Partido Comunista da China (PCC), o qual, entretanto, está se sentindo como um colosso que contempla seus pés de barro cada vez mais quebradiços.

Isso porque o socialismo teórico não faz senão perder fôlego na juventude!

Os estudantes não gostam de imposição e, menos ainda, da filosofia igualitária dessa doutrina. “É chata, não é útil e é uma perda de tempo”, disse categoricamente um estudante de Guangzhou que cursa o primeiro ano, citado em reportagem da UOL.

“Quase 99% dos estudantes pensam do mesmo modo. Não tem outra utilidade senão memorizar para o exame” – acrescentou. De fato, são muitos os estudantes chineses que ignoram esta disciplina, só a suportando para concluir a universidade.

China's President Xi Jinping addresses the Australia China state and provincial leaders forum in Sydney, Australia Wednesday, Nov. 19, 2014.(AP Photo/Jason Reed, Pool)
O presidente Xi Jinping quer mais marxismo na juventude, mas essa acha-o ‘chato’ e os que aderem visam retornos na corrupção da administração pública.

Nas aulas – informou a agência EFE – os alunos se “desligam” e repassam conteúdos de outras disciplinas em seus aparelhos eletrônicos.

Os professores explicam a história chinesa na tediosa ótica da ideologia marxista, para preencher a sua obrigação.

“Para ser honesta, não acredito que seja uma disciplina útil. Simplesmente é obrigatória”, opinou uma jovem universitária de Pequim.

Ela até quer apreender algo, porque “quero ser parte do PCC, portanto tenho de estudar as leituras políticas essenciais”.

De fato, a falta de convicção ideológica sincera nas próprias fileiras do Partido Comunista é mais uma fonte de preocupação para a cúpula dirigente.

O número dos membros do partido do governo diminui, e os que ficam é porque farejam lucros com a corrupção da administração pública.

Uma estrangeira – a espanhola Irene Torca, estudante da Universidade de Finanças e Economia de Xangai – mostra mais fervor que seus colegas chineses: “É uma das disciplinas mais interessantes que fiz”, contou, assegurando que “às vezes aprendo mais sobre China nesta aula que lendo na imprensa”. O elogio não tem muito conteúdo, mas é algo.

A mão de ferro da ditadura paira sobre o ensino do marxismo e os estudantes têm medo de falar ou de se identificar.

Dos entrevistados, só um aluno chinês e dois professores de Xangai permitiram publicar seus nomes.

People chat in front of a statue of Karl Marx and Friedrich Engels at Fuxing Park in Shanghai, China, on Sunday, April 10, 2016. China's economy stabilized last quarter and gathered pace in March as a surge in new credit helped the property sector rebound while raising fresh question marks over the sustainability of the debt-fueled expansion. Photographer: Qilai Shen/Bloomberg
Culto de Marx e Engels na China só atrai velhos, jovens fogem

Os acadêmicos marxistas na China estão ficando cada vez mais raros.

Segundo o jornal oficial “Global Times”, escasseiam as pessoas com conhecimentos essenciais para ensinar o marxismo, embora haja bastante dinheiro oficial para remunerá-las.

Em 2015, o governo lançou o I Congresso Mundial de Marxismo, com 400 acadêmicos de todo o mundo. Também criou o fundo acadêmico Ma Zang, de textos sobre marxismo, dotando-o com 152 milhões de yuans (cerca de R$ 83 milhões).

Pensadores marxistas chineses estão alertando para a marginalização desta teoria nas universidades do país, enquanto cresce o interesse pela religião.

Nas estatísticas, o Cristianismo tem mais adeptos que o Partido Comunista, e os alunos procuram escolas de pensamento liberais que questionam a interpretação socialista do mundo.

No começo do ano, o ministro da Educação chinês, Iuane Guiren, garantiu que os livros que promovem “valores ocidentais” ou “difamam” o PCC não seriam aceitos nas salas de aula universitárias.

Pouco antes, acrescentou a UOL, a agência oficial de imprensa “Xinhua” publicou um decreto do PCC que cobrava das universidades “fortalecer a convicção nos ideais adequados”.

Quando uma ideologia não consegue persuadir ou seduzir, ela está morta nas mentes. E não adianta querer impô-la pela força.

Este é o declínio que depaupera o comunismo chinês e acena para um futuro esperançoso dessa grande nação asiática.

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Luis Dufaur

Luis Dufaur

1042 artigos

Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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