Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

UTOPIA IGUALITÁRIA — Aviltamento da dignidade humana

Por Revista Catolicismo

8 minhá 7 anos — Atualizado em: 2/16/2018, 8:16:40 PM


“O termo igualitarismo é um neologismo indicando a intenção revolucionária de nivelar por baixo todos os valores, ou seja, de amesquinhar a personalidade dos homens” [Foto: Luis Guillermo Arroyave]

Faz parte do mito igualitário imaginar que qualquer superioridade gera opressão nos subalternos. Tal concepção marxista é desmascarada por Dr. Adolpho Lindenberg na sua obra. Ele demonstra que as desigualdades harmônicas e proporcionadas são desejadas por Deus, que ama todos seus filhos — ricos e pobres, grandes e pequenos, nobres e plebeus — e as estabeleceu na Criação para o esplendor da ordem social e a beleza do Universo.

A utopia e a ditadura igualitária, pelo contrário, subjugam e aviltam — observa o autor — a mentalidade das pessoas no mundo moderno, roubando-lhes o que há de melhor para o enriquecimento de suas personalidades e impedindo-as de cumprir plenamente a finalidade para a qual Deus as criou.

Entrevistamos Dr. Adolpho sobre diversas questões relacionadas com o palpitante tema de seu recente livro Utopia Igualitária. Ele é um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e atual presidente do Instituto que leva o nome de seu primo-irmão, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Engenheiro pela Universidade Mackenzie, sua atividade profissional sempre esteve relacionada com a Construtora Adolpho Lindenberg, uma das mais conceituadas no País, que se notabilizou pela reintrodução do estilo colonial e o lançamento do estilo neoclássico na construção de edifícios.

“O homem-massa, incapaz de elevar os olhos para o maravilhoso e o sublime, como aquele descrito por Aldous Huxley, é o modelo proposto pelos propugnadores do igualitarismo” [Na imagem acima, Dr. Adolpho dedica exemplares de seu livro – Foto PRC]

Catolicismo — O que o levou a escrever esse livro no momento atual?

Adolpho Lindenberg — Dr. Plinio Corrêa de Oliveira sempre apontou o igualitarismo como sendo a essência da Revolução — um movimento que visa destruir as ruinas remanescentes da Cristandade —, e que só em nossos dias adquiriu dimensões extremas, de tal magnitude que a denuncia dessa “revolução igualitária” tornou-se impreterível.

Catolicismo — No livro, o senhor utiliza o termo igualitarismo relacionando-o com alguma ideologia?

Adolpho Lindenberg — Esse termo é um neologismo indicando a intenção revolucionária de nivelar por baixo todos os valores, ou seja, de amesquinhar a personalidade dos homens, sua dignidade, sua honra, e todas as demais características que tornam os seres diferentes uns dos outros. É como se assistíssemos ao nascer de um mundo novo com novos paradigmas — nivelamento social, bem-estar do corpo, eliminação das hierarquias —, os quais seriam responsáveis por todas as rivalidades, por todos os ódios, ressentimentos e guerras. O homem-massa, uniformizado, incapaz de elevar os olhos para o maravilhoso e o sublime, como aquele descrito por Aldous Huxley, é o modelo proposto pelos propugnadores do igualitarismo.

Catolicismo — No momento atual, qual é o alvo visado pelos defensores da “revolução igualitária”?

“O alvo dos defensores do igualitarismo sempre foi e será nivelar Deus ao nível dos homens. Eles adotam a doutrina panteísta, que nega a transcendência absoluta do Criador” [Na foto acima: O hippismo em Woodstock (1969)]

Adolpho Lindenberg — O alvo deles sempre foi e será nivelar Deus ao nível dos homens. Eles adotam a doutrina panteísta, que nega a transcendência absoluta do Criador de todas as coisas em relação às criaturas. Rebaixando a Figura Divina, fica mais fácil destruir na mente humana a compreensão de Deus como o Todo-Poderoso, Magnificente, Infinito, Criador do Céu e da Terra, Juiz Supremo no Final dos Tempos. Eles divulgam a imagem de um Deus semelhante à de um “Papai Noel”, velhusco, conivente e indulgente para com os nossos pecados, sentado nas nuvens, sem nenhuma majestade.

Catolicismo — Quais são as ideologias que mais favoreceram a propagação dos ideais igualitários?

Adolpho Lindenberg — Conforme está descrito na obra Revolução e Contra Revolução de Dr. Plinio, o igualitarismo começou quando a sociedade medieval deixou de ser teocêntrica. O passo seguinte foi a Revolução Francesa (1789), propondo o fim de todas as distinções sociais. Mais tarde adveio o comunismo (1917), propondo o nivelamento econômico e a ditadura do Estado. Finalmente, surgiu o movimento hippie, vanguarda extrema no terreno cultural — anarquista, disposto a combater tudo o que se relacione com ordem, hierarquia, harmonia, beleza e esplendor.

Catolicismo — Seria possível descrever mais pormenorizadamente essa última etapa do processo revolucionário?

Adolpho Lindenberg — A tão celebrada ruptura com o mundo clássico, ocorrida logo após a Primeira Guerra Mundial, através da difusão da arte, da arquitetura e da música modernas, teve por objetivo erradicar todas as formas de beleza, de proporcionalidade, de cognoscibilidade e de elevação que presidiam até então a criação das obras de arte e o modo de as pessoas se vestirem, falarem e se comportarem. A ponta de lança desse flagelo é a Arte Contemporânea, que difunde o nauseabundo, o hermético, o absurdo, o caos.

Catolicismo — Aprendemos nas escolas que a Idade Média foi um “período de trevas” — de estagnação, fanatismo e difamações semelhantes. E que a época histórica, desde o fim da Idade Média até a Revolução Francesa, denominada Ancien Régime, foi um período de snobismo, privilégios e prepotências. Por que razão o senhor elogia em seu livro essas épocas, afirmando que suas virtudes suplantaram seus vícios?

Adolpho Lindenberg — Essas críticas feitas nos dias atuais ao período medieval estão sendo desclassificadas. Historiadores sérios e sociólogos de peso — muitos deles não católicos e, portanto, insuspeitos — nos apresentam um quadro totalmente diverso. Na Idade Média, a preocupação central não era levar uma vida gostosa, emoliente, mas em direcioná-la para um louvor a Deus. Os hábitos primitivos e pagãos dos bárbaros foram sendo gradativamente substituídos por um teor de vida civilizado, cristão, com certa nota de candura e simplicidade. A figura luminosa de São Luís IX, rei da França, encarna de modo perfeito os ideais dominantes naquele tempo.

Catolicismo — Certos historiadores parciais referem-se a torturas, guerras, perseguição às ciências na Idade Média…

Duchamp, o criador da arte contemporânea, apresentou um mictório como peça artística central de uma de suas amostras. E a mídia revolucionária se encarregou de propagar uma extravagância como essa.

Adolpho Lindenberg — No tocante às ciências, nada houve que se assemelhasse a uma hostilidade; pelo contrário, hoje em dia está provado que o período medieval caracterizou-se por um progresso acentuado em todas as áreas do conhecimento humano. Torturas e guerras houve, embora menos do que na Renascença. E cumpre lembrar que os costumes bárbaros vigentes em épocas anteriores só com o tempo foram eliminados, e pouco-a-pouco os bárbaros foram sendo civilizados. A prática das virtudes se estabeleceram ao longo das gerações. O reto agir fez com que os homens aprimorassem suas personalidades, seu modo de ser, sua aparência e passassem a apreciar as coisas por sua beleza, classe e sacralidade. Noutras palavras, as pessoas foram ficando mais civilizadas, mais finas e cultas.

Catolicismo — Em sua obra, o senhor cita exemplos isolados do quotidiano para demonstrar os avanços do igualitarismo, por exemplo, o abandono do uso da gravata ou a montagem de uma poltrona ergométrica. O senhor julga que tais exemplos são suficientes para corroborar suas críticas ao mundo moderno?

Adolpho Lindenberg — Isoladamente, de fato eles dizem pouco, mas vistos em seu conjunto — talvez fosse o caso de enumerar outros fatos numa segunda edição — comprovam que não são inovações esporádicas, mas fazem parte, ao lado de centenas de outros, de uma inundação que mais cedo ou mais tarde vai cobrir o mundo inteiro, pois se trata de um plano universal. Assim, por exemplo, o abandono da gravata parece algo secundário. Mas se essa ablação for acompanhada por dezenas de outras simplificações — o uso de camisas com punhos arregaçados, de bermudões para homens de forma e cor indefinidas, a moda Kitsch para as mulheres —, ficará demostrado que fazem parte de um plano universal, visando rebaixar a aparência humana, tirando-lhe o prumo, a grandeza e o brilho.

Catolicismo  “Plano universal”? O que significa isso?

Adolpho Lindenberg — Para a difusão, num primeiro momento da Arte Moderna e atualmente da Arte Contemporânea, colaboram grandes entidades de caráter mundial, que intentam criar um mundo novo e igualitário, nos antípodas da Cristandade de outrora: a ONU, a União Europeia, fundações como Rockfeller, Ford, Gates e dezenas de outras, bem como universidades dominadas pelo pensamento marxista, grandes grifes orientadoras da moda, revistas e jornais de ponta, e o jet-setinternacional.

Catolicismo — Se esse movimento revolucionário nivelador possui essa força, que procedimento o senhor recomendaria aos nossos leitores?

Adolpho Lindenberg — De início, um esforço pedagógico: eliminemos de nós mesmos as condescendências com esse mundo novo extravagante, bem como essa arte hermética e absurda que nos está sendo imposta. Num segundo momento, procuremos alertar nossos amigos e conhecidos para que vejam com isenção de ânimo o quanto é incongruente e de baixo nível as obras apresentadas nos museus e exposições de vanguarda. Um só exemplo: Duchamp, o criador da arte contemporânea, apresentou um mictório como peça artística central de uma de suas amostras. E a mídia revolucionária se encarregou de propagar extravagâncias como essa.

____________

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 801, Setembro/2017.  

www.catolicismo.com.br

Detalhes do artigo

Autor

Revista Catolicismo

Revista Catolicismo

261 artigos

Catolicismo é uma revista mensal de cultura que, desde sua fundação, há mais de meio século, defende os valores da Civilização Cristã no Brasil. A publicação apresenta a seus leitores temas de caráter cultural, em seus mais diversos aspectos, e de atualidade, sob o prisma da doutrina católica. Teve ela inicio em janeiro de 1951, por inspiração do insigne líder católico Plinio Corrêa de Oliveira. Assine já a revista e também ajude as atividades do IPCO! Acesse: ipco.org.br/revistacatolicismo

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados