Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:51:11 PM
As manifestações do dia 15 de março último demonstram um Descontentamento – com “D” maiúsculo – do povo brasileiro com os dirigentes de nossa nação. Tal Descontentamento não surgiu da noite para o dia e reflete, a nosso ver, uma alergia ao socialismo que Plinio Corrêa de Oliveira comentou há quase quarenta anos.
Em 1976, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira acrescentou uma terceira parte à sua já então famosa obra Revolução e Contra-Revolução, cuja primeira edição foi publicada em 1959.
Nessa terceira parte, Dr. Plinio analisa o declínio do poder de liderança revolucionária do comunismo, então em seu auge de domínio territorial, e a “diminuição do poder persuasivo direto do credo vermelho sobre as multidões” (*).
O fruto e a prova desse declínio era a metamorfose que o comunismo se impôs. Ele “afivelou uma sorridente máscara, de polêmica se tornou dialogante, simulou estar mudando de mentalidade e de atitude, e se abriu para toda espécie de colaborações com os adversários que antes tentava esmagar pela violência”.
“No auge de seu poder, comenta Dr. Plinio, [o comunismo] deixou de ameaçar e agredir, e passou a sorrir e pedir.”
E não só o comunismo, mas sua vertente socialista também estava diante de um obstáculo: a alergia anti-socialista de que dava prova o resultado das eleições gerais “na Suécia, Alemanha Ocidental e Finlândia, bem como as eleições regionais e a atual instabilidade do gabinete trabalhista na Inglaterra.” Estes fatos “falam bem da inapetência das grandes massas em relação aos ‘paraísos’ socialistas.”
E em nota, Dr. Plinio ressalta esse ponto com as seguintes considerações, que vemos aplicáveis a atual situação de nosso Brasil atual:
“Essa tão vasta saturação anti-socialista na Europa Ocidental, se bem que seja fundamentalmente um revigoramento do centro e não da direita, tem um alcance indiscutível na luta entre a Revolução e a Contra-Revolução. Pois na medida em que o socialismo europeu sinta que vai perdendo as suas bases, seus chefes terão de ostentar distanciamento e até desconfiança em relação ao comunismo. Por sua vez, as correntes centristas, para não se confundirem, perante os seus próprios eleitorados, com os socialistas, terão que manifestar uma posição anticomunista ainda mais acentuada que a destes últimos. E as alas direitas dos partidos centristas terão de se declarar até militantemente anti-socialistas.
“Em outros termos, passar-se-á com as correntes esquerdistas e centristas favoráveis à colaboração com o comunismo o mesmo que ocorre com um trem quando a locomotiva é freada de modo brusco. O vagão imediatamente seguinte a esta recebe o choque e é projetado em direção oposta ao rumo que vinha seguindo. E, por sua vez, esse primeiro vagão comunica o choque, com análogo efeito, ao segundo vagão. E assim por diante até o fim do comboio.
E conclui com duas perguntas de suma atualidade:
“ – A presente acentuação da alergia anti-socialista será apenas a primeira manifestação de um fenômeno profundo, chamado a depauperar duravelmente o processo revolucionário? Ou será um simples espasmo ambíguo e passageiro do bom senso, dentro do caos contemporâneo? — É o que os fatos até aqui ocorridos não nos permitem ainda dizer.”
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(*) Revolução e Contra-Revolução, 1998, São Paulo.
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