Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 2 anos
Guilherme de Grimoard nasceu em Grisac, no Languedoc, França, em 1310, numa família de cavaleiros. Educou-se em Montpelier e Toulouse, e entrou no mosteiro beneditino na pequena abadia de Chirac.
Homem de penitência, obediente ao regime monástico até a morte, proferiu os votos monásticos no convento de São Vitor, de Marselha. Lá cresceu seu amor pela Ordem de São Bento, de tal maneira que, depois de Papa, ele continuou usando o hábito beneditino. Mais tarde afiliou-se ao famoso mosteiro de Cluny.
Depois de lecionar em várias universidades, tornou-se Vigário Geral em Clermont e Uzés, abade de São Germain de Auxerre, e legado pontifício na Lombardia.
Os Papas residiam em Avinhão desde 1309, mas já pensavam em voltar para Roma. Santa Brígida da Suécia tentara isso em vão. O abade Guilherme desenvolvia grande atividade diplomática na Itália para obter esse regresso.
Ocorreu que durante a longa estadia dos papas em Avinhão, seus territórios na Itália, embora nominalmente sob a autoridade da Igreja, de fato estavam nas mãos de diversos senhores locais, o que criava um estado de completa anarquia.
O papa Inocêncio VI, para preparar o possível retorno do papado à Roma, encarregou o cardeal espanhol Egidio d’Albornoz, homem enérgico, combativo e prudente – fora arcebispo de Toledo e tivera que sair do país por desavenças com o rei –, de restaurar a autoridade papal nos territórios da Igreja na Itália.
O enérgico cardeal pôs-se em campanha com muito sucesso, utilizando todos os poderes que lhe foram concedidos pelo Papa.
Entretanto, Inocêncio VI morreu em 12 de setembro de 1362. L’Albornoz recusou a tiara que lhe era ofertada, sendo eleito o francês Guilherme de Grimoard, que adotou o nome de Urbano V. Isso apesar de ele não ser cardeal, o que ocorreu porque, devido à inveja mútua que havia no Sacro Colégio, os cardeais quiseram escolher alguém que não o fosse. Aliás, o abade era conhecido por sua virtude e saber, e sobretudo por sua habilidade nos negócios práticos de governo e na diplomacia. Ele foi um dos sete Papas que, de 1309 a 1377, residiram em Avinhão.
Urbano V confirmou L’Albornoz em suas operações militares, por ser o único que soube lidar com sucesso contra a agressão inescrupulosa do milanês Bernabò Visconti contra os domínios papais. A obstinada resistência do milanês foi o principal obstáculo à cruzada que Urbano queria fazer contra os turcos.
Por isso, quando todas as outras alternativas falharam, na primavera de 1363 o papa proclamou uma cruzada contra Bernabò. O cardeal L’Albornoz alcançou brilhante vitória contra o tirano, e sua completa submissão ficou só uma questão de tempo.
Entretanto, a ideia da cruzada contra os turcos estava tão radicada na mente do papa, que no dia 13 de março de 1364 ele fez paz com Bernabò, em condições extremamente favoráveis ao usurpador, que recebeu 500 mil florins para a restituição dos territórios pontifícios ocupados por ele.
Já anteriormente ocorrera que, em março de 1363, o rei de Chipre e o titular de Jerusalém, Pedro de Lusignan, foram a Avinhão pedir ao Papa ajuda contra os turcos. Atendendo ao pedido, na Sexta-Feira Santa, dia 31 de março, Urbano pregou uma cruzada, e deu a cruz aos reis da França, Dinamarca e Chipre.
Entretanto o rei de Chipre, que comandava a nova cruzada, apesar de ter capturado Alexandria em outubro de 1365, foi incapaz de manter a conquista, e abandonou-a, fracassando assim o plano do Papa. O que mostra que, infelizmente, o espírito de cruzada já estava praticamente morto na Europa.
O cardeal L’Abornoz havia cumprido a difícil tarefa que lhe fora confiada por Inocêncio VI, e havia mais uma vez colocado todos os territórios do Estado papal sob o controle papal, o que tornava possível ao Papa retornar a Roma. Mas o cardeal não recebeu a gratidão que tanto merecia. Por ingenuidade Urbano V, dando crédito aos inimigos do cardeal que o acusavam de se apropriar do dinheiro papal, removeu-lhe da administração da Romagna, que foi confiada ao arcebispo de Ravena. Como resultado disso, o cardeal pediu para ser chamado de volta da Itália, e escreveu categórica carta ao papa, na qual prestava contas de sua gestão. Urbano V reconheceu seu erro e, em resposta, concedeu o devido reconhecimento pelo serviço inestimável que Albornoz prestara ao papado.
O Papa Urbano decidiu então retornar a Roma uma vez que a legalidade nos Estados Pontifícios fora restabelecida pelo valoroso cardeal espanhol.
Entretanto, os membros da Cúria não quiseram ouvir falar de retorno, e os cardeais franceses ameaçaram mesmo abandonar o Papa se o fizesse. Mas Urbano, manteve-se firme.
Foi assim que, em abril de 1367, o Papa deixou finalmente Avinhão a caminho de Roma, mas nela chegando só no dia 16 de outubro de 1367, por causa da confusão reinante na Itália. L’Albornoz, que reconquistara a confiança papal e não guardava rancor, o recebera em Viterbo, mas morreu antes que Urbano pudesse entrar na Cidade Eterna. Contudo, as Constituições para os Estados Papais do valoroso cardeal permaneceram em vigor até o fim do ano de 1816.
O Papa fundou as universidades de Cracóvia e de Viena, e obteve do Imperador a criação da Universidade de Orange. Ajudou também outras universidades, e aprovou as ordens religiosas das Brigittinas e dos Jesualdos. Também canonizou Santo Elzéar de Sabran, que fora seu padrinho. São Elzéar, Conde de Ariano, nascera na Provença, no sul da França em 1285. Foi governante, diplomata e líder militar. Cedendo ao desejo do rei Carlos II de Nápoles, ele se casou com Delfina de Glandèves. Na noite das núpcias, ela avisou o marido que havia feito voto particular de castidade. Elzéar optou então ao seu desejo de viver na virgindade, e fez o mesmo voto. Juntos eles entraram para a Ordem Terceira de São Francisco. Delfina foi beatificada pelo papa Urbano, e Elzéar canonizado por Gregório XI em 1371.
Diversas circunstâncias levaram esse santo Papa a voltar para Avinhão, apesar de Santa Brígida ter-lhe dito que, se o fizesse, morreria.
Entretanto, no dia 5 de setembro de 1370, tendo estado na Itália apenas três anos, Urbano V retornou a Avinhão. Como a Santa previra, no dia 24 do mesmo mês ele entregou sua alma a Deus.
Muitos milagres ocorreram em seu túmulo, mas seu culto só foi aprovado pelo Bem-aventurado Papa Pio IX em 1870.
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
2539 artigosO Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.
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