Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 8 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:47:47 PM
Autor: Credo Chile
http://www.credochile.cl/category/vistazo-de-la-semana/
As consequências das eleições norte-americanas podem de tal modo significar uma grande reviravolta na situação do mundo, que seria completamente sem sentido uma “análise da semana” que não se referisse ao triunfo de Trump.
Abordamos a questão do ponto de vista estritamente apolítico e dos interesses da civilização cristã, que são as perspectivas de Credo Chile.
O que triunfou nos Estados Unidos foi claramente uma reação conservadora, desgostosa com os rumos que norteiam a política norte-americana nos últimos anos. E o que nela houve de substancial se confirma no amplo apoio obtido pelos candidatos republicanos em ambas as Câmaras.
Tudo isso indica uma recusa da opinião pública norte-americana àquela corrente de pensamento predominante entre os democratas, conhecida como “politicamente correta”, isto é, ao establishment.
Não obstante essa reação antiestablishment seja profundamente saudável, ela não deixa ao mesmo tempo de projetar algumas sombras inquietantes.
Vejamos sumariamente ambas as perspectivas que se abrem com a nova presidência de Trump.
O saudável dessa reação é tão evidente, que salta à vista. Se havia uma candidata “politicamente correta”, esta era Hillary Clinton. Ela representava todas as “conquistas sociais”, a liberdade completa em matéria de costumes morais, aborto, uniões homossexuais, identidade de gênero etc. De onde sua profunda hostilidade à religião, em especial à católica, e a tudo que fosse conservador.
A derrota eleitoral desse paradigma não pode deixar de ser vista com enorme alívio, e com simpatia e esperança o triunfo do candidato opositor.
Com o triunfo dos conservadores na pessoa de Trump surge sem embargo uma preocupação, cuja importância internacional não havia tido até aqui todo o seu destaque. É que, juntamente com os aspectos “conservadores” daqueles que sustentam posições “politicamente corretas” — como a defesa das identidades nacionais, da família, da religião etc. —, projetam-se algumas dúvidas, consistentes em saber até onde chegará o “incorreto”, ou, mais precisamente, quem guiará a “incorreção” dessas políticas.
Um exemplo nos permitirá aquilatar essa preocupação. O atual presidente da Rússia.
Como se sabe, a propaganda russa apresenta um Putin [foto] que estaria liderando há vários anos uma política interior no bom sentido do “incorreto”. Na última semana, por exemplo, ele inaugurou uma enorme estátua de 25 metros de altura, de São Wladimir (seu próprio nome…), o fundador da Rússia cristã.
No entanto, simultaneamente, quase como outro braço do mesmo corpo, ele está promovendo a expansão de suas fronteiras à custa dos países libertados do jugo da ex-URSS, e ameaça aumentar ainda mais dita expansão.
Faz parte de sua posição não excluir nem condenar os períodos de Lênin e de Stalin, e menos ainda a influência ideológica e territorial da ex-URSS sobre o mundo inteiro. Esses tentáculos russos ex-soviéticos celebraram nas últimas semanas acordos com a Venezuela de Maduro e a ditadura de Ortega na Nicarágua, não obstante, ou precisamente por isso, ambos não esconderem sua filiação marxista.
Ou seja, as simpatias despertadas por Putin pela propaganda que o apresenta como favorável à família e contra o aborto (apesar de nada ter feito de substancial nesse sentido) se diluem quando vistas do prisma de seu ânimo expansionista e favorável à época soviética.
No caso do Presidente eleito Trump, inquietam suas declarações destemperadas como candidato; suas promessas isolacionistas; sua intenção de deixar a OTAN e a Coreia do Sul cuidarem de suas próprias defesas; os apoios internacionais suscitados numa vasta rede de partidos “populistas” em crescimento na Europa; a falta de referências morais e religiosas desses populismos; os vínculos com a Rússia de Putin; as diferentes posições assumidas ao longo de sua carreira etc. Todo esse conjunto de fatores não pode deixar de projetar uma pesada sombra no porvir.
Quando o “politicamente incorreto” constitui a oposição e a parte débil do panorama, suas posições em geral são boas, pois se definem como contrárias a todo o mal do “politicamente correto”. Mas como se comportará essa política “incorreta” quando passa a ser governo e representa a parte forte? Se ela se deixar levar somente pelos caprichos do “populismo”, o futuro não será tão promissor, pois dos temores populistas puderam sair o nazismo, o socialismo, o peronismo, e muitos outros “ismos” de nefastas consequências para a civilização cristã.
Ainda é cedo para dizer se essas sombras darão origem a chuvas benéficas ou a tempestades devastadoras. Mas seria ingênuo abster-se de levantar o problema e somente festejar, fechando os olhos para os aspectos sombrios do panorama.
Não podemos concluir estas linhas sem manifestar nossas esperanças de que os setores pró-família e antiaborto, que se manifestaram com tanta clareza nessas eleições, consigam dirigir essa poderosa nação pelos rumos que a fizeram autêntica, cristã e forte.
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