Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
9 min — há 3 anos — Atualizado em: 4/2/2022, 5:17:08 PM
“Estando uma vez diante do Santíssimo Sacramento, num dia de sua oitava, eu recebi de meu Deus as graças excessivas de seu amor. Eu me senti tocada do desejo de alguma restituição e de restituir amor com amor. E Ele me disse: “Tu não podes prestar um amor maior, do que fazendo aquilo do que Eu tantas vezes te pedi”.
Então, Ele pôs manifesto para mim o seu Divino Coração, e disse: “Eis o Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para se esgotar e consumar para lhes manifestar os seus testemunhos de amor. E, por reconhecimento, não recebo da maior parte dos homens senão ingratidões, irreverências e sacrilégios, e as friezas e desprezos que eles têm por mim nesse Sacramento de Amor. Mas o que me é ainda mais sensível é que são os corações daqueles que me são consagrados que procedem dessa forma comigo.
É por isso que te peço que na primeira sexta-feira da oitava do Santíssimo Sacramento, seja dedicada para uma festa particular para honrar o meu Coração, comungando nesse dia e fazendo uma reparação de honra para reparar as indignidades que Ele recebeu durante o tempo em que foi exposto nos altares. Eu te prometo também que meu Coração se dilatará para difundir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que lhe prestarem essa honra e que procurarem que essa honra lhe seja prestada”.
Cada uma das frases desse tópico é uma verdadeira maravilha. Para compreendermos bem, é preciso notar que Nosso Senhor falou isso num período em que os germens da Revolução já haviam penetrado bastante e o mundo para o qual Ele falou é o mesmo mundo que S. Luis de Montfort descreve com frases tão candentes.
Então, compreende-se que era uma humanidade que ainda frequentava os sacramentos, que ainda rezava, mas que estava em plena crise de ingratidão e de tibieza. E é para reparar essa ingratidão e tibieza que Nosso Senhor tem essas palavras: “Eis o Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para esgotar, consumar e testemunhar seu amor”.
Com efeito, Nosso Senhor não poupou nada, mas fez absolutamente tudo. Mas, este trecho tem aquele sentido das objurgatórias, dos impropérios da Semana Santa: “Meu povo, o que te fiz, no que te contristei?”
Aqui a mesma coisa: Eu fiz tudo por vós. Eu me esgotei e consumei para fazer tudo por vós. Entretanto, como reconhecimento, eu não recebo da maior parte senão ingratidões, por suas irreverências e seus sacrilégios, e pelas friezas e desprezos que eles têm por mim nesse Sacramento de Amor”. É uma coisa tremenda, mas é na própria Eucaristia, que é a manifestação mais extrema do amor de Nosso Senhor, ali mesmo Ele não recebe senão friezas e sacrilégios. Isso naquela época em que a Revolução já estava bem adiantada.
“Mas o que me é mais sensível, é que os corações que me estão consagrados façam assim para comigo”. Os corações consagrados já sabemos que são os do clero, dos religiosos, das religiosas que por seu estado de vida ligaram-se mais a Ele e que o machucam mais especialmente. Podemos incluir as almas que Nosso Senhor chamou para um apostolado muito especial que, embora sem voto, pediu que se consagrassem a Ele de modo muito especial, e que procederam muitas vezes para com Ele dessa maneira.
“É por isso que te peço que na primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada uma festa especial para honrar meu Coração”. E comungando naquele dia lhe façam uma reparação de honra, para reparar as indignidades que sofreu no tempo que estava exposto nos altares.
O fim especial é esse: como Ele é muito injuriado no tempo em que é exposto nos altares, no tempo em que aparece para nos fazer bem, então, fazer uma reparação especial por essas injúrias. A recompensa que Ele dá: “Eu te prometo que meu Coração se dilatará para difundir com abundância as influências de seu Divino Amor entre aqueles que lhe prestarem essa honra.
Se quisermos que as influências do amor de Deus, quer dizer, a graça se acenda em nós, o fogo do amor de Deus se faça sentir, se nos sentimos tíbios, se nos sentimos sem amor para a causa ultramontana, se queremos crescer na vida espiritual, há uma promessa: comungando nas primeiras sextas-feiras teremos a recompensa que as influências do amor de Deus se farão sentir sobre nós. Para os que fizerem um esforço para que essas honras também sejam prestadas pelos outros, alcançaremos nós as influências amorosas do Sagrado Coração de Jesus.
Como é que isso pode ser feito condignamente? Há uma sensação de desânimo que nos assalta quando pensamos nisso. Eu me apresentar diante de Nosso Senhor para fazer uma coisa condigna dEle? Quem sou eu para fazer algo condigno com Ele? O verdadeiro é fazer isso por intermédio do Imaculado Coração de Maria.
Pedir a Nossa Senhora que se associe a nós, que seja o canal desse ato reparador em nosso nome, como se fosse nosso. E então, prestaremos a Ele um culto perfeitíssimo. O culto sem mácula, sem jaça, que pode ser aquele de uma reparação.
Resumindo: oferecer nossa comunhão ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do Coração Imaculado de Maria, com a intenção especial de desagravar as ofensas que o Santíssimo Sacramento recebe quando está exposto no altar. E pedir, sempre por meio de Nossa Senhora, a graça do amor de Deus que deva restaurar a nossa alma. Assim podemos encerrar, oferecendo nossas orações de hoje, ou melhor, as intenções de nossas orações de hoje para que Nossa Senhora prepare as almas de todos os membros do Grupo para essa comunhão amanhã.
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[Conferência do Prof. Plinio em 1964 para sócios e cooperadores da TFP]
Plinio Corrêa de Oliveira
557 artigosHomem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".
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