Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
14 min — há 8 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:47:43 PM
A choradeira das esquerdas nacionais e internacionais — tanto do âmbito temporal quanto religioso — chegou ao auge e beira ao ridículo com a morte do “coma-andante” Fidel Castro. Este representava para as esquerdas uma utopia que precisava a todo custo sobreviver, apesar de ser tão velha quanto o próprio tirano da Ilha-presídio. Mas a Providência Divina o chamou para prestar suas contas no Supremo Tribunal de Deus.
Enquanto rolam as lágrimas das novas “carpideiras” do século XXI — os companheiros de Fidel e a mídia camarada dele —, o autêntico povo cubano comemora [fotos ao lado e abaixo]. Os cubanos celebram a expectativa do início do esperado fim do tirânico regime comunista que torturou de modo tão cruel, física e psicologicamente, lançando-os escravizados na mais negra miséria moral e material.
Sobretudo os cubanos no exílio, longe das garras do regime opressor, comemoraram euforicamente o dia 25 de novembro; celebrações que em Cuba foram evidentemente mais comedidas — aí daqueles que manifestarem grande alegria…. O luto é imposto e obrigatório! “Hay que llorar”.
Da obra intitulada “O Livro Negro do Comunismo — crimes, terror e repressão”(1999) [capa ao lado], muito bem documentada e de autores insuspeitos(*), pois pertencentes à ala esquerdista, no capítulo “Cuba. O interminável totalitarismo tropical” (entre as págs. 769 a 789), copiei para nossos leitores alguns trechinhos que demonstram que não há razão para lamentos e prantos. Marquei em negrito algumas frases.
“[…] Em 8 de janeiro de 1959, Castro, Guevara e os barbudos fazem uma entrada triunfal na capital. Desde a tomada do poder, as prisões de Cabana, em Havana, e de Santa Clara foram palco de execuções em massa. De acordo com a imprensa estrangeira, essa depuração sumária fez 600 vítimas entre os partidários de Batista, em cinco meses. Organizaram-se tribunais de exceção, criados unicamente para pronunciar condenações. ‘As formas dos processos e os princípios sobre os quais o direito foi concebido eram altamente significativos: a natureza totalitária do regime estava ali inscrita desde o início’, comprova Jeannine Verdès-Leroux. Realizaram-se simulacros de julgamentos num ambiente de feira: uma multidão de 18.000 pessoas reunidas no Palácio dos Desportos ‘julga’ o comandante batistiano Jesus Sosa Blanco, acusado de vários assassinatos, apontando os polegares para o chão. ‘É digno da antiga Roma!’, exclamou. Ele foi logo fuzilado.
[…]
“Desde a tomada do poder, surdas lutas viscerais minaram o jovem governo revolucionário. Em 15 de fevereiro de 1959, o primeiro-ministro Miro Cardona demitiu-se. Já comandante-chefe do exército, Castro substituiu-o. Em junho, decidiu anular o projeto de organizar eleições livres, anteriormente prometidas para um prazo de 18 meses. Perante os habitantes de Havana, justificou a sua decisão através desta interpelação: ‘Eleições! Para quê?’ Negava desse modo um dos pontos fundamentais inscritos no programa dos revolucionários anti-Batista. Além disso, suspendeu a Constituição de 1940, que garantia os direitos fundamentais, para governar exclusivamente por decreto — antes de impor, em 1976, uma Constituição inspirada na da URSS. Teve igualmente o cuidado de promulgar dois textos legais, a Lei nº 54 e a Lei nº 53 (texto relativo à lei sobre as associações), que limitavam o direito dos cidadãos a associarem-se livremente.
“Castro, que trabalhava então em estreita relação com os seus próximos, tratou de afastar os democratas do governo e, para conseguir esse objetivo, apoiou-se no seu irmão Raul (membro do Partido Socialista Popular, isto é, do PC) e em Guevara, sovietófilo convicto. Em junho de 1959, cristalizava-se a oposição entre liberais e radicais acerca da reforma agrária lançada em 17 de maio. O projeto inicial visava constituir uma média burguesia fundiária através de uma redistribuição de terras. Castro escolheu uma política mais radical, sob a égide do Instituto Nacional de Reforma Agraria (INRA), confiado a marxistas ortodoxos e do qual ele foi o primeiro presidente. Rapidamente, anulou o plano proposto pelo ministro da Agricultura, Humberto Sori Marin. Em junho de 1959, e para acelerar a reforma agrária, ordenou ao exército que tornasse o controle de cem latifúndios na província de Camagiiey.
[…]
“A violência do regime penitenciário atingiu tanto os presos políticos quanto os de direito comum. Começava com os interrogatórios conduzidos pelo Departemento Técnico de Investigaciones, a seção encarregada dos inquéritos. O DTI utilizava o isolamento e explorava as fobias dos detidos: uma mulher que tinha horror a insetos foi encarcerada numa cela infestada de baratas. O DTI usou pressões físicas violentas: havia prisioneiros que eram forçados a subir escadas calçando sapatos recheados com chumbo, e em seguida eram atirados degraus abaixo. À tortura física juntava-se a tortura psíquica, frequentemente com acompanhamento médico; os guardas utilizavam o pentotal e outras drogas, a fim de manter os presos acordados. No hospital de Mazzora, os eletrochoques eram usados com fins repressivos, sem qualquer restrição. Os guardas empregavam cães de guarda, procediam a simulações de execução; as celas disciplinares não tinham água nem eletricidade; o detido que se pretendia despersonalizar era mantido em completo isolamento.
“A prisão mais tristemente célebre foi, durante muito tempo, a de Cabana [foto], onde foram executados Sori Marin e Carreras. Ainda em 1982, cerca de cem prisioneiros foram ali fuzilados. A ‘especialidade’ de Cabana eram as masmorras de reduzidas dimensões chamadas ratoneras (buracos de rato). Ela foi desativada em 1985. Mas as execuções prosseguem em Columbio, em Boniato, prisão de alta segurança onde reina uma violência sem limites e onde dezenas de políticos são mortos de fome. Para não serem violentados pelos presos de direito comum, alguns se lambuzam com excrementos. Boniato continua a ser ainda hoje a prisão dos condenados à morte, sejam políticos ou de direito comum. É célebre pelas suas celas de rede de arame, as tapiadas. Por falta de assistência médica, dezenas de prisioneiros encontraram a morte nessas celas. Os poetas Jorge Valls, que devia cumprir 7.340 dias de prisão, e Ernesto Diaz Rodriguez, assim como o comandante Eloy Guttierrez Menoyo, testemunharam as condições particularmente duras que ali vigoram. Em agosto de 1995, ocorreu uma greve de fome lançada conjuntamente pelos presos políticos e pelos de direito comum, a fim de denunciar as condições de vida deploráveis: alimentação péssima e doenças infecciosas (tifo, leptospiro-se). A greve durou quase um mês.
“Algumas prisões voltaram a pôr em vigor as jaulas de ferro. No fim dos anos 60, na prisão de Três Macios dei Oriente, as gavetas (celas), destinadas originalmente aos presos de direito comum, foram ocupadas pelos presos políticos. Tratava-se de uma cela de 1 metro de largura por 1,8 metro de altura, e com um comprimento de uma dezena de metros. Nesse universo fechado, em que a promiscuidade é dificilmente suportável, sem água nem higiene, os prisioneiros permaneciam semanas, às vezes vários meses.
[…]
“As visitas dos familiares proporcionavam aos guardas o ensejo de humilhar os detidos. Em Cabana, eles deviam se apresentar nus perante a família. Os maridos encarcerados eram obrigados a assistir à revista íntima das esposas.
“No universo carcerário de Cuba, a situação das mulheres é especialmente dramática, uma vez que elas são entregues sem defesa ao sadismo dos guardas. Mais de 1.100 mulheres foram condenadas por motivos políticos desde 1959. Em 1963 elas eram encarceradas na prisão de Guanajay. Os testemunhos reunidos estabelecem o uso de sessões de espancamento e de humilhações diversas. Um exemplo: antes de passarem pela ducha, as detidas deviam despir-se diante dos guardas, que lhes batiam. No campo de Potosi, na zona de Lãs Victorias de Ias Tunas, contavam-se, em 1986(**), três mil mulheres encarceradas — estando misturadas delinquentes, prostitutas e políticas. Em Havana, a prisão de Nuevo Amenacer continua a ser a mais importante. Amiga de Castro de longa data, representante de Cuba na UNESCO nos anos 70, a doutora Martha Frayde descreveu assim esse centro carcerário, onde as condições de vida eram particularmente duras:
‘A minha cela tinha seis metros por cinco. cinco. Éramos 22 dormindo em catres sobrepostos a dois ou a três. […] Na nossa cela, chegou a acontecer de sermos 42. […] As condições de higiene tornavam-se totalmente insuportáveis. As tinas onde devíamos nos lavar estavam cheias de imundícies. Tornara-se absolutamente impossível fazer a nossa toilette. […] Começou a faltar água. A limpeza dos banheiros tornou-se impossível. Primeiro encheram e depois transbordaram. Formou-se uma camada de excrementos que invadiu as nossas celas. Depois, como uma onda irreprimível, atingiu o corredor e depois a escada, escoando-se até o jardim’.[…]
“No decorrer do verão de 1994, Havana foi palco, pela primeira vez desde 1959, de violentos tumultos. Candidatos à partida, não podendo embarcar nas balsas, as jangadas improvisadas [foto ao lado], confrontaram-se com a polícia. Nas ruas do bairro Colomb, a avenida marginal — o Malecón — foi saqueada. O restabelecimento da ordem implicou várias dezenas de detenções, mas, finalmente, Castro autorizou novo êxodo de 25 mil pessoas. Posteriormente, as partidas não cessaram, e as bases americanas de Guantánamo e do Panamá estão saturadas de exilados voluntários. Castro tentou igualmente travar essas fugas em jangadas, enviando helicópteros para bombardear as frágeis embarcações com sacos de areia. Cerca de sete mil pessoas pereceram no mar durante o verão de 1994. Ao todo, estima-se que um terço dos balseros morreu durante a fuga. Em 30 anos, teriam sido entre 25 mil e 35 mil os cubanos que tentaram a fuga pelo mar. No total, os diversos êxodos fazem com que Cuba tenha atualmente 20% dos seus cidadãos no exílio. Numa população global de 11 milhões de habitantes, perto de 2 milhões de cubanos vivem fora da ilha. O exílio desarticulou as famílias, e são incontáveis as que estão dispersas entre Havana, Miami, Espanha ou Porto Rico…
[…]
“Em 1978, havia entre 15.000 e 20.000 prisioneiros de opinião. Muitos vinham do M-26, dos movimentos estudantis antibatistianos, das guerrilhas de Escambray ou dos antigos da baía dos Porcos. Em 1986, estimava-se de 12.000 a 15.000 o número de prisioneiros políticos encarcerados em 50 prisões ‘regionais’ distribuídas por toda a ilha.
“Desde 1959, mais de cem mil cubanos conheceram os campos, as prisões ou as frentes abertas. Entre 15.000 e 17.000 pessoas foram fuziladas. […]”. (Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin, “O livro negro do comunismo. Crimes, terror e repressão”, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro).
Como acima mencionei, os autores do “O Livro Negro do Comunismo” são esquerdistas. Assim sendo, as cifras por eles citadas devem ser ampliadas, pois, o número de prisioneiros, torturados, fuzilados no famoso “paredón” está baseado em registros oficiais. Mas quantos infelizes “desapareceram” sem nenhum registro? Há outras informações seguras — por exemplo, as que constam no livro “Cuba comunista: vergonha de nosso tempo e de nosso continente” (1997), de autoria do cubano Sergio F. de Paz — denunciando que quase 500.000 de seus conterrâneos foram encarcerados ou passaram por campos de trabalho forçado. Sem falar de dezenas de milhares de cubanos afogados nas tentativas de fuga pelo mar. Também sem registrar que, devido à ideologia materialista do regime comunista, Cuba conta com altos índices de suicídios e abortos. A respeito, recomendo outro excelente livro “Hasta cuándo las Américas tolerarán al dictador Castro, el implacable stalinista que continua oprimiendo al pueblo cubano, y amenazando a naciones Hermanas?”, publicado em 1990 por iniciativa de “Cubanos Desterrados” (Miami) [foto acima].
Com tal “curriculum” nas costas, acumulado por quase 50 anos de tirania comunista, não causa surpresa a declaração de Fidel Castro ao jornalista Jean-Luc Mano, da revista “Paris Match”, em 29-10-1994:
“Eu irei para o inferno, e sei que o calor ali será insuportável… E lá chegando, encontrarei Marx, Engels, Lenine. E também encontrarei você, porque os capitalistas também vão para o inferno, sobretudo se desejam gozar a vida”.
Não se pode desejar o Inferno para ninguém. Convém, entretanto, lembrar que Fidel sabia perfeitamente da existência do Céu e do Inferno, pois estudou em colégio dos Padres Jesuítas, onde fez o catecismo.
Com o desaparecimento de sua única figura carismática e “legendária”, como a esquerda sobreviverá? Como tentará manter-se viva após a morte do tirano? Surgirá algum líder esquerdista substituto ao qual ela possa agarrar-se para não naufragar? Tal homem será do mundo laico ou do mundo eclesial? Conseguirá esse novo líder manter Cuba num regime castrista sem Castro? Quem viver, verá!
Mas, considerado sob outro aspecto, a choradeira dos companheiros do velho tirano é compreensível. Eles temem que um dia Cuba se veja totalmente livre do regime comunista e, desse modo, a antiga “Pérola do Caribe” volte à prosperidade de que outrora gozava.
Encerro transcrevendo o artigo abaixo, que explica esse temor das esquerdas e aponta o papel que Cuba exerce (exercia?) para o comunismo internacional. Seu autor é Plinio Corrêa de Oliveira — o líder anticomunista que mais se dedicou na defesa do povo cubano — e foi divulgado pela “Agência Boa Imprensa” em julho de 1992, ano em que a URSS desmoronava.
Plinio Corrêa de Oliveira
Se há no mundo atual um reduto revolucionário onde a bandeira comunista parece insultar os raios do sol com sua presença, esse reduto é Cuba.
Um pouco por toda parte, os comunistas ficaram estarrecidos e desconcertados com a espetacular degringolada do bloco soviético. Ora, o constatar que a Rússia soviética de repente se pulveriza, representou um baque psicológico espantoso para os comunistas no mundo inteiro.
Entretanto, é um fator de alento para todos eles ver que, na pequenina Cuba, ainda arde uma Tróia comunista, irradiando para as três Américas os seus malfazejos eflúvios eletro-políticos.
A Ilha-Prisão das Antilhas, porém, está imersa no caos. Castro parece estar com ‘falta de ar’, e a única saída possível para a sua delicada situação é o apoio propagandístico que lhe venha do exterior. Nesse sentido, caravanas faceiras de forâneos não têm faltado para lhe dar o indispensável respaldo.
Alegres próceres da esquerda católica brasileira, como Frei Betto [na foto ao lado, à esq. de Fidel Castro], Frei Boff e quejandos, lá estiveram. Fazendo coro com ecologistas e tribalistas, esses homens-show da teologia da libertação entregaram-se à mesma lenga-lenga de sempre, cujos termos são mais ou menos os seguintes: Em Cuba, vive-se feliz. Lá há miséria, é verdade. Mas qual é a diferença entre miséria e pobreza? E, no total, uma suportável pobreza não será melhor do que o consumismo?
Não podendo fazer outra defesa da ilha-cárcere, seus propugnadores entregam-se a essas desajeitadas defesas do miserabilismo. E pouco se incomodam de, por essa forma, concorrerem para que ali se perpetuem as brutalidades, as inclemências e os crimes do comunismo staliniano, fracassado no Leste europeu.
Tudo isso não obstante, o melhor proveito da presente situação cubana para os interesses do comunismo internacional, ainda acaba sendo aquele de porta-bandeira.
Só para comparar, afigure-se o leitor um submarino no qual o periscópio, ademais de sua função ótica, exercesse também outra, à maneira de escafandro, sendo responsável pela introdução do ar no interior da nave.
Pois bem, Cuba, de momento, representa o papel desse periscópio hipotético. Em meio à tripulação comunista sub-aquática, imersa nas águas da miséria, minguada, desanimada e asfixiada à vista do naufrágio do comunismo russo, ela introduz o ar nesses pulmões. De maneira que, se eles ainda respiram, é porque Cuba respira. E isso é de muito grande alcance.
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