Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
12 min — há 6 anos — Atualizado em: 7/6/2018, 5:49:17 AM
A matéria sobre a 2ª safra já se achava pronta, quando Brasília (não o Brasil) foi surpreendida pela paralisação dos caminhoneiros. Com efeito, não se tratou de greve, quase sempre promovida por pelegos sindicalistas, pois essa interrupção dos serviços foi de uma classe batalhadora e ordeira, ainda com um pouco do espírito de aventura do cavaleiro medieval.
Ela nos traz à memória a atividade das tropas, pois o caminhoneiro não é senão o novo tropeiro, conforme a definição de Luana Manzione Ribeiro em seu livro sobre tropeirismo: “Era um homem honesto, bravo de cultura simples e de extrema importância para formação cultural e geográfica do país, sendo considerado um dos ícones da nação brasileira. Seu ofício foi de extrema relevância para a interligação e comunicação das diversas regiões do país”.
Para se entender o fundo de quadro do problema faz-se necessário lembrar que o petróleo sempre existiu no mundo, e foi utilizado nas fogueiras, na calafetação de barcos, nas construções, na iluminação, nas lubrificações e até em chamas nas pontas de lanças dos guerreadores. Das citações mais antigas que se conhece, o capítulo 6 do Gêneses (Bíblia) aponta a existência de “(…) arca-de-madeiras aplainadas e calafetadas com betume por dentro e por fora” (Arca de Noé).
Quando menino cheguei a brincar com pedras incendiárias de betume (xisto) existentes no centro-sul do meu Paraná. Com o advento da indústria, e, sobretudo do motor a explosão, o petróleo tornou-se o combustível dos meios de transporte, surgindo daí as grandes companhias petrolíferas que iniciaram a sua exploração em escala, a partir do Oriente Médio, onde foi e continua sendo abundante.
No Brasil essa onda – o petróleo é nosso – nasceu no período Vargas. Em 1954 é fundada a Petrobrás para explorá-lo com exclusividade. Depois de 20 anos e gastando bilhões, a estatal produzia quase nada, tanto que na grande crise mundial do petróleo na década de 1970, em decorrência do conflito árabe-israelense, o Brasil foi obrigado a importá-lo, contraindo por isso enorme dívida, pretexto para a esquerda deblaterar contra o regime militar vigente, o FMI e os Estados Unidos.
O restante desta dívida com o FMI saldo foi “pago” durante o governo de Lula da Silva – cerca de 15 a 20 bilhões de dólares –, mas não sem a contrapartida da elevação da dívida interna que subiu para mais de 1(um) trilhão de dólares no final dos 13 anos do governo petista. O que aconteceu na verdade foi que demagogicamente o governo Lula pagou um sorvete ao FMI para ficar devendo um navio aos brasileiros.
Para compreender um pouco mais o problema brasileiro, reporto-me a alguns antecedentes históricos. Tendo eu terminado de ler o livro “Dom Pedro II”, do Prof. Murilo de Carvalho, apesar de minhas muitas ressalvas quanto à sua interpretação histórica, considero o geral de sua narrativa em que fica demonstrado que o Brasil naquele tempo era potência respeitada em todo o mundo.
Antes de tudo pela estabilidade política, alicerçada na sólida Constituição de 1824, e não a “colcha de retalhos” promulgada em 1988, e que já possui quase 100 emendas. Os 50 anos de estabilidade política propiciaram um desenvolvimento semelhante ao dos países tidos como desenvolvidos. No que se refere aos transportes, a nossa matriz era: hidrovias e ferrovias, além dos tropeiros. A Monarquia nos legou 18 mil km de estradas de ferro.
Dom Pedro II contratou um hidrólogo francês, que juntamente com um dos maiores geólogos brasileiros, o Barão Homem de Mello, fez um estudo do planalto central – de onde nascem os rios que vazam para as principais bacias hidrográficas – a fim de fazer a interligação das bacias fluviais e possibilitar a navegação de norte a sul e de leste a oeste do nosso imenso território. Nos trechos não navegáveis, as ferrovias cumpririam o seu papel.
Contudo, o curso mundial valorizou o petróleo e Brasil o acompanhou. Ao longo da República Velha, o transporte movido a combustível fóssil começou a ser desenvolvido, tomando logo o seu vigor com lemas grandiloquentes como “governar é abrir estradas” do então presidente Washington Luís. Assim, hoje temos 1.720.800 quilômetros de estradas, sendo 220.000 pavimentados…
A visão de estadista parece ter desaparecido do mapa nacional com o advento da república. Com a escolha do modal rodoviário em detrimento dos outros, as montadoras de caminhões vieram para o Brasil, desenvolvendo aqui modelos tecnologicamente muito avançados, que chegam a despertar a cobiça do mundo inteiro. Mas a que preço!
Com o desenvolvimento do agronegócio, a logística rodoviária foi se consolidando, enquanto pouco se fazia por modais mais competitivos. Se hoje o minério é transportado por trem, o agronegócio continua a utilizar o transporte rodoviário. O resultado foi o nascimento do “bebê-siamês”: metade agronegócio, metade transporte rodoviário. Um não vive sem o outro. Por este lado pode-se entender o apoio que os agropecuaristas emprestaram ao movimento dos caminhoneiros, apesar dos prejuízos sofridos.
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A administração do PT (13 anos) se apoderou logo da Petrobrás, e a estatal foi transformada na galinha dos ovos de ouro do governo para todos os arroubos e, sobretudo roubos por meio de mensalões, petrolões e outros desmandos o que arruinaram a empresa, fazendo com que em março de 2016 ela valesse R$ 126 bilhões enquanto a sua dívida alcançava 450 bilhões de reais. Afinal, não precisamos detalhar o ocorrido. Basta perguntar ao juiz Sergio Moro e folhear os jornais para saber. Só não perguntem ao Lula, pois ele nunca sabe…
Dois anos depois de sua ruína, mais precisamente em março de 2018, a dívida se encontrava reduzida a R$ 341 bilhões, enquanto o valor de mercado era de R$ 293 bilhões. Na véspera da parada da alta do petróleo, a Petrobrás chegou a valer R$ 380 bilhões, para uma dívida de R$ 340 bilhões. Todo mundo comemorou como um sucesso. Aconteceu que nem os órgãos de imprensa nem o governo previu que a mesma chama que acendeu os fogos de artifício da véspera foi a que no dia seguinte pôs fogo no Brasil e tudo parou!
O então diretor da estatal Pedro Parente, a quem não nego competência, é o típico tecnocrata que já havia recuperado várias empresas. O Professor Plínio Correa de Oliveira, com sua sabedoria impar recomendava cautela com os superespecialistas, pois eles costumam saber muito do pouco e quase nada do muito. Ou seja, sabe resolver um problema específico, mas não tem a visão de conjunto sobre os acontecimentos e suas consequências.
O problema da Petrobrás é ser estatal e monopolista desde a sua fundação. Quando foi lançado o lema “o petróleo é nosso”, por que não foi incentivado a que empresas privadas o fizessem? Porventura os empresários particulares seriam ou são marcianos? Com efeito, se fosse privada, tudo seria diferente. É claro que o Estado faria grandes estoques estratégicos comprados da iniciativa privada, assim como faz com a Companhia Nacional de Abastecimento que compra produtos agrícolas para ter um estoque regulador.
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Como fica a segunda safra, ou como se dizia até há pouco, a safrinha nesse contexto? Difícil prognosticar. Pelas amostragens – exposições agropecuárias e agrishows que conheceram recordes de público e de negócios como o ocorrido em Ribeirão Preto, onde houve um aumento de 22% de visitantes, com delegações de 46 países, além de 2 bilhões de reais em negócios – as coisas pareciam caminhar bem.
Nossa safra de soja no ano passado, por pouco, não superou à americana, mas há indícios de que os suplantaremos em breve. Detemos mais de 50% das exportações mundiais de açúcar e devemos bater novos recordes na sua produção. O etanol já abastece mais de 25% dos veículos nacionais, além da mistura na gasolina, com teores que variam de 17 a 25%. Depois que o PT abandonou o setor – mais de 80 unidades fecharam as portas – as usinas estão em franca recuperação.
Cumpre ressaltar que as mais de 400 usinas brasileiras vêm produzindo energia elétrica com as sobras do bagaço da cana. São 11,7% de toda a energia gerada no Brasil, ou mais de uma vez e meia a produção da hidrelétrica de Itaipu. Por feliz coincidência, quando o petróleo e seus derivados provocaram uma das maiores crises do Brasil, engenheiros japoneses da Toyota e seus colegas brasileiros conceberam o motor do carro hibrido Prius, com milhões de unidades vendidas no mundo, que agora funcionará com etanol e eletricidade.
A energia do motor, vem de uma bateria alimentada por um ponto externo de recarga (tomada), bem como por um gerador interno de combustão. No caso ele funcionará com etanol. O protótipo partiu de São Paulo, passou por regiões produtoras de cana-de-açúcar do interior paulista, parou em Ribeirão Preto, onde ocorreu o seu lançamento oficial, e só depois rumou para Brasília, rodando 1.580 km com muito bom desempenho.
O veículo vai de São Paulo a Ribeirão Preto com 25 reais de etanol. Se houver apoio político, poderemos dar adeus à Petrobrás. Mas a batalha promete ser árdua. Pois sobre os combustíveis alternativos pesa uma desdita, como lamentava com a sua verve baiana o saudoso cientista Bautista Vidal: “A cabeça dos dirigentes da Petrobrás não é flex”. Ou seja, não toleram os biocombustíveis.
Convenhamos, alternativas há e temos de correr ao seu encontro, pois o ciclo do petróleo está acabando. Assim como a Idade da Pedra acabou não pela falta de pedras, mas em decorrência de o homem ter inventado a siderurgia, também um novo ciclo está prestes a se abrir em matéria de combustíveis.
A produção de suco vem alcançando patamares históricos. Deveremos produzir 1/3 do café mundial, além de exportarmos quase 40% de todo o café comercializado no mundo. Poderíamos falar de um sem-número de outras produções que estão sendo cultivadas agora no outono-inverno, mas ficaremos por aqui. As exportações já ultrapassam os US$ 94 bilhões nos primeiros 5 meses, sendo 9,4% maiores que as do ano passado e 45% desse total se deve ao agronegócio.
Como bem salienta Evaristo de Miranda – presidente da Embrapa Territorial – em seu recente livro “Tons de Verde” (capa ao lado), o Brasil alimenta mais de 1,5 bilhões de pessoas mundo afora preservando 63,3% de nosso território. Ou seja, 563.736.030 de hectares estão preservados. Isso, leitor, representa área maior do que os 28 países da Comunidade Europeia.
E ainda caberia neste número mais de três vezes a área equivalente à meio-birrenta Noruega que possui capitais aplicados em mais de 150 empresas brasileiras, mas financia todo o tipo de ONGs para infernizar os produtores rurais. Além dessa preservação, o Brasil dispõe de 7,8 milhões de hectares de florestas plantadas, que respondem por 91% de toda a madeira utilizada no país.
O agronegócio gera 33% dos empregos nacionais, sendo que nos últimos 15 anos gerou um superávit de exportações equivalente a 1 trilhão de dólares. Graças a esses resultados nossas reservas cambiais estão chegando a US$ 400 bilhões.
O presidente Temer e certos setores da imprensa passaram a qualificar de subsídio o que está sendo concedido aos caminhoneiros, mas a meu ver não se trata disso, pois o problema, segundo Adriano Pires – um dos maiores especialistas em energia do país – o problema não é o posto (de combustível) e sim o im-posto (do governo)! Ou seja, o que propôs foi retirar um tanto do imposto extorsivo, que em alguns estados ultrapassava os 50% do produto.
Só para se ter uma ideia da “farra dos tributos”, no último fórum promovido pelo jornal Estado de São Paulo, a Dra. Camila Junqueira, da Endeavor Brasil, disse “a regra [dos tributos] não pode mudar o tempo inteiro, a legislação do ICMS foi atualizada 558 vezes nos últimos 4 anos. Fica impossível dar conta das mudanças!” Seria o caso o caso de repetir com Shakespeare que há método nesta loucura. Neste ponto, apesar de muito atingido, o agronegócio aplaudiu a paralização dos caminhoneiros porque também são sugados pelo alto preço do diesel.
Além da preocupação que sobrepaira em todo o país em relação às próximas eleições, as surpresas que poderão advir, assistimos à tragédia do aumento de mais de 300% de roubos às propriedades rurais. Leva-se de tudo: máquinas, equipamentos, produtos agrícolas, gado de corte e de leite, ordenhadeiras e resfriadores de leite, adubos e defensivos químicos…
Um dos candidatos a presidente já chegou a propor uma bolsa-fuzil para os proprietários se defenderem; outro se apressou a facilitar o porte de armas para os proprietários rurais. Contudo, o mais importante ninguém prometeu, ou seja, a mudança da legislação para o caso de o proprietário ou um funcionário seu, em legítima defesa, atinja um meliante. Pois hoje a lei favorece mais o bandido do que o homem de bem.
Sempre em trânsito, rascunhei esta matéria, e ao passar pelo Santuário de Nossa Senhora da Cabeça, Silveiras, onde brota uma fonte tida pelos devotos como miraculosa, tomei um pouco da água pedindo a Mãe de Deus luz para as cabeças dos brasileiros, sobretudo as de nossos dirigentes. Que Ela, sob a invocação de Nossa Senhora Aparecida, faça com que o Brasil prossiga no seu caminho rumo ao futuro grandioso que lhe fora traçado pela Divina Providência.
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