Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 5 anos — Atualizado em: 11/18/2019, 6:01:45 PM
Tida outrora como modelo de pacifismo e neutralidade face à Rússia, hoje a Suécia mudou e se embarcou num vasto programa de rearmamento.
Ela quer dissuadir aventuras do Kremlin. Em setembro anunciou uma taxa bancária para financiar um aumento de 35% em seu orçamento militar de 2022 a 2025, chegando ao equivalente a US$ 7,7 bilhões (R$ 32 bilhões), ou 1,5% do Produto Interno Bruto do país, informou reportagem da Folha de S.Paulo.
A Marinha reativou o quartel-general de Muskö, enorme instalação subterrânea da Guerra Fria capaz de suportar ataques nucleares.
“Nossa realidade estratégica mudou”, disse o ministro da Defesa, Peter Hulqvist, no lançamento do caça Saab Gripen na versão para o Brasil.
A Força Aérea Sueca encomendou mais 60 unidades desse avião de combate. A decisão foi apoiada pela oposição.
O temor oficial é tanto que, em 2018, o governo distribuiu panfletos a todos os suecos com orientações em caso de invasão estrangeira, fato que não acontecia desde 1961.
Abrigos nucleares foram reativados, e em 2017 o alistamento militar voltou a ser obrigatório.
Foi militarizada a estratégica ilha de Gotlândia, no Báltico, alvo tático primário em caso de conflito entre Rússia e Ocidente.
“Isso tudo é paranoia para trazer mais tropas contra o oeste da Rússia”, tentou revidar Mikhail Barabanov, analista militar russo do Centro de Análises de Estratégias e Tecnologias.
A Suécia não está na Otan e se fosse agredida por Moscou, os aliados não teriam obrigação de defende-la.
Mikhail Saakashvili, presidente da Geórgia na guerra com a Rússia de 2008, disse à “Folha de São Paulo” que a Suécia é o país nórdico mais exposto.
Saakashvili anteviu a tomada da Crimeia pelo Kremlin em 2014 e a guerra civil no leste ucraniano quando poucos acreditavam nisso.
Mikael Hölmstrom, do jornal Dagens Nyheter lembra que o oba-oba do fim da Guerra Fria em 1991 relaxou os políticos suecos, “e isso foi ingênuo”.
Nos anos 1990, as Forças Armadas caíram de 850 mil homens disponíveis para os atuais 50 mil, 30 mil deles em serviço ativo. O gasto com defesa caiu de 2,5% do PIB em 1988 para o 1% de hoje.
O Exército perdeu 93% de suas unidades e equipamento, a Força Aérea, 85%, e a Marinha, 72%.
A Suécia voltou a apostar no poderio aéreo e está lançando novos submarinos, estreitou a cooperação com a Otan, e participou do maior exercício militar da aliança em décadas que engajou 50 mil homens perto da fronteiriça Noruega.
O território russo mais próximo é Kaliningrado, encrave entre Polônia e Lituânia, que possui sistemas antiaéreos e de mísseis.
Moscou propagandeia que eles podem “fechar” boa parte do espaço aéreo do Báltico, mas segundo estudo da Agência Sueca de Pesquisa de Defesa, isso é relativo.
Em 2013, dois bombardeios escoltados por quatro caças russos voaram direto para Estocolmo, e só para voltar no limite das águas territoriais.
Foi um teste-simulação de um ataque nuclear.
A Rússia não fica quieta e lançou o maior exercício de submarinos no Atlântico Norte desde o fim da Guerra fria, denunciou o Estado maior norueguês.
Uma dezena de submarinos, oito deles nucleares, partiram da península de Kola, para manobras que deviam durar dois meses, segundo a televisão pública NRK, citada pela revista francesa “L’Express”.
“Há intensa atividade no Atlântico Norte”, disse o porta-voz do Estado maior norueguês Brynjar Stordal. A Rússia está conduzindo a mais vasta operação de submarinos “desde a Guerra Fria em termos de recursos engajados simultaneamente”, acrescentou.
Os submarinos russos tentam penetrar o mais longe possível sem serem percebidos no oceano pelo oeste da Groenlândia.
Tentam provar sua capacidade para ameaçar a costa leste dos EUA.
As autoridades russas não comunicam essas operações. A Frota do Norte apenas informou que os submarinos nucleares Nijni Novgorod e Pskov, praticaram “imersões profundas para testar certos equipamentos e armas” em águas neutrais do mar da Noruega.
São submergíveis do tipo Kondor que podem lançar mísseis de cruzeiro capazes de detectar e destruir grupes aeronavais inimigos.
Os russos consideram os porta-aviões americanos como maiores adversários no mar, explicou o site “The National Interest”.
Num conflito, esses porta-aviões podem frustrar as tentativas russas de interromper os comboios que levem reforços pelo Atlântico, bombardear a frota russa do Norte e suas bases no Círculo Ártico, além de devastar com bombas atômicas a costa da Federação presidida por Putin.
Outrora, a estratégia soviética visou construir os maiores submarinos jamais feitos, muito pesadamente armados.
Foram planejados vinte, mas só treze saíram dos estaleiros até o desastre do K-141 Kursk, que afundou o 15 de agosto do ano 2000 após explosão registrada pela Noruega como abalo sísmico, perecendo toda a sua tripulação.
O inquérito russo não foi convincente e tampouco as teorias conspiratórias.
O mais provável é que o estopim fosse um acidente, banal resultado de um erro químico, segundo “The National Interest”.
Mas, a incógnita perdura. Por que o governo russo não informou da catástrofe e impediu que os ocidentais agissem em tempo para salvar parte da tripulação?
Ficou demonstrado que uma parte dela refugiada em compartimento anti-naufrágio poderia ter sido salva pelos ocidentais, tendo sido ineficaz a tecnologia russa planejada para um evento desses.
Se o acidente do Kursk tivesse acontecido em meio a uma crise poderia ter sido o estopim de uma escalada que nos teria jogado na guerra.
É uma lição que inspira graves preocupações e poderia se repetir no momento atual. Há rumores não confirmados de um submarino russo desaparecido recentemente em águas nórdicas. E a Suécia está se preparando.
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