Este tampouco poderia ser uma simples habitação, pois não se destinaria a abrigar pessoas, mas para cultuar o Senhor Deus dos Exércitos – o Deus vivo, criador de todas as coisas, transcendente, absoluto e perfeitíssimo. Lugar de paz, harmonia e bem-estar. Era, pois, imperativo para David empregar os mais talentosos artistas do reino para manusear o ferro, a prata, o ouro, a madeira, a pedra, o cobre, o bronze, e outros requintados materiais que seriam utilizados para ornar a Casa de Deus.
O próprio rei deixou soma considerável de recursos acumulados durante toda a sua vida: “cem mil talentos de ouro, um milhão de talentos de prata, além de diferentes vasos de ouro e de prata, de enorme quantidade de cobre, ferro, madeira, mármore e pedras de grande valor”. E ainda deixou – de seu tesouro particular – “três mil talentos de ouro de Ofir e sete mil talentos de prata para o revestimento das paredes do santuário. Como as necessidades serão grandes e os operários precisarão ter à mão o ouro e a prata exigidos por obras tão numerosas e tão importantes, se alguns dentre vós quiserem concorrer de boa vontade para a edificação da casa de Deus que abra generosamente as mãos e apresentem as dádivas ao Senhor”.
Nesse dia, as ofertas solicitadas pelo rei somaram o montante de “cinco mil talentos de ouro, dez mil talentos de prata, dezoito mil de cobre e cem mil de ferro, com todas as pedras preciosas que cada qual possuía. Essas ofertas, entradas no tesouro do Templo, foram confiadas à guarda do levita Jeiel. Foram dons espontâneos oferecidos de todo coração a Deus e que provocaram na assembleia uma autêntica vaga de júbilo” (1- Par 29,1-9).
Cheio de encanto, com a instituição e fundação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, o Antigo Testamento iluminou o Novo Testamento. Se Nosso Senhor ressalta que não veio destruir a Lei e os profetas, e instituiu a Igreja – fora da qual não há salvação –, é porque Ela deveria superar a lei antiga, até mesmo na edificação de seus templos. É verdade que o requinte e o esplendor de nossas igrejas devem contribuir de modo ponderável para o cumprimento do primeiro e maior de todos os Mandamentos: “Amarás o teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo entendimento”. Esse máximo Mandamento nos leva a praticar este outro: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22, 34-46).
A melhor maneira de amar o próximo é fazer-lhe benefícios espirituais que o conduzam por sua vez a amar a Deus com todas as veras de sua alma. E para esse fim, nada é tão eficaz como a construção de templos sagrados cujo ambiente propicia a celebração de belas cerimônias religiosas, bem como o ensino da doutrina deixada pelo Divino Mestre. A propósito, comprometo-me com os leitores de voltar ao assunto tão logo me seja possível. Até lá.
*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ
Este artigo do Padre David é tão rico e bem feito como o Templo de Jerusalém. Que bom termos sacerdotes com esse conhecimento e unção.
Boa parte das igrejas ditas “modernas” são feiíssimas, com aparência de hangares ou armazéns. Não exprimem louvor a Deus. Não atraem as almas. Pouco ou nada elevam os espíritos. Servem mesmo para quê?
Quero parabenizar o Padre David pela riqueza de detalhes introduzido nesse artigo.
@Ênio José Toniolo
Concordo que templos para adoração a Deus, devem ser feitos com esmero e maior beleza arquitetônica possíveis. Mas, não é a beleza que atrai as almas para Deus. É o Espírito Santo, do qual Jesus Cristo disse no Evangelho de São João Cap. 16 vers. 7-14: “Ele convencerá o homem do pecado, da justiça e do juízo”.
Se o Espírito Santo não estiver em nosso meio, não adiantam templos suntuosos.
Uma pena que esquecera disso!O que vemos hoje. Igrejas e catedrais em forma de figuras geométricas. Conheci uma em forma de uma colmeia em Goiás na cidade de Jataí. Me chamou a atenção foi a forma de um favo de mel. E informando que construção era aquela, fui informado que era a Catedral da Diocese. E a doutrina que ensinam? Pela resposta, não era surpresa a arquitetura apresentada. Na maioria das vezes as Igrejas construídas pelos TL tem forma de galpões operários sem nenhum compromisso com a tradição. Graças a Deus que ainda resta alguns sacerdotes que primam pela vocação a que são chamados.
Parabéns Padre David. Deus te abençoe.
Paz e bem. Salve Maria!
“Concordo que templos para adoração a Deus, devem ser feitos com esmero e maior beleza arquitetônica possíveis. Mas, não é a beleza que atrai as almas para Deus. É o Espírito Santo, do qual Jesus Cristo disse no Evangelho de São João Cap. 16 vers. 7-14: “Ele convencerá o homem do pecado, da justiça e do juízo”.
Se o Espírito Santo não estiver em nosso meio, não adiantam templos suntuosos. Joel Carvalho”
Olá, Joel.
Porém, considere o seguinte: Uma coisa não anda bem sem outra, pois segundo São Tomás, “a graça não veio destruir a natureza, mas aperfeiçoá-la”. Dessa maneira, se uma alma é fervorosa, ela tem necessariamente de gostar e promover, na medida de seu possível, o que é melhor ao culto de Deus, pois isto resulta da justiça devida a Deus. Os templos verdadeiramente suntuosos, como Notre Dame de Paris, por exemplo, não o são absolutamente por vaidade ou por um pendor artístico de mero bom gosto, sem alcance mais alto. Não! São-no justamente porque seus inspiradores e construtores tinham fé viva, amor extremado a Deus, e por isso um senso de justiça que já não se vê normalmente hoje. Daí a perfeição nas linhas e em todos os detalhes daquelas catedrais européias, a qual deixa qualquer arquiteto e engenheiro de hoje embasbacado.
Além disso, Joel Carvalho, em vista do que você disse, que não é a beleza que atrai as almas para Deus, faça um teste. Entre em uma dessas igrejas modernas, mas dessas supermodernas, a catedral de Brasília ou a atual catedral do Rio de Janeiro, ou, ainda, a de Maringá. E reze nelas. Depois vá até a catedral de Curitiba, à de São Paulo, à antiga Sé do Rio de Janeiro, e também reze nelas. Veja se sente algo diferente. Veja onde você se sente melhor rezando, se nas primeiras, ou se nas segundas.
Texto maravilhoso! Concordo com os comentários dos srs. acima! Eu sinto tb o mesmo, quando entro em algumas Igrejas aqui no Rio de Janeiro, algumas muito frias e desprovidas de beleza, totalmente diferentes das antigas e belas igrejas construídas em séculos passados!Igrejas essas, que nos fazem chegar ao Céu de tão lindas que são, e que nos dão a sensação de estarmos pertinho de Deus!
O que dizer da nossa Catedral do Chile? Existe coisa mais fria e feia, apesar do projeto ter sido de um grandioso arquiteto? Mas, como diz o sr. Joel Carvalho, o mais importante é sermos cheios do Espírito Santo, e eu completo dizendo que o verdadeiro templo somos nós!!