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Plinio Corrêa de Oliveira
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Agora, ter personalidade é antiquado!


personalidadeNos nossos tempos pós-modernos está surgindo novo tipo de igualitarismo, diferente, em alguns pontos não essenciais, do igualitarismo padrão que quer a eliminação de toda superioridade.

Digamos assim: ele visa à igualdade dos pulsos, e não mais apenas dos apenas relógios. Dos pescoços, e não mais apenas dos colares. Dos dedos, e não mais apenas dos anéis… Que quer dizer isto? O campo do novo igualitarismo é a própria medula da personalidade humana, e não só objetos ou situações, aquela medula pela qual se diz de uma pessoa “ele tem personalidade”, ou “ele não tem personalidade”                      .

O igualitarismo padrão procura igualar tudo no nível mínimo, de forma que poderia ser expresso na equação 1 = 1 (um é igual a um). Cada homem é igual a outro. O igualitarismo pós-moderno procura desagregar o quanto possível as próprias individualidades, torná-las indiferenciadas de maneira a tender se exprimir na equação 0 = 0 (zero é igual a zero).

Esse tipo humano novo se distingue dos demais não precisamente por sua personalidade, antes pela falta desta.

Já muitas vozes, entre os insuspeitos pós-modernos, vêm tratando do mesmo fenômeno. Entre outros, Castoriades, que escreveu sobre “A escalada da insignificância”; Gilles Lipovetsky, descreveu “A era do vazio”; Alain Finkielkraut discorreu sobre “A derrota do pensamento”; Baudrillard  pintou “o fim do social”, etc. E para alguns desses autores, é assim mesmo que deve ser!

Plinio Corrêa de Oliveira o descreve: ‘Segundo tal coletivismo, os vários “eus” ou as pessoas individuais, com sua inteligência, sua vontade e sua sensibilidade, e consequentemente seus modos de ser, característicos e conflitantes, se fundem e se dissolvem na personalidade coletiva da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um estilo de ser densamente comuns.[1] Tribo aqui ainda é linguagem figurada…

Enquanto o igualitarismo padrão se manifestava sobretudo no ódio às hierarquias, este igualitarismo atualizado vai mais longe e se caracteriza também por sua tendência à indiferenciação: entre pais e filhos, entre os sexos, entre as idades, entre professor e aluno etc. Este é, precisamente o ponto central deste novo gênero de nivelamento. Observa Plinio Corrêa de Oliveira:“A civilização moderna […] em geral, ama o que é promíscuo e confuso. Abolindo a variedade e colocando em seu lugar uma uniformidade sem o menor sentido, a Revolução destrói a semelhança da criatura com seu Criador”[2].

Acrescenta: “o característico é um sinal distintivo da variedade autêntica; é nele que a verdadeira variedade se realiza”. Ou seja, cada qual deve ser inteiramente típico, característico. Cada homem é irrepetível, e na gigantesca coleção de homens que há, houve e haverá, não é possível encontrar nada que se pareça a uma repetição.

Portanto, jamais se poderá lograr uma padronização completa do gênero humano. O que se pode fazer é trabalhar para que a humanidade se conforme o mais possível a essa estética superior do Universo, o que é um alto e belo ideal. Ou então fazer o contrário, ou seja, tentar padronizar o homem e todas as coisas ao máximo, como forma de protesto contra essa estética.

Esse protesto chama-se: igualitarismo.

A doença da árvore é mais grave que a deterioração de seus frutos. Qualquer pessoa percebe a enorme soma de erros, crimes e pecados que foram sendo cometidos ao longo dos últimos anos. Mas especialmente grave é a redução do gênero humano – o gênero em que Deus se encarnou – ao triste estado de impensável decadência em que se encontra.

 


[1] Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, São Paulo, 2009 (Edição comemorativa dos 50 anos da publicação), p. 144.

[2] Ibid., p. 187.

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Leo Daniele

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