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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Ainda que a Santa Igreja seja devastada pelos lobos da heresia

Por Nuno Alvares

5 minhá 4 anos — Atualizado em: 2/22/2021, 4:27:29 AM


Plinio Corrêa de Oliveira

Estejamos com a Santa Igreja nas perseguições ou no Domingo de Ramos. Ainda que a Santa “Igreja seja devastada pelos lobos da heresia” estejamos a seu lado lutando por Ela, sofrendo com Ela, rezando com Ela.

Transcrevemos abaixo uma meditação do Prof. Plinio publicada no Legionário, em 1937. Recordemos o quadro histórico: comunismo na Rússia, nazismo na Alemanha, fascismo na Itália.

        “Diz o Santo Padre Leão XIII e, depois dele, todos os Pontífices o têm repetido, que o comunismo é um mal de origem eminentemente moral. Não são tanto os fatores econômicos ou políticos que geram o movimento comunista. Acima de tudo, mais do que tudo, provocou o comunismo a desagregação moral da civilização hodierna. Essa crise moral gerou crises econômicas, sociais ou políticas. E só quando ela for resolvida, serão resolvidos os problemas relacionados com as finanças, a organização política e a vida social dos povos contemporâneos.

        Por outro lado, a solução desse problema moral só pode estar na ação da Igreja, porque só o Catolicismo, armado de seus recursos sobrenaturais e naturais, tem o dom maravilhoso de produzir nas almas os frutos de virtude indispensáveis para que floresça a civilização católica.

Lembremos: o Prof. Plinio está se referindo à Santa Igreja e não ao progressismo e muito menos à Teologia da Libertação.

        O que acabamos de dizer é diretamente extraído das Encíclicas. Basta abri-las para encontrar o que afirmamos.

    […] Ainda que a Santa “Igreja seja devastada pelos lobos da heresia”

        Se é verdade que só a Igreja pode remediar os males contemporâneos, é só nas fileiras da Igreja que devemos procurar lutar pela eliminação desses males. Pouco nos importa que outros não cumpram o seu dever. Cumpramos o nosso. E se depois de termos feito todo o possível – a palavra “todo” significa tudo, mas absolutamente tudo, e não apenas “um pouco” ou “muito” – resignemo-nos diante da avalanche que vem. Porque ainda que pereçam o Brasil e o mundo inteiro, ainda que a própria Igreja seja devastada pelos lobos da heresia, Ela é imortal. Nadará sobre as águas revoltas do dilúvio. E é de dentro de seu seio sagrado que sairão depois da tempestade, como Noé da Arca, os homens que hão de fundar a civilização de amanhã.

        Mas é aí que não querem chegar certos católicos. Como os judeus, eles só compreendem o Cristo sobre um trono de glória. Eles só Lhe são fiéis nos dias parecidos com o Domingo de Ramos, quando a multidão O aclama e cobre o seu caminho com suas vestes. Porque, para eles, o Cristo deve ser um Rei terreno. Deve dominar o mundo constantemente. E se, por algum tempo, a impiedade dos homens O reduzirem de Rei a Crucificado, de Soberano a Vítima, não mais querem saber dEle.

Também a Santa Igreja iria passar pelo Calvário

        O Cristo, para eles, não veio salvar as almas para a Eternidade. Veio, isto sim, estabelecer no mundo o regime corporativo e combater o comunismo. E se, por instantes, o comunismo vencer, pouco faltará para que certas mãos empunhem o látego para, em união com os comunistas, flagelar o grande Culpado!

        No entanto, o Cristo quis passar por todos os opróbrios, todos os vexames, todas as humilhações, mostrando que a História da Igreja também teria seus Calvários, suas humilhações, suas derrotas. E que muito mais meritória era e é a fidelidade no Gólgota do que no Tabor. 

        Foi para ensinar a gente assim que Nosso Senhor se submeteu a todas as humilhações no Calvário.

        Entretanto, foi para ensinar gente diferente que Ele quis a glória do Domingo de Ramos.

Mensagem aos catacumbalistas

        Há gente de uma mentalidade detestável que acha absolutamente natural que Cristo sofra, que a Igreja seja vexada, humilhada, perseguida. Gente comodista, “cujus Deus venter est” – “que tem por Deus o seu próprio ventre”, e que pensa que, como a Igreja deve imitar ao Cristo, é natural que todos os [inimigos da Igreja] se atirem contra Ela e A façam sofrer. É a Paixão de Cristo que se repete, dizem eles. E enquanto essa Paixão se repete, eles levam sua vida farta e cômoda, nas orgias, nas imundícies, na exacerbação de todos os sentidos e na prática de todos os pecados.

       

Para gente como esta é que foi feito o látego com que foram expulsos os vendilhões do Templo.

        Não é verdade que devamos cruzar os braços ante as investidas dos inimigos da Igreja. Não é verdade que devamos dormir enquanto se renova a Paixão. O próprio Cristo recomendou que seus Apóstolos orassem e vigiassem. E se devemos aceitar os sofrimentos da Igreja com a resignação com que Nossa Senhora aceitou os padecimentos de seu Filho, não é menos exato que será um motivo de eterna condenação para nós se nos portarmos ante as dores do Salvador com a sonolência, a indiferença e a covardia de discípulos infiéis.

        A verdade é esta: devemos estar sempre com a Igreja, “porque só Ela tem palavras de vida eterna”. Se Ela é atacada, lutemos por Ela. Mas lutemos como mártires, até à efusão de nosso sangue, até o emprego de nosso último recurso de energia e de inteligência. Se, apesar disto tudo, Ela continuar a ser oprimida, soframos com Ela, como S. João Evangelista aos pés da Cruz. E estejamos certos de que, neste mundo ou no outro, Jesus misericordioso não nos negará o esplêndido prêmio de assistirmos à sua glória divina e suprema. “

http://Legionário, N.º 236, 21 de março de 1937

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