Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:26:32 PM
À contratação dos médicos cubanos, dispensados do exame do Revalida, somou-se o “affaire” do senador boliviano Roger Pinto, cuja introdução no Brasil custou a cabeça do chanceler Antonio Patriota.
Enquanto sobre os primeiros a presidente Dilma declarou no dia 28 em Belo Horizonte que existe “um grande preconceito contra os cubanos”, no caso do segundo, o antigo chanceler censurou a atitude do conselheiro Eduardo Saboia — que trouxe o senador — afirmando que o governo brasileiro “agiu sempre em respeito à soberania boliviana, sem deixar de buscar uma solução negociada”.
Quanto à existência de “um preconceito contra os cubanos” — declaração seguida da informação de que os mesmos talvez possam permanecer depois no Brasil, dependendo da avaliação a ser dada ao seu trabalho, contrariando assim o afirmado pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams —, a presidente quis com isso sugerir que os brasileiros não desejam tais médicos pelo simples fato de serem cubanos.
Não é verdade. Tal recusa provém, de um lado, do fato de os mesmos não darem prova de conhecimentos suficientes da profissão e serem escravos de um regime opressor, para o qual será destinada a quase totalidade de seus salários, e de outro lado por não se excluir de nenhum modo a possibilidade de que tais médicos venham a desempenhar no Brasil o mesmo papel exercido por seus colegas na Venezuela e na Bolívia, ou seja, de agentes do regime cubano.
Sobre a declaração de Antonio Patriota de que o governo brasileiro “agiu sempre em respeito à soberania boliviana, sem deixar de buscar uma solução negociada”, eu não a contesto, por desconhecer os precedentes do caso.
Mas convém lembrar que o princípio que rege toda e qualquer diplomacia é o da reciprocidade, a qual nem de longe vem sendo observada pelo governo de Evo Morales. Basta recordar sua intolerável atitude em relação à Petrobrás, tomada no mesmo dia em que aquele presidente chegava da Venezuela…
Mas admitindo que em relação ao caso do senador boliviano o governo brasileiro tenha se pautado segundo o declarado acima, no caso de Honduras ele pura e simplesmente hostilizou o governo e o povo hondurenhos ao receber Manuel Zelaya na embaixada do Brasil em Tegucigalpa e ali mantê-lo durante vários meses em aberta confrontação com o governo legitimamente instituído de Roberto Micheletti, o que é contrário à praxe diplomática.
E na mesma ocasião, entrevistado por uma jornalista de “O Globo”, o então chanceler Celso Amorim apoiou Zelaya e disse que a direita não tinha mais vez na América Latina.
A conclusão é clara: os governos petistas tomam o maior cuidado em não melindrar os cubano-bolivarianos seus aliados, mas são truculentos e despóticos quando se trata de governos de tendência oposta.
Quando já havia concluído o presente artigo, leio a notícia de que o governo boliviano pediu ao Brasil a devolução do senador. Do mesmo modo como quatro semanas depois de sancionar a assassina lei do aborto a presidente Dilma declarou que esteve preocupada pelo fato de Eduardo Saboia ter exposto a vida do senador Roger Pinto, não causará surpresa se também agora, esquecida do escandaloso caso do terrorista e assassino italiano Cesare Battisti, cuja extradição foi negada, ela decida devolver Roger Pinto.
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