Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:53:46 PM
A seca que atinge a região centro-leste do País atraiu a atenção para a eventualidade de apagões e racionamento de energia. Será isso possível?
O Brasil é super-rico em água doce. Nenhum outro país se lhe compara: temos 12% da água doce superficial do planeta!
Além do mais, temos território mais do que suficiente para construir hidroelétricas que garantam o presente e o bem-estar das gerações futuras de brasileiros, nossos descendentes.
Porém, eis que, apesar de todos esses recursos, teme-se seriamente no exterior pela miséria energética em que o País pode cair.
O problema não está na natureza brasileira, escreveu o Chicago Tribune, mas na política. E nós acrescentamos: na política que dá asas ao ambientalismo radical, inimigo visceral do progresso e da civilização, em nome de uma utopia anarco-tribalista.
Essa política já está influenciando as perspectivas de investimento internacional e rebaixando a confiança no Brasil.
O Chicago Tribune exemplifica com a declaração do governo de que em 2014 serão consumidos R$ 12 bilhões ($5,2 bilhões de dólares) para substituir a energia hidrelétrica, que é barata, por energia mais cara, gerada em plantas de gás natural, carvão e petróleo.
Um efeito dessa despesa seria, segundo o jornal americano, diminuir o crescimento do PIB brasileiro de 1,7% previsto a 1% ou menos. O jornal cita como fonte o banco BTG Pactual SA. Segundo este banco, os altos preços da energia podem estimular o racionamento.
A culpa não é de São Pedro. “A chuva é um fator, mas não é o único”, disse João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia, empresa de consultoria e gestão de energia de São Paulo, citado pelo jornal. “Também é devida a políticas fracassadas e uma má gestão”.
Em 2001-2002, os apagões forçaram os cidadãos a reduzir por volta de 20% o consumo.
Agora a presidente Dilma Rousseff quer evitar um impopular racionamento em ano eleitoral. Também almeja reduzir em 20% as despesas dos lares, impondo reduções de preços aos operadores de hidroelétricas
Mas, observa o Chicago Tribune, desde 2002 não foi inaugurada nenhuma nova geradora importante de energia movida a gás, carvão ou petróleo, e por isso o Brasil deve se preparar para ir apagando as luzes.
E aqui apalpamos o peso da ideologia verde no rebaixamento induzido do Brasil.
Como pode se chegar a essa perspectiva, com todo esse território e toda essa água prestes a fornecer energia abundante e barata?
O jornalista e consultor legislativo do Senado, Omar Abbud, fornece uma detalhada explicação no artigo Por que o Brasil está correndo risco de racionamento de energia elétrica?
O autor aponta como uma das causas da próxima falta de energia a construção de usinas hidrelétricas desprovidas de reservatórios, em descumprimento, inclusive, da legislação vigente.
Confesso que caí de costas lendo isso. Pois sempre achei que não existe hidroelétrica sem um lago artificial criado por ela, previsto em função de períodos de seca normais.
Mas os nossos inefáveis ambientalistas já pensaram nisso!
O jornalista denuncia “uma política pública ‘de fato’, que vem sendo posta em prática há anos, em razão das pressões contra as usinas hidrelétricas.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 42 empreendimentos leiloados de 2000 a 2012, que somam 28.834,74 MW de potência, apenas dez constituem usinas com reservatórios.
Essas dez usinas agregam somente 1.940,6 MW de potência instalada ao sistema elétrico.
Os outros 32 empreendimentos, num total de 26.894,14 MW, são de usinas a fio d’água, ou seja, sem qualquer capacidade de guardar água para geração de eletricidade nos períodos secos.
O resultado é que a capacidade de reservação de água para o período seco nas usinas hidrelétricas brasileiras vem caindo em face do aumento da demanda.
Essa capacidade, que já foi plurianual, no passado, e era de 5,6 meses, em 2012, cairá para cinco meses, em 2016, e para 3,24 meses, em 2022,de acordo com o Plano Decenal do Ministério de Minas e Energia.
Além de diminuir a segurança energética do País, a construção de usinas sem reservatórios, segundo a técnica recomendável, tem preço alto para o consumidor.
Os reservatórios não construídos são necessariamente substituídos por térmicas, mais caras e poluentes, visto ser esta a única modalidade de geração em nossa matriz que compensa a falta de geração hidrelétrica de maneira segura.
As demais – eólica e solar – são apenas complementares, por dependerem da natureza. A geração nuclear, apesar de bastante segura, sofre as restriçõesconhecidas, inclusive as que servem apenas a fins demagógicos.
Omar Abbud – jornalista e consultor legislativo do Senado
Abbud exemplifica com a usina de Belo Monte, onde se eliminou o reservatório para reduzir a área de alagamento em virtude de exigências ambientalistas.
Perdeu-se assim a geração de 5 mil MW médios, produzidos com um custo de R$ 3,37 bilhões/ano, e que gerados por térmicas a gás custariam R$ 15,3 bilhões/ano, praticamente o triplo.
Entre as causas da insegurança energética, Abbud menciona o atraso na construção de novas usinas e linhas de transmissão, provocado por dificuldades de licenciamento ambiental.
O licenciamento ambiental de longa data dificulta o cumprimento de prazos de obras de hidrelétricas e de linhas de transmissão.
As usinas termelétricas a combustível fóssil são facilmente licenciadas. Não há pressões, nem campanhas contra essa modalidade de geração, de característica notoriamente poluente.
Omar Abbud – jornalista e consultor legislativo do Senado
Neste ponto aparece a ideologia anticivilizadora “verde”. Um bom ambientalismo só pode ser contrário à poluição. Mas o ambientalismo imperante, não! Ele é contra a energia barata não poluidora!
Há, atualmente, na Aneel, algo entre seis e sete mil MW de outorgas de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que não podem ser expedidas pela Agência sem a emissão da Licença Ambiental Prévia. PCHs … demoram, às vezes, nove anos para obter sua Licença de Instalação, como aconteceu com uma PCH de Mato Grosso, que só recentemente foi licenciada.
Omar Abbud – jornalista e consultor legislativo do Senado
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