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Padre Anchieta, quadro de Benedito Calixto

AnchietaNo artigo anterior – Grandeza e bem-estar dos povos – procurei realçar a diferença entre a catequese dos missionários “aggiornati” e a dos missionários dos tempos de Nóbrega e Anchieta, cuja missão era converter os índios para a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo e, assim, abrir-lhes as portas da salvação.

Enquanto hoje os “moderninhos” acusam aqueles desapegados e santos de ter colaborado para a desagregação, marginalização, destruição e morte de nossos silvícolas, na verdade Anchieta e seus companheiros catequizadores os conduziam à prática da Lei de Deus, fundamento da grandeza e do bem-estar dos povos.

Pelo fruto se conhece a árvore. Onde estão os frutos do CIMI – Conselho Missionário Indígena? Para D. Tomás Balduíno, ex-presidente desse órgão da CNBB, “os índios são os verdadeiros evangelizadores do mundo.” E prossegue: “(Nós) vamos a eles sabendo que o Cristo já nos antecedeu no meio deles, e que lá estão as ‘Sementes do Verbo’”.

Ele vai além, ao dizer que tem a “convicção de que eles vivem o Evangelho da Bem-Aventurança. E de que por isso se impõe a nós uma conversão às suas culturas (…). E a partir dos mais marginalizados e oprimidos ela se torna a Boa Nova Universal, com valor de profecia para todos os homens”.

Anchieta, homem virtuoso e santo, via com outros olhos as ditas “culturas” de D. Tomás Balduíno, pois empregou todos os meios ao seu alcance para arrancar os índios dos vícios. E, ao mostrar-lhes a moral católica, queria que eles abandonassem a antropofagia, a poligamia, o infanticídio, os falsos cultos e o homicídio voluntário.

Com efeito, os ensinamentos do Evangelho podem ser adaptados à psicologia e às peculiaridades de cada povo, mas a substância de seu preceito é imutável, porque foi comunicada pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, não podendo nenhum homem, por mais importante que seja, mudá-lo. Por quê?

Porque ao mandar ensinar todas as gentes, Jesus Cristo colocou uma cláusula: a de proceder em tudo como Ele ensinou, sem alterar seus divinos ensinamentos. Se os missionários de hoje pregam uma “releitura” do Evangelho, os de outrora procuravam ser perfeitos como o Pai celestial é perfeito, pois christianus alter Christus – o cristão é outro Cristo.

Este mesmo anseio de fidelidade e perfeição levou o Pe. Anchieta a dar grandes provas de seu amor a Deus. Por exemplo, ao conclamar em 1560 uma bem-sucedida cruzada de portugueses e nativos contra os invasores franceses liderados por Villegagnon que pretendiam fundar a França Antártica no Rio de Janeiro.

Agindo assim, o Apóstolo do Brasil visava formar uma nação com vida própria, com a plenitude de vida dos homens que a compõem, conscientes das próprias responsabilidades e convicções. Para isso, nada melhor que difundir a doutrina e a lei de Jesus Cristo e do magistério da Igreja Católica.

Anchieta formou um povo com autonomia de decidir e gerir seus próprios negócios em conformidade com a lei moral e divina. Ele não mediu esforços em sua catequese. Até do teatro se valeu para ensinar. Construiu inúmeras igrejas e colégios, realizou inúmeros milagres com o fim de civilizar povos bárbaros.

Ao longo de nossa costa, sobretudo onde o Apóstolo do Brasil catequizou e civilizou, há sinais indeléveis de seus grandes feitos. Entre outros, a fundação da cidade de São Paulo.

Pe. David Francisquini é sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ

Este post tem 4 comentários

  1. Maria das Graças Dourado Pimenta

    O trabalho dos padres jesuítas foi, sem sombra de dúvidas,essencial para o florescimento da Santa Religião Católica no Brasil e nos demais países onde fizeram seu apostolado. O Poeta Castro Alves no poema Jesuítas exalta e reconhece a magnífica obra realizada por aqueles missionários.

  2. Sergio Peffi

    Em compensação foi um carrasco para os missionários evangélicos que vieram ao Brasil na época dele. Nunca respeitou o direito dos cristãos de outros credos. Foi um grade perseguidor.

  3. Tiago da Silva

    Sergio Peffi,

    Até parece que os huguenotes que aqui chegaram vieram para um “pic nic” inocente, abanando as mãos, sem armas de guerra. Muitos desses “missionários” na época o que procuravam fazer em terras católicas era promover a sedição sob capa de católicos. Descobertos evidentemente eram condenados. O beato Anchieta fez muito bem em perseguir os que a seu rebanho procuravam desviar, um zeloso pastor faria o mesmo. Não me venha com essa história de direito dos cristãos, na época, sabem bem o que faziam os protestantes com católicos.

  4. João Carlos Ramos

    O Beato Anchieta não se pode ser considerado de carrasco, pois quem lê sua vida e acompanha os fatos históricos, percebe-se de que é um homem que realmente amou a Deus e ao próximo. Era de uma bondade extrema. Ele realmente tinha a verdadeira doçura cristã. Basta ver a história dos protestantes, o ato de crueldade com que fizeram aos católicos, como por exemplo São Fidélis de Sigmaringa, frade capuchinho que foi evangelizar a Suíça, morto a golpe de espada, após ter celebrado a santa missa. Os calvinistas holandeses, vindo evangelizar o nordeste brasileiro, entravam nas igrejas católicas, matavam com maior crueldade os que estavam assistindo a santa missa. Outro exemplo é o beato Inácio de Azevedo e seus companheiros (39) foram martirizados pelos protestantes calvinistas franceses que vinham evangelizar o Brasil. Eles eram corsários. Anchieta fez muito bem de expulsar de nossa pátria esses hereges, que tinham como intuito perverter o Brasil.

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