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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Aplicação do conceito medieval de Rei e Vassalo ao Rei dos Reis e o povo fiel


Voltemos nosso olhar sobre o conceito de Rei e Vassalo, imperante na Idade Média.

O Prof. Plinio faz uma justa e atual aplicação às relações de Nosso Senhor (Rei dos Reis) e os fieis vassalos.

Noção de Rei e Vassalo

“O democratismo das instituições contemporâneas, invadindo todos os domínios das relações entre governadores e governados, empalideceu quase completamente para nós as noções de rei e de vassalo. A tal ponto, que rei é, hoje, alguma coisa de muito recuado no tempo e cujo conceito se imprecisa longínquo, num mito de realidade vaga e de esfumaçada poesia, um pouco encanecida para nossa época.

“E assim, nosso espírito cristão não sente totalmente o precioso e vivo significado deste título de Jesus Cristo: nosso Rei.

“Como nas democráticas idéias políticas que nos envolvem, nós nos supomos um pouco ser a autoridade dos que nos mandam e entendemos de legislar a nosso modo, ainda quando não fosse senão pelo curioso direito em que nos julgamos e de que usamos todos os dias, o direito de submeter à nossa crítica soberana todos os atos e ordens e determinações dos que nos governam, burlando quanto podemos o que nessas ordenações vai de encontro às nossas concepções ou interesses pessoais, igualmente somos tentados a estabelecer um modus vivendi mais cômodo também no que respeita a nossos deveres religiosos para com o Soberano Senhor de nossa vida.

Aplicando à Religião

“A ausência de um conhecimento mais profundo e meditado dos princípios de nossa vida sobrenatural, e a mediania com que desgraçadamente nos contentamos quanto à atividade de nossa alma, nos levam à atitude dos que escolhem da religião certas máximas e certas práticas, mais em acordo com as próprias tendências e propensões, e fazem para si um pequenino catolicismo, onde não só reina e legisla Nosso Senhor, mas também a desamparada inteligência que se acredita entretanto capaz de julgamento melhor ou ao menos tão criterioso quanto o outro Legislador…

“É a filosofia burguesa, que da atmosfera social ambiente nós transplantamos para nossa atividade de espírito.

Não o fazemos com a plena consciência que envolveria já uma razão de pecado de desobediência e de tola presunção. Nós só o fazemos pela força do hábito que transfere o processo para as atividades vizinhas.

“Justamente por isso é que importa refletir um momento na presente solenidade de Cristo Rei, para uma consequente reforma de nossa maneira de pensar e de agir.

“Não. Deixemo-nos de comparações descabidas que nos podem toldar o espírito e aprisioná-lo. Não ousemos contrapor a mesquinharia de nossas cogitações humanas contingentes à serena e absoluta Verdade divina. Vamos à Verdade, porque só Ela nos poderá realmente libertar.

Jesus Cristo é nosso Rei. Nós, os súditos.

“Sabemos seus títulos: por natureza, por conquista, por amor. Ele é o Verbo por quem foram feitas todas as coisas e a quem de direito todas pertencem como próprias. Ele é o Conquistador que tudo arrebatou das mãos do Príncipe deste mundo (Lúcifer) para seu eterno domínio. Ele, o Divino e Irresistível fascinador a quem de coração nos queremos entregar como felizes vassalos.

Não discutimos seus títulos à suprema realeza sobre nós.

“Não sofismemos, consequentemente, nossos deveres categóricos. Nada em nossa personalidade pode fugir ao domínio de Cristo Rei. Se nos consideramos como indivíduos, Ele é o Senhor de todas as nossas ações, de nossos pensamentos, de nossos desejos, de nossas palavras. E Ele nos impõe que tudo em nós se amolde estreitamente aos mandamentos que nos impera pelo órgão autorizado de sua voz: a Santa Igreja.

“Quanto é, pois, pela nossa parte, nada de escolhas ao sabor de nossos caprichos. O bem é total, é causa íntegra; para o mal basta um só defeito. Abracemos virilmente todo o complexo dos nossos deveres, à custa muito embora de nossas más tendências de sensualidade e orgulho, de nossa propensão ao cômodo e ao menor esforço.

“Não nos assuste uma quimérica abdicação de nosso querer e entender. Nós sabemos que Cristo Rei é Deus, é a Verdade, é o Bem, e só fora dele é que podemos enganar nossa inteligência e desviar nosso coração. Nós sabemos que a sujeição a Ele nobilita e engrandece, liberta e dignifica.

“Há, todavia, outro aspecto em nossa personalidade: somos também parcela da sociedade que febricita em derredor de nós e à qual igualmente nos devemos, que também dela nos servimos para nossa perfeição individual. Lembremo-nos aqui, ser a doutrina de Jesus Cristo — o estatuto orgânico do Reino — a única solucionadora da oposição antinômica entre o indivíduo e a sociedade.

A perfeição cristã é o fundamento que edifica a sociedade. Lição para a restauração do Brasil

“Só a perfeição cristã do indivíduo pode solidificar uma comunidade que não afogue em si, com tiranias draconianas, os inalienáveis direitos dos que antes de serem seus membros têm um destino eterno que lograr.

“São precisamente os exagerados egoísmos de cada qual o máximo óbice à vida social. E quando, pela sadia compreensão de seus deveres individuais e desejo de sua própria perfeição, os homens todos se houverem despojado de suas acanhadas egolatrias, nós teríamos obtido que todos os homens haveriam conseguido o máximo de sua eficiência social, e seria o Reinado de Jesus Cristo e o paraíso na terra.

“Que ao menos os súditos de Cristo Rei a realizem, na pequena sociedade familiar, como na maior sociedade civil e religiosa, para que o império de Jesus não seja apenas um ideal cantado em nossas igrejas, e sonhado em nossos corações, mas a verdadeira e forte realidade com que haveremos de revidar aos que hoje blasfemam como os loucos judeus do pretório de Pilatos. Se outros povos desorientados e outras nações transviadas O rejeitam, acolhamo-Lo nós em nosso meio, que resolutamente o queremos: VOLUMUS HUNC REGNARE SUPER NOS.”  https://pliniocorreadeoliveira.info/LEG_361025_Jesus_Cristo_nosso_Rei.htm

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Nuno Alvares

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