O jornalista Patrick McGee, ex-correspondente do Financial Times, afirmou em entrevista a Jon Stewart no The Daily Show, a respeito de seu livro Apple in China:
“Parece loucura, mas é isso mesmo: A Apple queria aproveitar a mão de obra barata na China, mas, sem perceber, acabou ajudando o país a dominar o mercado global de carros elétricos.” (O grifo e o negrito são nossos)

Mas não foram apenas os carros elétricos que entraram nessa conta. Quando a Apple decidiu terceirizar grande parte da produção de seus dispositivos para a China no início dos anos 2000, a escolha ia além do simples corte de custos. O país oferecia algo que poucas nações podiam igualar: uma combinação de escala, velocidade, disciplina industrial e uma força de trabalho “dócil” – acostumada a ser subjugada por um regime totalitário – e, acima de tudo, barata.
McGee mostra que empresas como a Foxconn – parceira fundamental da Apple – não apenas montaram iPhones: elas internalizaram processos, dominaram técnicas de produção complexas e, em muitos casos, se tornaram mais eficientes que os próprios centros de manufatura do Ocidente.
A exigência por excelência imposta pela empresa da maçã mordida forçou os fornecedores chineses a inovar, investir em tecnologia e desenvolver cadeias de suprimentos complexas e integradas. Em poucas décadas, a China passou de “fábrica do mundo” para algo mais sofisticado: um ecossistema industrial com potencial de liderança global.
O portal Terra resume bem o impacto:

“No livro Apple in China, McGee explica como o famoso “Designed in California. Made in China” estampado nos iPhones acabou transformando a China em um verdadeiro gigante industrial. Ao buscar produção mais barata, a Apple educou o regime chinês, fez investimentos maiores do que vários Planos Marshall juntos, e, sem perceber, preparou o terreno para que o país liderasse as novas tecnologias — incluindo os carros elétricos.
“A Apple investiu bilhões na China e ajudou a formar milhões de trabalhadores chineses.
“No início dos anos 2000, a Apple enfrentava um quebra-cabeça enorme para produzir o novo iMac G4, lançado em 2002. As peças do computador vinham de até seis países asiáticos diferentes. O processo era lento, caro e inviável para o novo projeto da empresa.
“A partir dali a Apple basicamente financiou e educou várias gerações, moldando o modelo industrial chinês no campo das novas tecnologias. “[i]
Mas tudo isso teria ocorrido “sem perceber”? Ingenuidade? Ou método? Esse é o estilo dos “sapos” de que adiante falaremos.
Segundo a Blumberg Línea, “McGee argumenta que a transferência de tecnologia facilitada pela Apple para a China por meio de pequenas decisões que se acumularam ao longo de décadas acabou tornando-a a maior investidora corporativa no made in China 2025. O ousado plano do presidente Xi Jiping era acabar com a dependência da tecnologia ocidental.”
“A Big Thec mais famosa dos Estados Unidos estava se oferecendo para desempenhar o papel de Prometeu entregando aos chineses o dom do fogo”, observou McGee.[ii] (O negrito é nosso)
Dr. Plinio tinha razão
Com o título “Os sapos… até quando os sapos?” o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira publicou um artigo na Folha de São Paulo, no dia 16 de outubro de 1983, em que denunciava como toda reação ao comunismo era sistematicamente obstada pelos “sapos”.[iii]
Dr. Plinio chamava pejorativamente de “sapos” os esquerdistas ricos ou aristocratas que apoiavam o comunismo ou colaboravam com ideias esquerdistas, mesmo sendo parte das elites econômicas ou sociais que teriam muito a perder com o regime comunista. Esse termo era usado com uma conotação de traição de classe, incoerência ou ingenuidade. O sapo representa algo disforme, dissonante e baixo, indigno da nobreza de espírito cristã. Nesse sentido, o sapo é o oposto do leão que representa a luta, a nobreza e a dignidade. Ele é o rei da floresta.
A pergunta feita por Dr. Plinio, “Os sapos… até quando os sapos?”, segue ressoando nos dias atuais – e aparece mais atual do que nunca.
[i] https://www.terra.com.br/mobilidade/parece-loucura-mas-e-isso-mesmo-a-apple-queria-aproveitar-a-mao-de-obra-barata-na-china-mas-sem-perceber-acabou-ajudando-o-pais-a-dominar-o-mercado-global-de-carros-eletricos,8df49f77f6cb94dcec5846d8f67a8131snfbfxef.html?utm_source=clipboard
[ii] https://www.bloomberglinea.com.br/2025/06/04/a-apple-estabeleceu-uma-relacao-intrincada-com-a-china-agora-sera-dificil-desfaze-la/
[iii] https://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP%2083-10-16%20Os%20sapos….htm