Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 14 anos — Atualizado em: 8/31/2017, 5:44:34 PM
Professor da Universidade de Brasília (UnB) apresenta sólida argumentação contra a tese de um atual aquecimento global do planeta, tão alardeada por cientistas, políticos e órgãos da mídia
Catolicismo — As agências de gerenciamento de recursos não procuram impingir como verdade uma maquiagem na teoria do aquecimento global?
Prof. Baptista — Na verdade, muita coisa começou a ser questionada após os escândalos de divulgação das manipulações de resultados pelos pesquisadores da Universidade de East-Anglia. Os espaços conseguidos pelos chamados céticos começaram a se ampliar. Vocês mesmos do Catolicismo já entrevistaram o finado Prof. Azevedo, a quem tive a oportunidade de enviar meu último livro, e de ter sua aprovação para o meu texto; e o caro Prof. Molion, um dos precursores no Brasil dessa corrente de pensamento.
Mas hoje ainda é necessário colocar nas pesquisas a serem publicadas algumas palavras-chave, para ter aprovação. Eu consigo pesquisar, porque falo de seqüestro de carbono, mas meu interesse é na espacialização da fase clara da fotossíntese por imagens de satélite, e não pela remoção de carbono e os impactos sobre o aquecimento global.
Catolicismo — Em entrevista para uma edição de Catolicismo (janeiro deste ano), o Prof. Molion afirmou que o homem não tem condições de mudar o clima global, e que os oceanos, juntamente com a atividade solar, são os principais controladores do clima global. O Sr. poderia fazer algum comentário sobre esse tema?
Prof. Baptista — Eu concordo com Molion, pois esses são os principais motores do clima global. Eu incluiria a importância dos vulcões, pois quando ocorrem as erupções, a quantidade de material que bloqueia a entrada de radiação solar tem sua parcela no clima global. O vulcão do monte Pinatubo, nas Filipinas, foi responsável por uma redução de 0,5°C na temperatura global durante três anos.
Comparativamente, o aquecimento dos últimos 100 anos foi da ordem de 0,7°C.
Recentemente, a erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, foi responsável pelo caos no sistema aéreo europeu, mas também pela primavera mais fria e chuvosa dos últimos anos em Portugal. Por aí se vê que eles têm sua parcela de responsabilidade no clima global.
Catolicismo — A mídia e os leigos no assunto freqüentemente confundem CLIMA e TEMPO. O Sr. poderia precisar os dois conceitos
e estabelecer a distinção entre eles?
Prof. Baptista — Tempo é o estado momentâneo da atmosfera numa dada localidade. Ele é altamente variável. Compareci em maio a um seminário de Geografia Física em Portugal, e no dia em que chegamos, pela manhã estava muito frio; logo em seguida, próximo ao almoço, começou a chover; depois estiou e esquentou; e no fim do dia voltaram o frio e a garoa. Em um único dia experimentamos diversos estados da atmosfera (tempo), e ainda essa chuva atípica como resultado do vulcão Eyjafjallajoekull. Dessa parte da ciência, tratam os meteorologistas.
Já o clima é definido como a média dos elementos climáticos (temperatura, chuva, ventos, radiação solar, etc) durante um período de pelo menos 30 anos. Diz ele respeito portanto a uma série histórica, e os responsáveis por essa área somos nós, os geógrafos. Tenho um conhecido que estudou no seu doutorado, durante dois anos, o comportamento hídrico de uma encosta na Escócia.
Ele teve uma sorte danada, pois o primeiro ano foi o mais seco da década, e o seguinte o mais chuvoso. Para ele entender como se comporta a água nessa encosta, nada melhor do que os extremos, mas ele não pôde caracterizar o clima daquela encosta com dois anos apenas. Resumindo: tempo é o estado momentâneo da atmosfera; e o clima, uma série histórica de pelo menos 30 anos.
Catolicismo — A difusão da doutrina do aquecimento global é sempre feita com base em acusações e ameaças. Será isso uma estratégia calculada, uma vez que é mais fácil manipular as pessoas influenciadas pelo medo? Poderia dar exemplos concretos da aplicação dessa estratégia?
Prof. Baptista — O medo é sempre a melhor forma de se impor algo. Quando queremos que os estudantes aceitem nossos pensamentos, é mais prático coibir com ameaças qualquer manifestação. De certa forma isso tende a ser mais confortável, pois os questionamentos podem colocar contra a parede os defensores de uma posição, principalmente se eles não estão seguros de suas convicções ou ainda não estudaram direito aquele ponto.
Eu penso de forma diferente. Não tento convencer as pessoas de que estou certo, mas mostro como penso, embaso com argumentos o que estou expondo. Em minhas aulas é muito comum, quando toco no tema do aquecimento global, que estudantes exponham seu descontentamento com o assunto; eu os respeito, pois são suas convicções. Na reunião da SBPC este ano, em Natal, haverá um debate meu com o Prof. Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, que apóia a linha do IPCC. Aceitei, pois respeito-o como pesquisador.
Apesar de não conhecer pessoalmente o Prof. Artaxo, tenho certeza de que, se ele pensa de modo diferente da minha posição, devem ser legítimos seus argumentos, e ele acredita neles. Em segundo lugar porque discuto idéias, e não dogmas. Pode ser que ele me apresente argumentos que me façam pensar sob outros pontos de vista. A ciência evolui assim.
O mais emocionante na história da ciência é como os conceitos vão evoluindo e como as idéias vão avançando. Imagine se Galileu e tantos outros não tivessem contrariado a maneira de pensar de suas épocas. Estaríamos bem mais atrasados. Com certeza!
Daniel Martins
320 artigosVoluntario do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Articulista na Revista Catolicismo e na Agencia Boa Imprensa. Coordenador do Canal dos Santos Anjos no YouTube: https://www.youtube.com/c/CanaldosSantosAnjos/
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