Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
10 min — há 5 anos — Atualizado em: 2/14/2020, 10:07:50 PM
Cumprindo nosso dever de informar a opinião pública Católica, reproduzimos forte artigo de Sua Excelência, o Mons. Carlo Maria Viganò, publicado por Corrispondenza Romana em 19-12-2019. O Documento constitui um forte ato de acusação ao Papa Francisco e, ao mesmo tempo, de ardente amor à Igreja.
Eis o que diz o Senhor Deus que criou os céus e osdesdobrou,
que firmou a terra e toda a sua vegetação,
que dá respiração a seus habitantes,
e o sopro vital àqueles que pisam o solo: […]
“Eu sou o Senhor, este é meu nome,
a ninguém cederei minha glória, nem a ídolos minha honra”. […]
Tal como um herói, o Senhor avança;
como um guerreiro, ele desperta seu ardor;
lança seu grito de guerra,
como um herói que afronta seus inimigos.
Muito tempo guardei o silêncio,
permaneci mudo e me contive.
Mas agora grito, como mulher nas dores do parto;
minha respiração se precipita.
Vou devastar montanhas e colinas,
secar toda a vegetação,
transformar os cursos de água em terras áridas
e fazer secar os tanques. […]
Retrocederão, cheios de vergonha,
aqueles que se fiam nos ídolos,
e que dizem às estátuas fundidas: “Sois nosso Deus”. […]
Quem então entregou Jacó aos saqueadores,
Israel aos depredadores?
Não é o Senhor contra quem pecamos,
cujas vias não quiseram seguir,
nem respeitar suas ordens.
Então despejou sobre eles sua cólera,
e as violências da guerra;
esta os envolveu de chamas sem que se apercebessem,
e os consumiu sem que dessem atenção. (Is 42, 5-25)
*
* *
“Existe no coração da Virgem Maria algo além doNome de Nosso Senhor Jesus Cristo? Também nós queremos ter em nossos coraçõesapenas um nome: o de Jesus, como a Santíssima Virgem”.
A trágica parábola deste pontificado avança com umasucessão insistente de encenações. Não se passa um dia sem que do mais altotrono o Sumo Pontífice proceda ao desmantelamento da Sé de Pedro, usando eabusando da autoridade suprema; não para confessar, mas para negar; não paraconfirmar, mas para enganar; não para unir, mas para dividir; não paraconstruir, mas para demolir.
Heresias materiais, heresias formais, idolatria,superficialidades de todos os tipos: o Sumo Pontífice Bergoglio não cessa de rebaixarobstinadamente a mais alta autoridade da Igreja, “desmitificando” o papado —como poderia dizer seu ilustre companheiro Karl Rahner. Com seu modo de dizer efazer, sua ação visa desfigurar o Depósito Sagrado e mutilar a Face Católica daEsposa de Cristo. Por meio de dissimulações e mentiras, com seus gestos de ostensivaespontaneidade, mas meticulosamente pensados e planejados, ele se enaltece numacontínua autocelebração narcisística, enquanto a figura do Romano Pontífice éhumilhada, obscurecida a do Doce Cristo na Terra.
Sua ação se serve da improvisação magisterial –daquele magistério improvisado, fluido, insidioso como areia movediça – nãosomente em altos temas à mercê dos jornalistas de todo o mundo, naquelesespaços etéreos que podem evidenciar um delírio patológico de onipotênciailusória, mas no âmbito das funções mais solenes que devem incutir um tremorsagrado e respeito reverente.
Por ocasião da comemoração de Nossa Senhora deGuadalupe, o Papa Bergoglio deu vazão mais uma vez à sua incontida aversãomariana, a qual evoca a da Serpente na história da Queda e no Protoevangelho; profetizaa inimizade radical posta por Deus entre a Mulher e a Serpente; e a hostilidadedeclarada desta última, que tentará até o fim dos tempos fazer ciladas ao calcanharda Mulher, para triunfar sobre Ela e sua posteridade. Foi uma agressãomanifesta do Pontífice aos sublimes atributos e prerrogativas, que fazem daImaculada Mãe de Deus o complemento feminino do mistério do Verbo Encarnado,intimamente associada a Ele na economia da Redenção.
Depois de tê-la rebaixado a “vizinha da casa aolado”, ou a migrante em fuga, ou a simples leiga com os defeitos e as crises dequalquer mulher marcada pelo pecado; depois de reduzi-la a mera discípula, queobviamente não tem nada a nos ensinar; depois de tê-la banalizado edessacralizado, como as feministas que estão ganhando espaço na Alemanha comseu movimento “Maria 2.0” (com o objetivo de modernizar a Santíssima Virgempara torná-la um simulacro, à imagem e semelhança delas), o Papa Bergoglioenfureceu-se contra a Augusta Rainha e Imaculada Mãe de Deus, que “se mestiçoucom a humanidade […] e mestiçou o próprio Deus”. Com um par de gracejos, ele atingiuo coração do dogma mariano e do dogma cristológico a ele associado.
Os dogmas marianos são a chancela aplicada àsverdades católicas de nossa fé, definidas nos Concílios de Nicéia, Éfeso eCalcedônia; eles são o baluarte inquebrantável contra as heresias cristológicase contra o desencadear furioso das Portas do Inferno. Quem os “mestiçou” e osprofana mostra que está do lado do Inimigo. Atacar Maria é atacar o próprioCristo. Atacar a Mãe é levantar-se contra o Filho e rebelar-se contra o própriomistério da Santíssima Trindade. A Imaculada Theotokos [Mãe de Deus], “terrível como exército em ordem debatalha e com estandartes desfraldados” (aciesordinata), combaterá para salvar a Igreja, destruindo o exército do Inimigolibertado das correntes, que a Ela declarou guerra; e com ele todas aspachamamas demoníacas retornarão definitivamente ao inferno.
O Papa Bergoglio parece não conter mais sua aversãoà Imaculada, nem mesmo consegue ocultá-la sob aparente devoção ostentatória;sempre sob os holofotes das câmeras, abandona a solene celebração da Assunção ea recitação do Rosário com os fiéis, que no tempo de S. João Paulo II e do PapaBento XVI enchiam o Pátio de São Damaso e a loggia superior daBasílica de São Pedro.
O Papa Bergoglio se vale da pachamama para abalar NossaSenhora de Guadalupe. A entronização desse ídolo da Amazônia no Altar daConfissão em São Pedro não passou de uma declaração de guerra contra a Senhorae Padroeira de todas as Américas; a qual, com sua aparição a Juan Diego, e graçasà sua mediação materna, destruiu ídolos demoníacos e conquistou os índios paraCristo e para a adoração ao Verdadeiro e Único Deus. E isso não é uma lenda!
Poucas semanas após o encerramento do eventosinodal, que marcou a instalação da pachamama no coração do catolicismo,descobrimos que o desastre conciliar do Novus Ordo Missae passapor uma modernização adicional, incluindo a introdução do “orvalho” no Cânoneucarístico, em vez da menção ao Espírito Santo, a terceira Pessoa daSantíssima Trindade.
Trata-se de um passo rumo à regressão do cultocatólico ao naturalismo imanentista, a um Novissimus Ordo panteístae idólatra. O “orvalho” — uma entidade presente no “lugar teológico” dostrópicos amazônicos, como ficamos sabendo pelos Padres sinodais — figura como onovo princípio imanente de fertilização da Terra, que a “transubstancia” em umTodo panteisticamente interconectado, ao qual os homens são assimilados esubmissos para maior glória da pachamama. E eis-nos lançados nas trevas de umnovo paganismo, globalista e ecotribal, com seus demônios e suas perversões.Com esta enésima adulteração litúrgica, a Revelação divina decai da plenitudepara o arcaísmo; da identidade hipostática do Espírito Santo desliza-se para aevanescência simbólica e metafórica do orvalho, que a gnose maçônica adotou jáfaz tempo.
Voltemos por um momento, porém, às estatuetas idólatrasde rara feiura, e à declaração do Papa Bergoglio no dia seguinte à retiradadelas da igreja da Traspontina e seu lançamento no Tibre. Também desta vez, aspalavras do Papa têm o mau odor de uma mentira colossal. Ele nos fez acreditarque as figuras foram prontamente exumadas das águas imundas, graças àintervenção dos carabinieri. Fica-seatônito ante o fato de uma trupe do Vatican News coordenadapor Tornielli, Spadaro da Civiltà Cattolica, além de repórteres ecinegrafistas da imprensa oficial, não terem registrado a façanha dosmergulhadores e o resgate das pachamamas. É igualmente inverossímil que umaoperação tão espetacular não tenha sequer chamado a atenção de transeuntes comseus celulares, para filmar e depois lançar esse furo de reportagem nas redessociais. Ficamos tentados a apresentar esta dúvida à pessoa que fez taldeclaração. Certamente, ainda desta vez, ele nos responderia com seu eloquentesilêncio.
Há mais de seis anos estamos sendo envenenados porum falso magistério, uma espécie de síntese extrema de todas as formulaçõesconciliares ambíguas e dos erros pós-conciliares, que se espalharam seminterrupção e sem que a maioria de nós os percebesse. Sim, porque o Vaticano IIabriu não apenas a Caixa de Pandora, mas também a Janela de Overton; e o fez demaneira tão gradual, que não percebemos a adulteração introduzida, a verdadeiranatureza das reformas, suas dramáticas consequências; e sem mesmo nos vir asuspeita sobre quem estava realmente dirigindo aquela gigantesca operaçãosubversiva, que o cardeal modernista Suenens chamou de “1789 da IgrejaCatólica”.
Assim, no decurso das últimas décadas, o CorpoMístico vem sendo lentamente drenado de seu sangue vital, por uma hemorragiaincontenível: gradualmente dilapidado o sagrado Depósito da Fé; os Dogmasdesnaturados; o Culto paulatinamente secularizado e profanado; a Moralsaqueada; o Sacerdócio envilecido; o Sacrifício eucarístico protestantizado,transformado em um banquete de confraternização…
Agora a Igreja está esmorecida, coberta pormetástases, devastada. O povo de Deus, analfabeto e despojado de sua fé, tateianas trevas do caos e da divisão. Nas últimas décadas, os inimigos de Deustransformaram progressivamente em terra devastada dois mil anos de Tradição.Com uma aceleração sem precedentes — graças à carga subversiva deste pontificado,apoiada pelo poderoso aparelhamento jesuítico —, um golpe mortal está sendoassestado contra a Igreja.
Com o Papa Bergoglio — assim como com todos osmodernistas — é impossível buscar clareza, pois a marca distintiva da heresiamodernista é precisamente a dissimulação. Mestres do erro e especialistas naarte do engano, “trabalham para fazer aceitar universalmente o que é ambíguo,apresentando-o por seu lado inofensivo, que servirá como passaporte paraintroduzir o lado tóxico, que no início era mantido oculto” (Pe. MatteoLiberatore, SJ). Assim, a mentira repetida obstinadamente e obsessivamenteacaba se tornando “verdade” e aceita pela maioria.
Também tipicamente modernista é a tática de afirmaro que se quer destruir, mas utilizando termos vagos e imprecisos, favorecendo oerro sem nunca formulá-lo claramente. É exatamente isso o que o Papa Bergogliofaz, com seu amorfismo dissolvente dos Mistérios da Fé, com a imprecisãodoutrinária que lhe é própria, através da qual ele “mestiça” e destrói osdogmas mais sagrados, como fez com os dogmas marianos da Sempre Virgem Mãe deDeus.
O resultado desse abuso de poder é o que temosagora diante dos nossos olhos: uma Igreja Católica que não é mais católica; umrecipiente esvaziado do seu conteúdo autêntico e cheio de produtos reciclados.
O advento do Anticristo é inevitável, faz parte doepílogo da História da Salvação. Mas sabemos que é o prelúdio do triunfouniversal de Cristo e de sua gloriosa Esposa. Aqueles dentre nós que não se deixaramenganar por esses inimigos da Igreja, enfeudados no corpo eclesial, devemunir-se e formar uma frente comum contra o Maligno. Apesar de há muitoderrotado, ele ainda é capaz de prejudicar e provocar a eterna perdição demultidões. Mas a Virgem, nossa guia, lhe esmagará definitivamente a cabeça.
Agora é a nossa vez! Sem equívocos, sem nosdeixarmos expulsar desta Igreja da qual somos filhos legítimos, e na qual temoso sacrossanto direito de nos sentir em casa; sem que a horda odiosa dosinimigos de Cristo nos faça sentir marginalizados, cismáticos e excomungados.
Agora é a nossa vez! O triunfo do Imaculado Coraçãode Maria, Corredentora e Medianeira de todas as graças, passa por seus“pequenos”. Certamente são frágeis e pecadores, mas de posição absolutamentecontrária à do exército do Inimigo. “Pequenos”, consagrados sem nenhum limite àVirgem Imaculada, são apenas o seu calcanhar – a parte mais humilde edesprezada, mais odiada pelo inferno – que junto a Ela esmagará a cabeça doMonstro infernal.
São Luís Maria Grignion de Montfort se perguntava:“Mas quando ocorrerá este triunfo? Só Deus o sabe”. Nossa tarefa consiste emvigiar e orar, como recomendado ardentemente por Santa Catarina de Siena: “Ai!Eu morro e não posso morrer. Não adormeçais na negligência, fazei tudo o que vosfor possível no tempo presente. Confortai-vos no doce amor de Jesus Cristo.Lavai-vos no Sangue de Cristo crucificado. Ponde-vos na cruz com Cristocrucificado. Escondei-vos nas chagas de Cristo crucificado”. (Carta 16)
A Igreja está envolta nas trevas do modernismo, masa vitória pertence a Nosso Senhor e à sua Esposa. Queremos continuar aprofessar a fé perene da Igreja diante dos rugidos do mal que a assedia.Queremos velar com Ela e com Jesus neste novo Getsêmani do fim dos tempos;rezar e fazer penitência em reparação pelas muitas ofensas que lhes sãoinfligidas.
+ Carlo Maria Viganò
Arcebispo. tit. de Ulpiana
Núncio Apostólico
19 de dezembro de 2019
Isabel Sousa
13 de agosto de 202413/08/2024 às 07:01