Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 6 anos
A eleição de Andrés Manuel López Obrador (AMLO) [foto abaixo] representou derrota acachapante para todos os povos da América Latina. Repito, não só o México perdeu (estamos diante de um grande país, não é uma Nicarágua, um El Salvador); todos perdemos de goleada. O caudilho eleito assume em 1º de dezembro, e só nos resta esperar prevenidos o pior, pois sentiremos logo efeitos deletérios da atuação de AMLO.
Parafraseio dito conhecido: diga-me quem te elogia e te direi quem és. O político mexicano está sendo festejado por líderes representativos de políticas de esquerda que sempre trouxeram miséria e sofrimento para seus povos. E há muita mentira pelo meio. Primeiro, os elogios. Depois, as mentiras.
Evo Morales afirmou que o triunfo de Obrador escreverá “nova página na história da dignidade e soberania latino-americana”. Nicolás Maduro saudou-a como “o triunfo da verdade sobre a mentira”. Dilma Rousseff imagina, a eleição “será uma vitória não apenas do México, mas de toda a América Latina”. Cristina Kirchner, no mesmo diapasão, o triunfo de Obrador “é uma esperança não apenas para o México, mas para toda a região”. Chega… O tom é o mesmo nos milhares de congratulações e manifestações de alegria dos diferentes quadrantes da esquerda, desde a mais carnívora, até a mais herbívora. Raul Castro, Maduro, Evo Morales sentem que a situação deles melhorou. Melhorou também a de Lula no Brasil. Se estão satisfeitos, coisa boa não vem por aí, fico triste.
Falo agora a respeito das mentiras. Muita gente vem dizendo que é o primeiro triunfo da esquerda no México. Santo Deus! Lá a esquerda está no poleiro desde começos do século XX. E vou deixar de lado o século XIX. Aqui reside boa parte dos motivos pelos quais o México não vai para a frente. Empantanou no retrocesso e afundou no atraso, apesar de condições potencialmente favoráveis, como a riqueza de petróleo.
Está todo mundo esquecido de que o México foi o país escolhido por Leon Trotsky para se asilar (1937), de que o governo mexicano nunca rompeu com Fidel Castro? Por anos, foi o único país latino-americano a manter relações com o ditador. O PRI, no poder de 1929 a 2000 por meio da ditadura efetiva, da fraude e da corrupção, é membro da Internacional Socialista. Tudo isso deixa sequelas.
Apesar da história incontroversa, o site do PT, em artigo celebrando a vitória de López Obrador, descaradamente proclama: “Sua vitória põe fim a um domínio de quase 90 anos da direita e centro-direita na política mexicana”. Na verdade, apenas de 2000 a 2012 o México teve governos com propensão liberal na economia.
Repito o óbvio, a esquerda vem infelicitando o México há décadas. Ninguém padece impunemente o infortúnio de governos de esquerda. E com isso, a carga de coletivismo, burocratização da vida, intervencionismo, estatismo, corrupção lacera fundo os ombros do povo mexicano. Tudo o indica, tais mazelas vão se agravar nos seis anos à frente, período do mandato de López Obrador.
Só um exemplo. A reforma agrária mexicana, medida xodó de todo tipo de esquerda, começou forte na década de 10 do século XX. Esse disparate entre nós deu seus passos iniciais bem mais tarde, com a criação da SUPRA (Superintendência de Reforma Agrária) em 11 de outubro de 1962 no governo João Goulart. Depois se agravou muito com os desastres em série que conhecemos.
No México, de 1911 a 1992 (71 anos com espada de Dâmocles sobre os produtores) o governo expropriou mais de 100 milhões de hectares de terras, o equivalente a dois terços das terras agriculturáveis. Melhorou a situação do campo? Não, como aqui, foi desastre ininterrupto, dinheirama dilapidada, fracasso de 70 anos. Hoje, parte dos camponeses foge espavorida rumo aos Estados Unidos (onde ninguém pensa em reforma agrária), para trabalhar lá como mão de obra barata, ganhando muito mais que no seu país natal, em que foram presenteados pela reforma agrária ‘redentora’. Acontece o mesmo em Cuba, agora na Venezuela. Os pobres tentam delas escapar, chicoteados pela fome e desesperança, têm horror dos efeitos das políticas sociais generosas de seus redentores socialistas. Debandam atraídos pela esperança de dias melhores nas egoístas sociedades capitalistas.
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Queria falar de outra coisa ainda. A revolução mexicana, da qual Obrador é herdeiro confesso, perseguiu a Igreja, roubando-lhe terras, nacionalizando propriedades, fechando conventos, proibindo culto público e educação religiosa, vestes talares nas ruas, assassinando padres, freiras e fiéis. Foi das mais furibundas manifestações do ódio religioso nas Américas. Perseguidos, morreram como mártires ou soldados cerca de 30 mil cristerosdurante a insurreição dos católicos inconformados (a reação cristera). Muitos deles foram beatificados ou canonizados pela Igreja.
Entre todos, avulta-se a figura do sacerdote jesuíta Miguel Pro, fuzilado [foto acima]. Tombou bradando “Viva Cristo Rei”. São dele os extratos de uma poesia-oração a Nossa Senhora das Dores que transcrevo abaixo:
Deixai-me viver a Seu lado, minha Mãe
Para fazer companhia a sua solidão
Eu não quero no caminho da minha vida
Desfrutar da alegria de Belém, adorando o Menino Jesus
Eu não quero desfrutar em sua humilde casa de Nazaré
Eu quero em minha vida
O desprezo e a zombaria do Calvário
Quero, ó Virgem dolorosa, estar perto de ti, em pé.
Beato Miguel Pro, rogai por nós, ajudai o México, sua pátria em perigo, enormemente necessitada de sua intercessão.
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