Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Card. Müller sobre Francisco: «Tudo isto criou uma grande confusão»

Por Outros autores

4 minhá 4 anos — Atualizado em: 10/24/2020, 4:07:07 PM


«Tudo isto criou uma grande confusão, recebi centenas de chamadas, os fiéis estão totalmente perdidos: o que queria dizer o Papa? Possível? Por que não se expressa claramente?». O Cardeal Gerhard Ludwig Müller, que completará 73 anos no final de Dezembro, é teólogo e curador da opera omnia de Ratzinger, foi nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, por Bento XVI, em 2012 e permaneceu no cargo até 2017. «Na Alemanha, com Bento disseram-me que eu era muito papista, agora tornei-me um inimigo do Papa! Uma coisa absurda para mim: sou católico, sacerdote, escrevi muitos livros sobre o primado do Papa, sempre o defendi contra os protestantes e os liberais. Mas…».

1. Mas, Eminência?

Mas o Papa não está acima da Palavra de Deus, que criou o ser humano homem e mulher, o matrimónio e a família. Sou Cardeal e sempre da parte do Papa, mas não em todas as condições. Não é lealdade absoluta. A primeira lealdade é para com a Palavra de Deus. O Papa é o Vigário de Cristo, não é Cristo. E eu acredito em Deus.

2. Mas Francisco não falou de matrimónio, disse que seria necessário um reconhecimento legal para os casais homossexuais, as uniões civis…

E, no fundo, qual é a diferença? Em muitos Estados, as chamadas uniões foram apenas a premissa para o reconhecimento dos casamentos gay. É por isso que muitos fiéis estão perturbados, pensam que estas palavras seriam, para a Igreja, apenas o primeiro passo para uma justificação das uniões homossexuais e isso não é possível.

3. E porquê?

Desde o início da Escritura, no Génesis, é dito que Deus criou o homem e a mulher. Jesus recorda-o aos fariseus: o homem unir-se-á com a sua mulher e os dois serão uma só carne. Por isso, o único matrimónio possível é entre homem e mulher e as relações sexuais são reservadas exclusivamente ao matrimónio. Não queremos condenar as pessoas com tendências homossexuais, pelo contrário, devem ser acompanhadas e ajudadas: mas segundo as condições da doutrina cristã.

4. A Escritura não fala de uniões civis…

Isso é um sofisma! A Palavra de Deus é válida para todos os tempos. E fala de direito natural, moral. A constituição antropológica não é respeitada nesta nova antropologia LGBT: dizem que não há natureza humana definida, homem e mulher, e o sexo seria apenas uma construção ideal, com todas as consequências do caso, incluindo o direito de mudá-lo. Mas não há futuro para a humanidade sem reconhecer a complementaridade entre homem e mulher, o dado biológico e psíquico, uma relação que está na base da cultura humana. O Papa é também o primeiro intérprete da lei natural: por que intervém nestas questões dos Estados sem enfatizar a dimensão da lei natural?

5. A Igreja não pode reconhecer as uniões civis?

Não é possível para um pensamento cristão. Por isso, a Igreja sempre se opôs: até o Estado laico deve respeitar a lei natural, reconhecer os direitos fundamentais dos Homens.

6. E onde se violariam os direitos humanos?

Com a adopção de crianças, por exemplo. Uma criança tem o direito de crescer com um pai e uma mãe. E não falemos da maternidade sub-rogada, das pobres mulheres que precisam de dinheiro e vendem o próprio corpo. Um grande mercado contra a dignidade humana.

7. O que disse aos fiéis que lhe telefonaram?

Nós respeitamos o Papa, claro, é o princípio da unidade da Igreja. Mas também Pedro e Paulo discutiram e um Papa, Honório I, foi até julgado por um Concílio.A pessoa não é totalmente idêntica com o papado. Houve pontífices que nem sempre foram claros na doutrina.

8. E desta vez?

A declaração do Papa Francisco não é oficial, saiu de uma entrevista, e isso relativiza-a e gera mal-entendidos. Tudo isto não é bom porque um Papa, assim como qualquer Bispo, deve ser sempre muito cauteloso e claro, especialmente nestes tempos tão delicados. Alguns dizem, não sei se é verdade, que combinaram diferentes citações no documentário. Por que razão a Santa Sé não deu uma explicação? E a Congregação para a Doutrina da Fé? No entanto, publicou textos, cientificamente elaborados, sobre homossexualidade e matrimónio. É um problema de confusão, no mundo agora diz-se: “o Papa abençoa as uniões homossexuais”: não o disse, mas as consequências são essas. Deveria estar mais atento.

Através de Corriere della Sera
Tradução do site: Dies Irae

Detalhes do artigo

Autor

Outros autores

Outros autores

430 artigos

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados