Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:24:54 PM
Nos tempos longínquos em que abrilhantei com minha presença a faculdade de medicina, um professor mencionou doenças que se resolvem com o médico, sem o médico e apesar do médico. Mostrou depois a utilidade de umas e outras. Não pretendo trair segredos profissionais, mas quem conhece piadas sobre médicos não ignora a importância dos honorários…
Saio correndo deste assunto, pois não me convém atingir interesses corporativistas, além disso minhas flechas estão hoje reservadas para o campo. Para qual campo? Ora, para o campo mesmo, o campo propriamente dito. Explico-me, antes que as flechas se voltem contra mim.
Todos conhecemos o êxito do agronegócio brasileiro, cuja colheita recorde de 185 milhões de toneladas engorda as raquíticas estatísticas do governo. A balança comercial (diferença entre exportação e importação) tem sido salva pela expansão da agropecuária, constante e persistente desde que se descartou a reforma agrária.
Que relação tem a atividade agropecuária com a distinção sibilina do meu professor? Aplique uma à outra, e veja o resultado: Nosso primitivismo agropecuário se resolveu com o governo, sem o governo e apesar do governo. Muito enigmático? Vamos esclarecer ponto por ponto.
Com o governo – Não é justo atribuir todo esse progresso ao empreendedor rural. Grande parte se deve ao profissionalismo e dedicação da Embrapa e de várias outras entidades, cujos técnicos competentes desenvolvem pesquisas de ponta para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos do campo. Sendo a Embrapa uma entidade do governo, ao governo cabe uma parte desse êxito, certo? Sim, desde que se entenda a qual governo isso se aplica. Muito importante esta distinção, pois o governo de dez anos atrás quis obrigar a Embrapa a sepultar pesquisas de ponta e desviar recursos para a antiquada agricultura de subsistência. Ainda bem que não o conseguiu…
Outra iniciativa elogiável são os empréstimos para custeio da produção. Para a atividade rural eles são vitais, mas para o governo são um negócio bancário cercado de todas as garantias, além de lucrativo em juros e impostos. Um favor útil, sem dúvida, mas muito interesseiro; e que precisa, aliás, ser melhorado e ampliado.
Sem o governo – Mesmo sendo o grande beneficiário do lucro que o agronegócio lhe dá de mão beijada, o governo deixa os empreendedores rurais à própria sorte: Malha rodoviária deteriorada; deficiência ou ausência de assistência médica; escolas rurais inexistentes ou em condições precárias; incentivo a invasores, com posterior leniência na reintegração de posse. Tudo isso desestimula empreendedores, gera prejuízos e encolhe o único benefício que o trabalhador rural honesto realmente procura: bom emprego.
Apesar do governo – A ação do governo no setor rural produtivo é uma sequência de tiros no pé, penalizando os empreendedores e premiando a quem não merece: Exigências ambientalistas draconianas; legislação trabalhista só aplicável a gabinetes luxuosos de burocratas brasilienses; indústria de multas arbitrárias e exorbitantes; confisco de propriedades para torná-las improdutivas nas mãos de índios urbanos indolentes e manobrados por ONGs; expropriação de produtores para entregar terra a aventureiros rotulados de quilombolas, mesmo contrariando a lei, que exige continuidade no uso da terra reivindicada. Após remoção injusta de proprietários legítimos, o governo deixa assentados nelas (ou confortavelmente deitados) os índios urbanos e falsos quilombolas.
Obstáculos ou doenças são equivalentes, na medicina e no campo, desde que se entenda metaforicamente alguns deles: Ervas daninhas, mau tempo, micróbios, predadores, vírus, profissionais desqualificados, criminosos. Nos dois casos, a solução é remover os obstáculos ou causadores de doenças. Nos dois casos, essa faxina traz lucro e progresso.
Por que será que o governo não consegue entender esta linguagem tão simples? Entenderia, se não estivesse encharcado de ideologia esquerdista, comprovadamente ineficiente e ultrapassada. Minha frágil esperança é que os responsáveis acordem para esta norma de vida, criada pela sabedoria popular e ancorada na experiência diária: Quem não atrapalha, já ajuda.
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