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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia ensina a prática do aborto a médicos brasileiros


Prevê-se para outubro próximo no Rio de Janeiro a realização do Congresso Mundial de Obstetrícia e Ginecologia –– FIGO 2018, o qual contempla, em sua fase prévia, um curso de “tecnologias” em aborto com vistas a preparar médicos para a realização de abortos induzidos no primeiro e no segundo trimestre de gestação. [1]

O curso é promovido em parceria com entidades pró-aborto, como a Marie Stopes International e a Federação Brasileira das Associações de Obstetrícia e Ginecologia (Febrasgo). Esta última tem-se engajado fortemente com outras ONGs da militância pela legalização do aborto no Brasil e se inscreveu na audiência pública da ADPF 442, que tramita no STF para discutir a possibilidade da legalização do aborto até 12 semanas de gestação por vontade da gestante.

Uma das palestrantes será Débora Diniz, presidente no Brasil do Instituto de Bioética (Anis) e vice-presidente da ONG International Women’s Health Coalition (IWHC). O curso abordará inclusive as técnicas de abortos mais agressivas, como a D&E, conhecida como desmembramento.  Esse método consiste em arrancar a criança do útero materno por partes (pernas, braços e partes do corpo), utilizando-se de uma pinça.

Certas profissões, como a de médico e de bombeiro, têm como objetivo específico salvar vidas. Preparar médicos para matar é um paradoxo. Seria o mesmo que preparar bombeiros para matar pessoas num incêndio, em vez de salvá-las.

Por outro lado, nunca se ouviu falar que assassinos precisassem de curso para perpetrar seus assassinatos. Entretanto, por tratar-se de um crime monstruoso que “brada aos Céus e clama a Deus por vingança”, conforme o qualifica a doutrina perene da Santa Igreja, talvez seja preciso um curso. Seria seu objetivo preparar psicologicamente os médicos para o horror do aborto?

Os médicos sabem que a vida começa no momento da concepção

Qualquer médico sabe que a vida humana começa nos primeiros momentos da concepção. No seu livro Catecismo contra o Aborto, o Pe. Davi Francisquini (capa ao lado) nos traz a seguinte informação: O cientista Karl Ernest von Baer, já em 1827, com os  microscópios de então, pôde observar o óvulo e o espermatozoide, a fecundação e o desenvolvimento embrionário, constatando que o início da vida humana ocorre no momento da concepção. Não obstante, os abortistas, sem apresentar qualquer argumento científico, continuam a pôr em dúvida o momento do início da vida humana, para tentar justificar o aborto nessas circunstâncias”(Pergunta nº. 17). [2]

  O Padre David explica também o processo de formação da vida humana no ventre materno: “Cerca de três semanas depois da fecundação, um músculo cardíaco começa a pulsar. Desenvolvem-se outros órgãos até o final do primeiro mês. Ondas cerebrais podem ser detectadas por volta de 40 dias. Durante o segundo mês aparecem os olhos, orelhas, língua e dedos, ao mesmo tempo em que o esqueleto se desenvolve. O coração bate e o sangue flui, com seu tipo próprio já determinado. Por volta da oitava semana começam a se formar nos dedos suas próprias e únicas impressões digitais. E assim por diante, passo a passo — sem nenhuma quebra em seu contínuo desenvolvimento, o embrião se transforma em feto — denominação que tem o embrião cerca da oitava semana, quando os principais órgãos estão constituídos, até nascer a criança por volta de 40 semanas” (Pergunta nº. 18).

 Excomunhão automática

Convém acentuar que quem pratica o aborto viola o quinto mandamento da Lei de Deus e comete pecado grave. Além disso, incorre em excomunhão latae sententiae (isto é, automática). A excomunhão atinge a todos os que, com conhecimento e deliberadamente, intervêm no processo abortivo, quer através da cooperação material — médico, enfermeira, parteira etc. —, quer com a cooperação moral verdadeiramente eficaz — como o marido ou o pai da criança que ameacem a mulher, obrigando-a a submeter-se ao aborto.

O Papa João Paulo II, usando a infalibilidade pontifícia, declarou:

  “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os bispos […], declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constituiu sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente […]. Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja”(Encíclica Evangelium vitae, nº 63, 25 de março de 1995).

Aborto, satanismo e paganismo

Em 2015 um grande escândalo veio à luz. Ele envolvia a organização abortista norte-americana Planned Parenthood, que mantém uma rede de clínicas de aborto alimentada com vasto financiamento do governo americano e instituições privadas.  Naquele ano, uma série de vídeos, gravados com câmeras ocultas, desmascararam um repugnante esquema de tráfico de órgãos e tecidos dos bebês abortados por essa organização.

 Na mesma ocasião, o Instituto Lepanto, voltado para a pesquisa e educação católica, entrevistou o ex-satanista Zachary King, que antes de se converter ao catolicismo tinha chegado a praticar abortos ritualísticos. Zachary começou a se envolver com a magia negra aos 10 anos de idade, entrou na seita satânica aos 13 e, aos 15, já tinha infringido todos os 10 Mandamentos.  Pouco tempo depois, ele escreveu o livro Abortion is a Satanic Sacrifice (Aborto é um sacrifício satânico) (capa ao lado). Nesse livro ele aborda a história dos EUA e como o aborto é um dos pilares dos ataques de Satanás contra Deus e a humanidade.

A prática do aborto se assemelha ao infanticídio praticado por algumas tribos indígenas brasileiras. Recente notícia de uma índia de 57 anos que enterrou vivo seu neto recém-nascido chocou a opinião pública. Algumas tribos enterram seus filhos vivos quando eles nascem com alguma deficiência, ou também quando nascem gêmeos. Neste caso, um dos bebês é enterrado vivo.

É curioso o nexo entre aborto, satanismo e paganismo…

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[1] http://estudosnacionais.com/aborto/congresso-medico-no-rio-de-janeiro-tera-curso-de-aborto-por-desmembramento-para-primeiro-e-segundo-trimestre/

[2] O “Catecismo contra o Aborto” pode ser baixado gratuitamente no seguinte link: https://catholicatraditio.files.wordpress.com/2010/09/catecismo_contra_o_aborto.pdf

 *        *         *

Já estava pronto o nosso artigo quanto saiu a nota de repúdio da CNBB, Regional Sul 3, ao Supremo Tribunal Federal contra o seu intento de descriminalizar o aborto. Publicamos-a a seguir:

“NOTA DE REPÚDIO AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, CONTRA AS RAZÕES DA ADPF 442 E CONTRA O SEU INTENTO DE DESCRIMINALIZAR O ABORTO ATÉ ADÉCIMA SEGUNDA SEMANA DE GESTAÇÃO, MEDIANTE VIA JUDICIAL.”

O Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por meio de sua presidência, vem manifestar seu repúdio às razões da ADPF 442, reiterando os argumentos que foram apresentados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 11 de abril de 2017:

1. Defendemos a integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural e condenamos, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil. O debate em torno dessa questão deve estar primordialmente marcado por um grito amoroso em favor da vida. No entanto, o que, infelizmente, se percebe é um grito necrófilo de morte à vida e sua originalidade.

2. Reconhecemos a dignidade das mulheres, e apoiamos toda superação da violência e da discriminação por elas sofridas, porém, aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa.

3. Repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar. As instâncias de uma democracia solidamente constituída têm como tarefa primordial a defesa e promoção dos direitos humanos, tutelando o valor maior que é o direito à vida. Uma consolidada democracia não pode rejeitar a dignidade de todos os seres humanos.

4. Cremos que o direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido e promovido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado.

5. Apoiamos um combate as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças.

Diante disso, afirmamos que o aborto não é uma conquista, mas é um drama social que corrói as mesmas raízes da convivência humana: “o aborto direto, isto é, desejado como fim e como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente”. (Papa João Paulo II, Evangelium Vitae 62).

Rogamos, portanto, ao Supremo Tribunal Federal, a defesa da vida desde a concepção até o seu ocaso natural e a garantia das prerrogativas do Congresso Nacional como a instância legitimada para regular a matéria.

Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana.

Confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros.

Porto Alegre, 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, do ano 2018.

Dom Jaime Spengler
Presidente do Regional Sul 03

Dom José Gislon
Vice-presidente do Regional Sul

Dom Zeno Hastenteufel
Secretário do Regional Sul 03

 

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Jurandir Dias

Jurandir Dias

126 artigos

(jornalista MTb 81299/SP) colabora voluntariamente com o site do IPCO.

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