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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Espertezas do tolo-risonho


ONew York Herald Tribune apresentouesta charge sagaz de Mauldin, apropósito da “rivalidade” e até do “antagonismo” entre o comunismo soviético eo comunismo chinês. Um ocidental com a fisionomia estúrdia, marcada por umlargo sorriso otimista e ininteligente, se apronta para pisar com passo lépido naterrível armadilha que o cortará ao meio.

Quemé esse ocidental? É o representante lídimo de toda uma família de almas que sevai tornando sempre mais numerosa no Ocidente: a família dos tolos-risonhos.

Otolo-risonho tem uma filosofia da vida. Superficial, agitado, débil de alma,ele vive apenas no mundo das aparências. Detesta aprofundar-se, ir seriamenteao âmago dos problemas, reconhecer os perigos e preparar-se para os enfrentar.Por isto mesmo, ele criou para si o mito de que “tudo no fim se arranja”; e quenão vale a pena pensar nem lutar, pois mesmo sem pensamento nem luta, tudo porfim dá certo.

Naturalmente,para o tolo-risonho tudo é como parece ser. Não há inimigos. E se os há, sãoexatamente como parecem. Daí, quer eles se zanguem, quer sorriam, é preciso darinteiro crédito à sua zanga ou ao seu sorriso. E quando parecem brigar entresi, é porque brigam de fato.

Oindivíduo que não pense desse modo é tido como reacionário atrasado, de fígadodoente e nervos à flor da pele. Só um indivíduo assim pode crer que em nossoséculo ainda haja cavalos de Tróia, Maquiavéis, etc. Somos o século da luz e dosorriso. E basta sorrir para atrair, comover e desarmar o adversário.

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Muitagente, lendo estas notas, dirá: mas não é assim mesmo? Não é generoso e cristãoeste modo de sentir?

“Cristão”…quantos abusos se têm feito desta palavra!

Ninguémpode ser mais cristão que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, o que nosensina a vida d’Ele nesta matéria, senão que muitas e muitas vezes a maldade dohomem fecha seu coração ao sentimento de gratidão, mesmo quando recebeu osmaiores benefícios? Que fizeram nove dos dez leprosos que Ele curou? (cf. Lc17, 11-19). Que fez a Ele o povo eleito, que Deus cumulara com os maiores donsna ordem do espírito e do corpo?

Essatriste família de almas, dos tolos-risonhos, é um estigma de degenerescênciados povos em que ela floresce. Tais foram, em face dos bárbaros, os imperadoresdo Baixo Império; em face dos otomanos, os basileus bizantinos; em face da pseudo-Reforma,tantos católicos anteriores à Contra-Reforma; em face da Revolução, Luís XVI eos nobres liberais. E assim os exemplos poderiam multiplicar-se até nossosdias.

Eassim o demônio não tem melhores instrumentos do que os tolos-risonhos. O boboé cavalo do demônio, diz um velho adágio…

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Excertos de artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em Catolicismo, Nº 155, novembro de 1963.

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

551 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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