Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 3 anos
A trama progressista dentro da Igreja vem de longe. Condenado por São Pio X, o Modernismo toma outras roupagens. Publicamos a seguir trechos de comentários do Prof. Plinio, em Catolicismo, 1959 — sobre os Grupos Proféticos, sua doutrina igualitária, seu conceito imanente da divindade.
“Insubordinação, “desalienação”, fio de meada dos mistérios “proféticos”
No artigo de apresentação deste número (“O porquê deste número duplo”), está descrita a inter-relação do IDO-C com os “grupos proféticos”. É fácil ver que aquele e estes constituem, em seu conjunto, uma imensa máquina semi-secreta, enquistada na Igreja, para a realização do desígnio maléfico de A transformar no contrário do que tem sido nestes dois mil anos de existência.
Desejamos, agora, ajudar o leitor no estudo do artigo de “Ecclesia” sobre os “grupos proféticos” (“Os pequenos grupos e a corrente profética”) pondo em especial relevo os aspectos dessa espécie de sociedades iniciáticas, que nos parecem mais profundos e esclarecedores.
Neste comentário, não visamos aprofundar propriamente a doutrina dos “grupos proféticos”, a coerência interna das diversas teses que a integram, seus mestres, seus precursores, suas afinidades ou distonias com outros sistemas de pensamento.
Nem tampouco pretendemos analisar as condições culturais, políticas, sociais, econômicas ou outras, que favorecem ou contrariam a gênese e o desenvolvimento desses grupos.
Nosso objetivo é mais circunscrito, e também de uma utilidade mais imediata. Postos diante do crescimento tangível dos “grupos proféticos”, de sua nocividade evidente, da necessidade, pois, de lhes atalhar os passos, perguntamo-nos qual o programa deles, se repousam sobre uma estrutura definida de direção e propaganda, como é essa estrutura, como atua, como vêem eles as transformações pelas quais a Igreja passou recentemente e continua a passar, quais as técnicas de recrutamento, formação e subversão usadas por tais grupos, e por fim, quais as suas relações com o comunismo.
É no artigo de “Ecclesia” que procuraremos resposta a essas perguntas.
I . Desalienação: revolta contra toda superioridade, toda desigualdade
O conceito-chave da doutrina dos “grupos proféticos” é, a nosso ver, a alienação. Assim, tomamo-la como ponto de partida e como fio condutor desta exposição. O leitor verá como, desta forma, a matéria se torna límpida e acessível.
Alienus é um vocábulo latino que equivale à palavra portuguesa “alheio”. Alienado é o que não se pertence a si mesmo, mas a outrem.
Na perspectiva comunista, toda autoridade, toda superioridade social, econômica, religiosa ou outra qualquer, de uma classe sobre outra, importa em uma alienação. Alienante é a classe social que exerce a autoridade, ou possui a superioridade, seja através de um Rei, um Chefe de Estado, um Papa, um Bispo, um Sacerdote, um General, um professor, ou um patrão. Alienada é a classe que presta obediência à alienante. A classe alienada, pelo próprio fato de estar sujeita a outra classe em medida maior ou menor, nessa exata medida não se pertence a si mesma, e está alienada a essa outra.
Transposto o conceito de alienação para as relações de pessoa a pessoa na esfera religiosa, pode-se dizer que um Papa, um Bispo ou um Sacerdote, enquanto participa da classe dirigente, que é o Clero, é alienante em relação a um simples fiel, o qual é membro da classe dirigida, isto é, do laicato.
Toda alienação é uma exploração do alienado pelo alienante. E como toda exploração é odiosa, cumpre que a evolução da humanidade conduza à supressão de todas as alienações, e portanto de todas as autoridades e desigualdades. Pois toda desigualdade cria de algum modo uma autoridade. A fórmula mais conhecida e popular da total não alienação está no lema da Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. A aplicação absolutamente radical desse lema importa na implantação de uma “anarquia” sem caos. A ditadura do proletariado não é senão uma etapa para a realização do anarquismo.
O igualitarismo radical é a condição para que haja liberdade, e para que, cessadas as explorações e as conseqüentes lutas de classe, reine entre os homens a fraternidade.
Essa a criminosa quimera dos comunistas.
II . O supremo objetivo “profético”: uma Igreja não alienante nem alienada
Do que expõe o artigo de “Ecclesia”, deduzimos que os “grupos proféticos” desejam transformar a Igreja Católica, de alienante e alienada que é, em uma Igreja-Nova, sem nenhuma forma de alienação.
1ª desalienação da Igreja: em relação a Deus
Continuaremos no próximo Post.
Plinio Corrêa de Oliveira
557 artigosHomem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".
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