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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Funcionaria no Brasil retiro espiritual para presidiários?


Há pouco o Brasil estarreceu com a notícia do massacre perpetrado em prisão do Amazonas, no qual foram assassinados dezenas de presidiários com requintes verdadeiramente satânicos. Esse não foi caso isolado, pois já ocorreram antes fatos semelhantes em outros presídios.

                Como podemseres humano chegar a esse grau inimaginável de selvageria? Haveria um modo de lhesdar um pouco de sentimento cristão através de assistência religiosa, psicológicae mesmo material que os levasse a atitudes mais humanas? Ou será que não hámais esperança para eles, sendo tempo perdido qualquer iniciativa nessesentido?

                A essepropósito, chamou-me a atenção notícia publicada em um site católico sob otítulo “As autoridades boquiabertas comos retiros com Adoração ao Santíssimo Sacramento em prisão: mudança total nosprisioneiros”.[i] Afirmaa notícia: “Os retiros espirituais estãose convertendo numa fonte de conversão e transformação para milhares de presosnos Estados Unidos. Esta experiência está se realizando no Texas, em prisõesonde há reclusos muito problemáticos e conflitos constantes, e tem chamado aatenção dos responsáveis dos cárceres pelos efeitos benéficos que estão tendocom os condenados.”

                A origemdisso está numa iniciativa do diácono permanente Tommy Ewing, ordenado há dozeanos. Mas apenas recentemente ocorreu-lhe fazer apostolado nas prisões, poisantes, afirma ele muito compreensivelmente, “tinha medo, e não queria entrar em suas portas”. Mas um impulsodivino o levou a entregar-se a isso e, “umavez que entras e tomas contato com estas pessoas, te dás conta de que és uminstrumento da graça de Deus”.

                Tommy pertenceagora à diocese texana de Beaumont, em cuja sede há uma prisão federal e algumasprivadas. Nela alistou-se no ministério carcerário, juntando-se a algumas centenasde voluntários que tornam possível a realização de retiros em cárceresmasculinos e femininos.

                Ewingchegou com seu plano de retiro nas prisões dessa diocese em 2012. Voluntários oapresentaram então aos responsáveis pela segurança da prisão federal da cidade,para que pudesse propô-lo. No começo encontrou animadversão e ceticismo. Masdepois concordaram, com a condição de que, se o retiro funcionasse, poderia tercontinuidade; se não, não se falaria mais nele.

                Aexperiência foi feita. Diz Ewing que, “trêssemanas depois do primeiro retiro, nos reunimos com o responsável da prisão”para ouvir sua opinião sobre o retiro feito, do qual haviam participado 66presos. Em resposta, o diretor tirou da gaveta uma pilha de mais de 60 cartasdos presidiários, elogiando a iniciativa e muito contentes com o que tinhamrecebido no retiro. Um dos seus frutos foi que os detentos se tornaram muitocolaborativos com os guardas.

O sucesso não podia ter sido maior. Porisso a reação do diretor da prisão foi perguntar: “Quando poderiam organizar outro?

Essa boa repercussão da iniciativa naturalmente repercutiu emoutros cárceres do Estado, que pediram análogos retiros. O resultado foi que issoestá favorecendo as próprias instituições prisionais, cujos responsáveis e ospróprios funcionários notam que essesretiros são particularmente efetivos para trazer à luz problemas que podemestar preocupando o preso, e assim permitir que sejam tratados e solucionados.

Um dos resultados colaterais do retiro foi o fato de que o número detentos que dele participam cresceu de maneiranotável, favorecendo muito a sua reabilitação.

Adoração ao SantíssimoSacramento e confissão

                Intensivos nos fins de semana, osretiros são feitos em comunidade. Dividem-se os presos em grupos de 66, portemas logísticos. Os que já participaram de retiro anterior são selecionadospor sorteio para compartir sua experiência no retiro em curso. Além dos temastradicionais da doutrina da Igreja sobre os Sacramentos e o catecismo, duranteo fim de semana há Missa, Adoração Eucarística, confissão, e Via Sacra.

Uma coisa que surpreende nesses atos, segundo Ewing, é que “podes ver como os presos se emocionamvisivelmente”. Isso principalmente durante a Adoração ao SantíssimoSacramento, feita numa dependência separada, onde é colocado um pequeno altarcom uma custódia contendo Jesus Hóstia. A semi obscuridade da prisão cria umambiente propício para a oração. Assim, “trazesa luz de Cristo, e estes homens podem senti-la. Isso marca a diferença”. Écomum ver, em várias horas do dia ou da noite, algum presidiário de joelhosadorando Jesus na Sagrada Hóstia.

                Outra coisa que faz a diferença éo sacramento da Confissão. Evidentemente os voluntários devem explicar bem o poderdesse Sacramento que só os católicos têm, e que permite a uma pessoa comproblemas de consciência a descarregá-los junto a um ministro de Deus que tem opoder de absolvê-lo de todos seus pecados. E ensinam aos presos que nunca seconfessaram, ou que o fizeram há décadas, como fazê-la. A paz de alma quemuitos presidiários sentem após descarregarem todas as faltas de uma vida ereceber a absolvição é impressionante. Por isso, diz Ewing, “o acesso à confissão e a adoração eucarísticasuavizam inclusive o mais duro dos corações. É uma grande experiência que mudaa vida”.

                O Pe. Michael Rugledge, diretorda capelania do Departamento de Justiça Criminal do Texas, falando sobre oresultado dos retiros, afirma que eles “estãoprovocando uma transformação. Não se pode obter a transformação de ninguém semque lhe toque o coração”.

                Paraterminar, convém notar que vários dos presos que mudaram de vida após essesretiros escreveram aos voluntários que os ajudaram, para lhes agradecer e darsuas impressões. Diz Ewing que, em geral, eles dizem que “encontraram amizade, amor e irmandade, muitos deles já tinham perdido aesperança”. No fundo, é o que afirma um preso em sua carta aos voluntários:“Deus me criou, mas vós me fizestes o quesou hoje, e o que Deus queria que eu fosse. Seguirei na minha vida este caminhode fé em Cristo até o fim de meus dias, e continuarei lutando para que o amorde Deus prossiga em mim”.

                Isso teriaresultado no Brasil, onde os religiosos encarregados da pastoral carcerária geralmentesão adeptos da execrável Teologia da Libertação, não transmitindo mais osensinamentos tradicionais da Igreja? Como vimos, nos Estados Unidos tanto ainiciativa como a sua colocação prática partiu de leigos. Poderá ocorrer omesmo no Brasil? Isso certamente teria um resultado semelhante, ou pelo menosmuito alentador, não só para os presos, mas também para todos nós.


[i]https://www.religionenlibertad.com/eeuu/110193389/Las-autoridades-boquiabiertas-con-los-retiros-con-Adoracion-en-prision-cambio-total-en-los-presos.html?

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Plinio Maria Solimeo

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