Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 7 anos — Atualizado em: 2/16/2018, 5:55:07 PM
“A maquinaria de ingerências russas penetra a crise catalã”– escreveu o jornal madrilense de grande tiragem “El País” que, aliás, não esconde suas simpatias por todas as formas de esquerda.
O jornal fez uma extensa descrição da guerra da informação que gera noticias falsas sobre o movimento separatista espanhol.
Ele descreve táticas russas análogas às utilizadas para interferir nas eleições nos EUA e na Europa.
“El País” acompanhou sites pró-russos e perfis de redes sociais usando ferramentas de analítica digital. A descrição evoca poderosamente as táticas de desinformação e de “guerra híbrida” aplicadas na ocupação da Crimeia e do Leste ucraniano.
O Kremlin considera o independentismo catalão como mais uma oportunidade para aprofundar as fraturas europeias e consolidar sua influência internacional.
Uma galáxia de páginas web montadas em São Petersburgo com as mais fantasiosas fachadas publica boatos que são logo ecoados por ativistas antiocidentais.
Entre estes se destaca Julian Assange e uma legião de bots, ou seja, milhões de perfis nas redes sociais criados e geridos por robôs que multiplicam as palavras-de-ordem dos serviços secretos russos.
Esse esquema fabrica “viralizações” inautênticas e transforma mentiras estrategicamente excogitadas em tendência partilhada “milhões de vezes” nas redes sociais, explica “El País”.
Por sua vez – e isto o jornal de pensamento socialista não o diz –, a grande imprensa ocidental finge acreditar na autenticidade do fenômeno e o acolhe em seus poderosos meios como a opinião das redes sociais.
O famigerado “Russia Today”, ou RT, meio criado e abundantemente regado pelo dinheiro do Kremlin, foi um elo de destaque no esquema.
Desde o início da crise catalã, o setor de língua castelhana de “Russia Today” assumiu a bandeira contrária à legalidade constitucional espanhola.
Em setembro ele publicou 42 noticias sobre a Catalunha, várias com manchetes falsas.
Em 12 de setembro, RT reproduziu um tuit atribuído a Assange prognosticando “o nascimento da Catalunha como país ou a guerra civil”.
Segundo as ferramentas analíticas de “El País”, o tuit foi logo passado adiante por 1.700 perfis no Facebook ou no Twitter.
Assange figurava como o principal agitador internacional da crise catalã, disseminando opiniões e meias verdades como se fossem notícias verdadeiras. Se é que ele era o autor…
Segundo dados de Audiense, plataforma de análise social, só em setembro Assange teve quase 940.000 menções no Twitter.
O tuit mais reproduzido no mundo, segundo a ferramenta de medição NewsWhip, foi um do perfil de Julian Assange, datado de 15 de setembro às 18.46:
“Peço a todo o mundo que apoie o direito da Catalunha à autodeterminação. Não se pode permitir que a Espanha recorra normalmente a atos repressivos para impedir a votação”.
A mensagem em inglês obteve mais de 12.000 retuits e 16.000 curtidas.
Esse tuit não seguiu o andamento normal das viralizações. Sua instantaneidade caracterizou a atividade dos bots e perfis falsos robotizados que retuitam maquinalmente mensagens predeterminadas.
Segundo TwitterAudit, 59% dos seguidores de Assange são perfis falsos.
O que tem a ver com a Espanha o ciberativista australiano da WikiLeaks procurado pela Interpol? Não se sabe, mas o certo é que funciona como uma luva na mão do Kremlin.
Edward Snowden, ex-analista norte-americano prófugo, instalado comodamente na Rússia, fez dueto com Assange no Twitter.
Seu tuit “a repressão da Espanha é uma violação dos direitos humanos” ganhou num tempo humanamente impossível quase 8.000 retuits e 8.000 curtidas.
Justin Raimondo, diretor do site anarquista AntiWar, comparou os protestos em Barcelona com a repressão chinesa na Praça Tiananmen em 1989. Nessa, o regime comunista chinês passou os tanques por cima dos manifestantes que pediam liberalização.
Raimondo comparou “as autoridades de Madrid com os déspotas de Pequim”.
A ideia não foi dele, mas de Assange, que tuiteou e retuiteou o artigo de Raimondo em quatro ocasiões. Na verdade, talvez não tenha sido de nenhum dos dois, mas de um planificador do Kremlin.
“El País” se estende, citando o esquema de palavras-de-ordem pró-russas multiplicadas por sites “fiéis” e pelo exército de bots russos.
A ferramenta Hamilton 68, da Aliança para Garantir a Democracia, criada pelo German Marshall Fund após a proliferação de notícias falsas nas eleições americanas de 2016, analisa permanentemente 600 contas, automatizadas ou não, que estão na órbita do Kremlin.
Essa ferramenta identificou o site AntiWar como um dos mais difundidos pelas redes pró-Rússia.
Seja o primeiro a comentar!