Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 14 anos — Atualizado em: 10/9/2018, 9:43:42 PM
Luís Felipe Escocard
“Papa condena aborto e pede a bispos do Brasil que orientem politicamente fiéis”. A notícia do website do jornal O Estado de São Paulo, de 28 de outubro último, deixa os clérigos progressistas em posição delicada.
Em reunião com os bispos do Maranhão afirmou Bento XVI que “quando projetos políticos contemplam aberta ou veladamente a descriminalização do aborto, os pastores devem lembrar os cidadãos o direito de usar o próprio voto para a promoção do bem comum.”
Causou muita polêmica e gritaria a participação um pouco mais incisiva no processo eleitoral de bispos como D.Beni dos Santos, bispo de Lorena, D.Bergonzini, bispo de Guarulhos e D.Aldo Pagotto, bispo da Paraíba, que afirmaram não ser possível um católico votar num partido abertamente favorável ao aborto.
Para surpresa de muitos brasileiros, no entanto, religiosos, dentre eles até bispos, censuraram os corajosos prelados. Como exemplo, D.Demétrio Valentini, bispo de Jales, deu larga entrevista em jornal dentro dos limites da diocese de Guarulhos, criticando seu bispo, por estar fazendo política.
E em carta a D.Bergonzini afirma o seguinte: “De maneira muito injusta me acusa de ser um soldado do Partido dos Trabalhadores. O Brasil inteiro está vendo que é o sr. que está fazendo política, e muita gente está escandalizada com sua atitude de invocar sua condição de bispo e de ‘sacerdote do Altíssimo’, para pedir que não se vote no Partido dos Trabalhares, e em especial na candidata do partido para a Presidência. Ora, existe atitude mais política do que esta?”
No entanto, em atitude, não sei se católica, mas certamente política, D.Valentini assinou um manifesto pró-Roussef, afirmando que “para o projeto de um Brasil justo e igualitário, [a eleição de Dilma] representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra”.
Assinaram também os bispos D.Luiz Eccel (Caçador, SC), D.Antônio Possamai (emérito de Rondônia); D.Pedro Casaldáliga (emérito de São Félix do Araguaia, MT), além de D.Xavier Gilles e D.Sebastião Lima Duarte, (emérito e diocesano de Viana, MA).
Em outro ato pró-Roussef na Pontifícia Universidade Católica, afirmou frei Betto: “Bispos panfletários não falam em nome da igreja
nem em nome da CNBB. É opinião pessoal, só que é injuriosa, mentirosa e difamatória.” E após as declarações do papa disse lamentar “que três bispos tenham desviado a atenção da opinião pública para introduzir oportunisticamente o tema no debate.”
Ora, diz Bento XVI: “Ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo.”
Também afirmou o mesmo frei que “lei de aborto não impede o aborto. O que impede aborto é política social, é salário, é o Bolsa-Família, é distribuição de renda.”
Comparemos com o que disse Bento XVI no dia 28 de outubro: “Seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural.”
Quando bispos levantam a voz energicamente em defesa da moral católica, os progressistas rasgam as vestes dizendo que estão se intrometendo em política. Política na qual eles tomam parte ativa, só que do lado contrário, a favor de um partido que defende o aborto, o casamento homossexual, a retirada de símbolos religiosos em locais públicos, etc.
Contradição absurda? Pode ser.
Mas, parafraseando Shakespeare, há certo método nessa incoerência…
Seja o primeiro a comentar!