Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 14 anos — Atualizado em: 1/14/2016, 11:07:54 PM
Atilio Faoro
Um novo e grave conflito religioso eclodiu no México. Motivo: a aprovação das uniões homossexuais com amplos direitos, inclusive o de adoção.
O Cardeal Juan Sandoval, da cidade de Guadalajara, acusou os magistrados da Suprema Corte de terem sido subornados para ratificar as modificações do Código Civil que adotam as propostas do lobby homossexual. O tema divide a opinião pública do país.
A aprovação da lei das uniões homossexuais faz parte de uma revolução cultural e legislativa promovida pelo governo esquerdista de Marcelo Ebrard, da Cidade do México, do Partido da Revolução Democrática (PRD). Em abril de 2007 o PRD promoveu a despenalização do aborto.
Tudo começou em janeiro deste ano, quando os legisladores da Cidade do México aprovaram alterações no Código Civil, restritas ao Distrito Federal, equiparando a união entre homossexuais com o casamento tradicional entre um homem e uma mulher.
As alterações entraram em vigor em março, mas o Governo Federal encabeçado pelo presidente Felipe Calderón, do Partido de Ação Nacional, de orientação conservadora, interpôs recurso de inconstitucionalidade junto à Corte Suprema.
No dia 5 de agosto a Corte negou o recurso governamental, e no dia 12 determinou que as uniões entre pessoas de mesmo sexo celebradas na capital sejam reconhecidas em todos os 31 estados do país.
O Cardeal de Guadalajara, Dom Juan Sandoval, levantou sua voz contra a medida e declarou que tanto o prefeito da Cidade do México como uma “série de organizações internacionais” haviam subornado os magistrados para obter o reconhecimento da legalidade das uniões homossexuais e das adoções.
A reação do prefeito do México, Marcelo Ebrard, foi imediata: anunciou uma ação por “danos morais” e uma sanção econômica contra o Cardeal. Antes disso, tinha dado um prazo para que ele fizesse uma retratação pública.
Fontes da Diocese de Guadalajara informaram que o Cardeal Sandoval não se retratará de suas palavras e que tem provas que as respaldam.
A polêmica subiu de tom quando Marcelo Ebrard declarou que “devemos defender o Estado laico porque é a garantia da liberdade de todos e de todas”, posicionando-se contra a intromissão dos membros da Hierarquia católica em “questões políticas”.
Para o prefeito da capital mexicana, o México é um Estado que não “está a serviço de uma doutrina religiosa ou filosófica particular, mas foi instituído para servir ao interesse público”.
E investiu contra a Igreja católica: “Nenhuma igreja tem o direito de impor sua filosofia particular e especialmente a sua moral ao resto da sociedade. Deve acatar e respeitar as disposições da representação política que nos foram dadas pelos mexicanos e as instituições do Estado”.
O Cardeal Sandoval declarou que as adoções de crianças por parte de homossexuais e lésbicas “é uma aberração”. A Arquidiocese de Guadalajara emitiu um comunicado no qual assegura que, ao permitir que se legalize a união marital entre pessoas do mesmo sexo, o país “está caindo em uma involução social e na permissividade moral que converte as leis civis em regras de vida falsas”.
Eugenio Lira Rugarcía, porta-voz da Diocese, afirmou que não obstante a Suprema Corte de Justiça tenha solicitado às entidades federativas o reconhecimento do matrimônio entre as pessoas do mesmo sexo, “a Igreja se mantém em seus princípios”.
Em defesa do Cardeal e da Igreja católica declarou-se a associação civil antiabortista “Provida”, que criticou o prefeito Ebrard e a decisão dos magistrados do mais alto tribunal do país. “A Corte Suprema perdeu o sentido da justiça, convertendo-se em ‘corte de legalidade’ e mutilando a liberdade da sociedade”, declarou o diretor de “Provida”, Jorge Serrano Limón.
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