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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Lei de Newton, Quarta Via e a caridade celeste


Ensina o Apóstolo que as coisas visíveis são um reflexo, um auxílio que Deus nos dá, para conhecer as invisíveis.

Assim, o mundo material é governado por leis que se aplicam de maneira mais perfeita às realidades superiores, ou seja ao mundo espiritual. Por exemplo, a pureza de um diamante é melhor espelhada no lírio do campo, na alma humana, no mundo angélico, em Nossa Senhora, e, por fim, em Nosso Senhor Jesus Cristo. A Santíssima Trindade é a perfeição.

Esse exercício, através de analogias, de ir subindo de grau em grau, na Criação, chama-se Quarta Via. Foi desenvolvida pelo Prof. Plinio em reuniões para sócios e cooperadores da TFP adaptando a quarta demonstração de Santo Tomás sobre a existência de Deus.

O Ensinamento de São Paulo

Afirmou São Paulo: “Porque as coisas invisíveis dEle, depois da Criação do mundo, compreendendo-se pelas coisas feitas, tornaram-se visíveis; e assim o seu poder eterno e a sua divindade;” (Rom I, 20).

No Céu, continua o Apóstolo, desaparecem a Fé e a Esperança e permanece apenas a Caridade.

Pretendemos mostrar como a Caridade celeste é a plena realização, no plano sobrenatural, daquela lei que Newton estabeleceu para o mundo físico.

A admiração, o enlevo, o entusiasmo de São Francisco Xavier por Santo Inácio, seu fundador, bem demonstra que a atração espiritual entre ambos é mais visível, é superior à atração, por exemplo, entre a Lua e a Terra. É que os seres brutos realizam uma perfeição numa escala inferior aos seres vivos, aos homens, aos Anjos.

A atração entre dois ímãs nos fornece — como explica São Paulo — uma imagem visível de uma realidade invisível: a atração das almas retas entre si (pela caridade). A veneração de Nossa Senhora pelo Menino Jesus, por exemplo.

Memórias do Colégio São Luiz: a Lei de Newton

Em suas memórias, observa o Prof. Plinio, a propósito das aulas de física no Colégio São Luiz, dos jesuítas (SP), especificamente sobre a Lei de Newton — matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias — que essa realidade do mundo físico era a tradução palpável de uma realidade impalpável em esferas superiores.

Quais seriam essas realidades superiores onde a Lei de Newton se aplicaria? “Aonde o professor parava” — enunciando a fórmula matemática da Lei — “eu queria começar”, concluía o Prof. Plinio.

Em outras palavras não há um universo fechado. As sucessivas gradações mineral, vegetal, animal, homem, anjos realizam graus de perfeição. Dos Anjos chegamos, por analogia, à Nossa Senhora, (Regina Angelorum), à Nosso Senhor e por fim, à Trindade Santíssima.

Ensina São Boaventura: não há universo fechado

A Criação do mundo é como um livro no qual resplandece, manifesta-se e se lê a Trindade criadora em três graus de expressão, isto é, como vestígio, como imagem e como semelhança” (São Boaventura, Breviloquium, 2-12).

“Vestígio” se aplica aos seres irracionais; enquanto o homem, tendo alma imortal, foi criado à imagem e semelhança de Deus.

Davi, Rei e Profeta: “Os céus publicam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia transmite esta mensagem ao outro dia, e uma noite comunica-a a outra noite. Não é uma palavra, não é uma linguagem, cuja voz não possa perceber-se: O seu som estende-se por toda a terra, e as suas palavras até às extremidades do mundo.” (Sl 19,1).

Essa noção de universo fechado circunscreve as várias esferas em si mesmas e bloqueia totalmente o conhecimento por analogias.

Pelo contrário, as Sagradas Escrituras estão repletas de analogias: olhai “os lírios do campo, não tecem nem fiam, entretanto, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles”.

Ver a imagem de origem
O amor de Nossa Senhora ao Menino Jesus. Imagem de Nossa Senhora da Divina Providência.

O amor de uma mãe em relação a seu filho ultrapassa em muito o instinto “materno” da galinha. E o Filho de Deus vai muito além, quando compara seu amor a Jerusalém ao instinto da galinha: “quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos como a galinha reúne os seus pintainhos”.

A Caridade e a Lei de Newton

A atração da matéria pela matéria, proporcional à massa e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias, é muito mais perceptível nos seres vivos, pode ser comparada à caridade que une dois católicos, — sobretudo dois santos. Quanto ao quadrado das distâncias pode ser visto, por analogia, ao combate de cada um a seus próprios defeitos. Quanto mais se combate o defeito mais temos tendência à unidade entre os bons; o que separa é exatamente o erro, os defeitos, o pecado.

Dos santos passemos ao amor dos Anjos entre si. Defeitos eles já não têm, não há “distância” entre eles. No casal perfeito, na Sagrada Família toda essa atração operada na Caridade se passa de modo pinacular. Vai se realizar, entre os homens, na glória celeste, segundo São Paulo, onde só permanecerá a Caridade. A Fé e a Esperança terão cessado com a bem aventurança.

Os defeitos, não corrigidos aqui na Terra, serão purificados no Purgatório: não haverá, portanto, mais “distância” entre os homens. No Céu, só permanece a Caridade.

A perfeição é a Trindade Santíssima.

São Boaventura, o doutor franciscano que tanto desenvolveu o pulchrum reze por todos nós, aumente em nós a caridade (amor de Deus) e nos ajude a vencer nossos defeitos, causa de todas as desavenças, da desunião.

Nossa Senhora, que prometeu seu Reino em Fátima, nos guie para essa forma de perfeição a que nos convida a Quarta Via.

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Machado Costa

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