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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (II)


Continuação do Post anterior: comentários do Prof. Plinio sobre a Medalha Milagrosa e Santa Catarina Labouré.

“A visão da Medalha Milagrosa repetiu-se outra ocasião, talvez dezembro de 1830, durante a Missa. A vidente assim relata esta segunda aparição: ‘vi a Santíssima Virgem junto do tabernáculo, por detrás. Ela estava vestida de branco, tendo sob os pés uma esfera branca. Ela era tão bela que me seria impossível exprimirlhe a beleza arrebatadora. As mãos, elevadas à altura do estômago, de maneira muito natural, em atitude de oferecimento a Deus, seguravam uma esfera de ouro que representava o globo, encimado com uma pequena cruz de ouro’.”

Na aparição anterior ela fala da esfera, mas não fala da pequena cruz.

“De repente os dedos se apresentaram ornados de anéis e de pedras preciosas, com um brilho muito grande. Os raios que delas saíam jorravam de todos os lados, o que enchia toda a parte de baixo, de maneira que não se via mais os pés da Santíssima Virgem. Os anéis eram em número de três em cada dedo. O maior, perto da mão, um de grandeza média ao meio e o menor na extremidade. Cada anel era revestido de pedras, mais belas umas que as outras, de um tamanho proporcionado, umas maiores, outras menores. As pedras maiores davam raios mais grossos e os menores, raios menores.

“Dizer-vos o que entendi no momento em que a Santíssima Virgem oferecia o globo a Nosso Senhor, é impossível transmitir”.

Também, que coisa linda! Nossa Senhora oferecendo o globo terrestre ao Divino Filho dEla, como medianeira que Ela é de todas as graças.

Será uma alusão ao Reino de Maria? Talvez. Uma coisa é certa: que Ela proclamada Rainha do mundo, no sentido evidentemente espiritual, que é o principal sentido das palavras, Ela certamente oferecerá o reino ao Divino Filho dEla. Esse oferecimento se compreenderia, portanto, a cem por cento.

O fato do mundo aparecer encimado pela cruz dá a impressão de que a cruz venceu o mundo e que por isso nela reina Nossa Senhora.

“Como eu estivesse ocupada em contemplar a Santíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo de meu coração, que me disse: ‘esses raios são símbolos das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que lhas pedem. Essas linhas devem ser postas como legenda embaixo da imagem da Santíssima Virgem’.

“A vidente notou que de algumas pedras não saíam raios. Uma voz me disse: ‘essas pedras das quais nada sai são as graças que os homens se esquecem de Me pedir’.”

Isso é um extraordinário estímulo à oração! No dia do Juízo nós não quereríamos ver nenhuma graça que tivéssemos por pedir que não tivesse sido pedida, e que não refulgisse dos anéis de Nossa Senhora. É um programa que nós devemos tomar. Nós somos chamados a rezar por nós, a rezarmos uns pelos outros, a rezarmos por todos os católicos, especialmente pela Sagrada Hierarquia, a rezarmos pela causa católica como um todo e a rezarmos pelos que não são católicos, para que se convertam.

Tudo isso devemos pedir a Nossa Senhora. E essas orações, de algum modo ou de outro, em uma medida ou noutra, são atendidas, porque a oração é sempre atendida, embora não saibamos. Que remorso para nós saber que alguns raios não saíram dessas pedras, porque nós deveríamos ter pedido e não pedimos!?

Que alegria, por outro lado, quando chegar o dia do Juízo e que nós soubermos que este, aquele, aquele outro que estão lá, e que existiram depois de nós, ou no nosso tempo que nós não conhecemos, se salvaram por causa de orações que fizemos. Jorraram raios daqueles anéis e converteram aquele, aquela. Uma verdadeira beleza!

“Na esfera branca, sobre a qual estavam apoiados os pés da Santíssima Virgem, havia também uma serpente esverdeada, com manchas amarelas.”

Esta serpente estava esmagada por Nossa Senhora. O que fala mais ainda a favor da ideia de que se trata do Reino de Maria. A serpente derrotada é, naturalmente, a atitude da Imaculada Conceição. Mas é também Nossa Senhora que esmagou o demônio e que está reinando sobre o mundo. Os srs. vem quantos ensinamentos e quanto enlevo de alma causam essas revelações!

“Seria impossível analisar aqui adequadamente o conteúdo riquíssimo dessa mensagem. Em suma, Nossa Senhora promete a todas as pessoas que usarem a Medalha Milagrosa, grandes graças; e insiste que as graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança. Realmente foram tão grandes e tão abundantes as graças concedidas à humanidade através dessa medalha que ela mereceu o nome de Milagrosa.

“Seriam necessárias páginas e páginas para relatar todo esse itinerário maravilhoso, o qual, entretanto, não deixou de ter os clássicos percalços iniciais. O confessor, a quem a virgem relata as aparições, mostrou-se cético. Recusa-se mesmo a receber a noviça, que insiste. Chega a tratá-la de imaginativa e até de alucinada.

“No entanto, Nossa Senhora aparece novamente, revelando pela terceira vez à vidente a Medalha Milagrosa. Pouco se sabe e nem sequer se sabe ao certo dessa quarta aparição, que teria ocorrido no mês de março ou de maio de 1831.

“Sabe-se apenas que nesta aparição, ou na anterior, Nossa Senhora avisou maternalmente à vidente: ‘Minha filha, de ora em diante não me vereis mais, mas ouvireis a Minha voz em vossas orações’. E a Mãe de Deus se queixa de negligência em mandar fabricar a medalha pedida.”

Essa negligência não era de Santa Catarina Labouré, mas naturalmente era das pessoas que deveriam ter fabricado a medalha. Porque ela era uma simples religiosa em noviciado, e não tinha nenhum meio pessoal próprio para providenciar por si mesma a cunhagem dessas medalhas.

“A vidente multiplica, pois, as suas instâncias junto ao confessor: ‘Nossa Senhora quer, Nossa Senhora está descontente. É preciso atender a vontade de Nossa Senhora e mandar cunhar as medalhas’. O tom veraz da vidente acaba por mover o ceticismo do padre Aladel. Este observa que ela vivendo no meio de 150 pessoas não deixa escapar a menor indiscrição.

“Ela não procura aparecer, nem se mostrar diante dos outros.”

Falava, portanto, a favor dela esse caráter discreto.

“Uma circunstância feliz abre caminho para a realização dos desígnios de Nossa Senhora. Em janeiro de 1832, o superior da Congregação das Missões, Padre Estevão, tem que tratar um assunto no arcebispado e leva consigo o Padre Aladel. Este aproveita a ocasião para expor ao Arcebispo os prodígios ocorridos na Rue du Bac. O Arcebispo, Mons. de Quélen escuta e se interessa. Ele não vê nenhum inconveniente em que a medalha seja cunhada, pois tudo nela é conforme à fé da Igreja e à piedade corrente dos fiéis.

“Ademais, a medalha, de si, não empenhava a autoridade eclesiástica quanto ao reconhecimento das aparições. O arcebispo não via, pois, na medalha, senão um novo modo de honrar a Mãe de Deus e encorajava o irresoluto Padre Aladel a levar adiante o empreendimento. Mons. de Quélen quer, ele próprio, receber as primeiras medalhas que se fizerem.”

É um grande encorajamento!

“O Padre Aladel muda, assim, de atitude e começa por divulgar as aparições no âmbito das duas famílias religiosas de São Vicente de Paulo, sem, entretanto, revelar o nome da predileta de Nossa Senhora.”

Era só ele que sabia. Os srs. se lembram, nós vimos na última reunião que o próprio arcebispo perguntou a ele qual era a irmã que tinha recebido as revelações. Ele se recusou a dizer.

“Ao que parece, apenas uma freira soube penetrar o seu segredo; foi a Irmã Séjole(?), a primeira professora de Catarina, em Châtillons-sur-Seine. Chegando a Paris para seu retiro anual, a Irmã Séjole soube dos grandes acontecimentos que se haviam desenrolado na Rue du Bac, face a uma jovem noviça de 1830. Em 1830? diz ela, uma jovem irmã do seminário? Minhas irmãs, nesse caso não pode ser outra senão nossa Irmã Catarina Labouré. Estejam certas de que essa jovem está destinada a receber os maiores favores de Deus.”

Ela tinha conhecido Santa Catarina Labouré quando era mocinha, trabalhando ainda em Châtillons-sur-Seine, naquele pensionato etc. E ela discerniu os albores da grande santidade que haveria de aparecer em Santa Catarina. Daí o fato de ela ter percebido quem era.

“Mesmo antes disso, a Irmã Séjole nunca ia a Paris sem passar pelo asilo d’Enghien, para onde a Irmã Catarina fora transferida, a fim de rever sua antiga aluna. Desta feita ela a procura com alegria toda especial. Elas se saúdam com um sorriso afável, elas se entreolham e se compreendem; a irmã Séjole tem vontade de se ajoelhar diante daqueles olhos límpidos que contemplaram a Santíssima Virgem.

“Mas o segredo deve ser respeitado. Os olhos espessos das demais freiras jamais penetrarão esse mistério.”

A Irmã Séjole sabia ver, não é?…

“Em maio de 1832, o Padre Aladel se decide por fim a encomendar na Maison Hachette, de Paris, vinte mil medalhas.”

Os senhores vem que leva dois anos de indecisão, apesar da aprovação do Arcebispo. Quer dizer, as dificuldades que as coisas sobrenaturais encontram não nos devem espantar; elas são assim.

“No dia 30 de junho de 32 ficam prontas duas mil medalhas, das quais algumas serão remetidas ao Papa Gregório XVI, que coloca uma delas ao pé de seu crucifixo e distribui as outras com particular empenho às pessoas que o visitam. Outras vão para Mons. de Quélen que logo obterá uma graça extraordinária com elas.”

É um encorajamento espantoso que o próprio Papa ponha essa medalha aos pés de seu crucifixo e que a distribua às pessoas que o visitam, uma devoção ainda não conhecida! Isto não se explica sem uma graça especial movendo aquilo que os homens estão tanto retendo.

“No dia da distribuição às freiras do Asilo d’Enghien, Irmã Catarina a recebe modestamente como sempre, mas com palavras de grande devoção a Nossa Senhora.”

O comentário dela foi só este:

“Agora é preciso propagar esta medalha.”

Quer dizer, faz-se fila e todas as irmãs vão receber a medalha; chega a vez dela e ninguém está desconfiando que foi a ela; ela recebe a medalha como as outras e tem este comentário comum: vamos agora tratar de propagar esta medalha. Ela era aquela que tinha recebido a revelação. Os srs. vejam como é bonito isto!

“A medalha ia fazendo assim o seu caminho. Curas extraordinárias, verdadeiramente miraculosas se produzem tanto do corpo quanto da alma. Mons. de Quélen, o Arcebispo, ardoroso propagador da medalha, soube da morte iminente de Mons. Pradt, ex-capelão de Napoleão Bonaparte, ex-arcebispo de Malines, cargo para o qual fora nomeado por vontade do Imperador, sem o assentimento de Roma.”

Quer dizer, uma aberração! Porque nenhuma designação é válida se não é feita pelo Papa. O Papa é que nomeia, o imperador podia propor ao Papa um nome ou uma lista de nomes; mas a nomeação para o cargo só pode vir do Papa. Monsenhor Pradt era um revolucionário de primeira força, um homem de má vida, ele tinha aceito essa diocese que o Papa não lhe tinha confiado, portanto nem tinha recebido.

Depois saiu da diocese e vivia em Paris uma vida de ócio. Era um escândalo em Paris.

“Ele estava, pois, em rebelião contra a Santa Sé. Mons. de Quélen procura o moribundo com a medalha. O Arcebispo de Paris é aceito pelo prelado rebelde, que aceita uma conversa banal, mas recusa violentamente tratar do assunto essencial.”

Quer dizer, da confissão e do perdão que ele devia pedir ao Papa antes de morrer.

“Repelido, Mons. de Quélen se retira, rezando a jaculatória: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós. Mal o Arcebispo tinha acabado de chegar à rua, o criado do doente corre atrás, pedindo desculpas por parte de seu patrão e rogando-lhe que voltasse. Tocado pela graça, Mons. Prates se retrata de seus erros, reconcilia-se com Deus e a Igreja, e morre na noite seguinte com sentimentos de sincera penitência.”

É um milagre espetacular! de um impenitente, um pecador público!

“Este e outros fatos corriam o mundo, justificando o nome de Milagrosa dado à medalha. De 1832 a 1836, a casa Hachette de Paris havia vendido dois milhões e duzentas mil medalhas em ouro, prata e cobre.”

Os srs. vejam a difusão que teve isto! Os srs. se lembrem que o mundo, naquele tempo, era muito menos povoado, de um lado; de outro lado, que o comércio era muito mais lento, o transporte das mercadorias muito mais difícil, mais escasso, por causa das comunicações que eram incomparavelmente mais lentas e menos seguras do que hoje. Os srs. podem calcular por aí o que representava a cunhagem de dois milhões e duzentas mil medalhas.

“Onze outros fabricantes em Paris venderam juntos, outro tanto. Em Lyon foram fabricadas seis milhões de medalhas. Assim, no total, mais de dez milhões de medalhas, só na França, em quatro anos. Ela já se espalhara então por vários países da Europa.”

O que quer dizer que não tinha chegado ainda ao Império do Brasil. O Brasil era império, naquele tempo. Estava se difundindo pela Europa à espera de que chegasse ao Brasil. Talvez uma ou outra tivesse chegado, mas ainda não era o uso corrente.

“Apenas é possível acenar aqui, muito de passagem, para os múltiplos e grandiosos efeitos da difusão da medalha. As Pias Uniões das Filhas de Maria, também pedidas por Nossa Senhora numa das aparições a Santa Catarina Labouré, espalharam-se por todo o mundo, preservando incontáveis gerações de moças dos efeitos deletérios da revolução de costumes.” 

Como dói dizer isso hoje! Os srs. sabem que essas Filhas de Maria foram tão numerosas em São Paulo que, na São Paulo relativamente pequena de 1942, 1943, no Congresso Eucarístico [foto acima], fizeram uma procissão eucarística monumental. E as Filhas de Maria constituíam naturalmente um dos grupos de associações que desfilam. Elas constituíam, só por si, uma coluna ininterrupta que ia desde o Largo de São Geraldo, no bairro das Perdizes, onde há a matriz, até a praça do Correio. E não uma a uma, mas uma fila talvez de dez filhas de Maria, mais ou menos, na pequena São Paulo daquele tempo.

Os srs. imaginem o que seria hoje! Eu me lembro bem do Manual das Filhas de Maria, as regras que punha para a moralidade: obrigação de nunca andar de vestido sem manga; obrigação de usar a saia até não sei que distância abaixo do joelho; proibida de ir a baile, proibida de ir à festa, nem se falava em proibição de fumar, porque parecia uma tal enormidade uma mulher fumar, que nem se cogitava disso. Seria quase tão aberrante quanto proibir de usar tóxico. Não passava pela cabeça, em se tratando de Filhas de Maria. Elas eram por toda parte modelos de piedade, modelos de dedicação, modelos de atividade, de desinteresse e trabalhavam muito sem ganhar nada; modelos de piedade a Nossa Senhora.

Tudo isso onde foi? Quantas Filhas de Maria teria a grande São Paulo hoje, se esse movimento não tivesse minguado, como minguou o das Congregações Marianas?… a ponto de que eu nem sei em que igrejas há hoje em São Paulo Pias Uniões de Filhas de Maria. O próprio título soa tão velho! “Pia União de Filhas de Maria”…

Tomem o ambiente de uma igreja dessas modernas, construída de modo arrevesado e onde se joga a Sagrada Hóstia dentro da boca dos comungantes, ou nas mãos dos que comungam, nessa atmosfera, o que é uma “Pia União de Filhas de Maria”?…

Eu me lembro quando era congregado em Santa Cecília, havia missa das Filhas de Maria antes da nossa. A igreja ficava literalmente cheia de Filhas de Maria. Acabou-se… Era a influência modelar dessa sociedade cuja fundação Nossa Senhora pediu.

Agora, os srs. vejam o disparate: Nossa Senhora aponta um mal: a corrupção dos costumes e a descristianização. Ela pede, entre outras, uma providência: fundem-se as Pias Uniões das Filhas de Maria. Esta providência, em alguma medida, contém esse mal: as moças que entram para essa associação se manifestam preservadas ou resgatadas em relação a esse mal. Suprime-se isso por que? Com que consciência, com que direito se pode combater a existência de uma associação assim desejada expressamente por Nossa Senhora?! É preciso, pelo contrário, favorecer de todos os modos! Não pode passar pela cabeça de uma pessoa que tenha fé, fazer o contrário do que Nossa Senhora quer. Entretanto, é o que está feito! É um verdadeiro espavento!

“Não é possível falar das aparições da Rue du Bac, da Medalha Milagrosa, sem uma menção, ainda que rápida, ao profundo movimento de renovação religiosa que a Providência desencadeou a partir da devoção a Nossa Senhora das Vitórias, tendo como protagonista o pároco dessa célebre igreja de Paris, Padre Desgenettes, de piedosa memória. De tal maneira se considerava ligado espiritualmente às aparições da Rue du Bac, que vendo as Irmãs de Caridade afluírem à sua paróquia, tornada centro de atração religiosa, ele sempre dizia: ‘o que fazeis aqui, minhas irmãs? Vós abandonais a fonte para vos abastecer do regato?’” 

Ele era o vigário e dizia às irmãs: por que não vão à outra igreja que está na minha paróquia? Mas era tal o movimento que transbordava para a paróquia dele. Era uma bonita atitude desse padre.

“O Padre Aladel entretanto considerava que franquear a capela da Rue du Bac ao público, como decorria das palavras de Nossa Senhora, ia transformar a vida da comunidade.”

Os senhores vejam que quando entra o fator humano, o que é…! Agora está a explicação. O Padre Aladel não queria que se fosse à igreja das aparições porque ia perturbar a comunidade. Nossa Senhora pediu que fossem lá. Então, iam visitar o vigário de outra paróquia que era a igreja mais próxima. E o vigário que era um homem muito piedoso, dizia: por que vindes aqui? Ide ao rio e não fiqueis com o regato. Era um modo delicado e espirituoso dele de tentar abrir a porta da Rue du Bac para o público. Parece que demorou.

“Em 1854, Pio IX promulgou o dogma da Imaculada Conceição. Na preparação das almas para este histórico acontecimento, a Medalha Milagrosa com sua inscrição “Ó Maria concebida sem pecado, etc.” desempenhara papel relevante para preparar para a definição do dogma.

“Em 1858, Nossa Senhora apareceu a Bernardette Soubirous e declarou ‘Eu sou a Imaculada Conceição’. A Irmã Catarina Labouré fica vivamente impressionada.”

Quer dizer, Santa Catarina Labouré soube da aparição a Santa Bernardette.

“Ninguém fala de Lourdes com tanto calor como ela. Ela compreendia que era o último eco de uma cadeia que tivera início na Rue du Bac, em 1830.”

Meus caros, que são aqueles dias e que são os dias de hoje! Nossa Senhora que aparece em 1830, Nossa Senhora que aparece em 1858, o dogma da Imaculada Conceição que se define em 1858; Santa Catarina Labouré ainda estava viva quando Nossa Senhora aparece a Santa Bernardette Soubirous e se forma como que um arcoíris místico entre a Rue du Bac e Lourdes. A Igreja é governada, em 1858, por esse varão de Deus, um dos grandes Papas da história, que é o Papa Pio IX, cujo processo de canonização está intentado.

Nós temos até entre nossas relíquias, como presente dado ao professor (Fernando Furquim de Almeida), pelo Postulador da causa da beatificação de Pio IX, nós temos um pedaço do caixão dele. Porque para se fazer a beatificação examina-se, entre outras coisas, o cadáver. Nessa ocasião, o caixão de Pio IX foi aberto e algumas partes do caixão que se desfizeram foram distribuídas entre os presentes como relíquia. Nós temos entre nós porque o professor deu essa relíquia.

Um santo governa a Igreja, um santo promulga o dogma da Imaculada Conceição, duas santas a quem Nossa Senhora apareceu estão vivas, e a primeira sabe da segunda, como a segunda, com certeza, soube das aparições da Rue du Bac. Santa Catarina Labouré, se não fosse a santa que foi, poderia ficar enciumada sabendo que Nossa Senhora apareceu a Santa Bernardette.

Mas os santos estão longe de torpezas desse gênero! É o contrário! Precisamente o contrário, ela ficou alegre, regozijou-se com as revelações. Que mundo! que diferença! Esse Papa reinaria até 1870, e no meio das trovoadas e dos relâmpagos, num dos braços da igreja de São Pedro, diante do Concílio Vaticano I reunido, ele define o dogma da infalibilidade papal! Que esplendor! Que senso da autoridade, que magnificência da Revelação! Pouco depois morreu. Isso era o mundo em 1870, há cento e dez anos atrás.

Eu li há cerca de um ano atrás, as memórias autobiográficas de Santo Antônio Maria Claret, que é contemporâneo desses fatos e que foi um dos padres do Concílio Vaticano I. Como houve alguns bispos que fizeram uma oposição ostensiva a Pio IX por ocasião do Concílio Vaticano I, eu li, e tenho isso marcado em casa, esta reflexão de Santo Antônio Maria Claret: “Nunca pensei que houvesse bispos capazes de tratar assim o Vigário de Jesus Cristo!” E a conclusão impressionante: “A Europa está perdida. Se eu fosse padre moço, eu iria trabalhar na América”.

E é assim, com os olhos postos nessa perspectiva, mas sobretudo com a mente posta nas promessas de Nossa Senhora, nas promessas de Fátima, nas ameaças de Fátima, é que eu encerro a reunião de hoje.

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_801112_medalha_milagrosa_rcr.htm#.YaGdSdDMJEZ

Nota: Para ler e/ou ouvir a exposição anterior, clicar aqui.

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Plinio Corrêa de Oliveira

Plinio Corrêa de Oliveira

551 artigos

Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

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